3.97 AVERAGE


Jerusalem is a feast of ashes. It is a wet repast. The cracking sounds stones make when thrown into the night. Jerusalem is a noir: a Double Indemnity staged in a psychotic ward. This is a cess pit for dreams. Abandoned visions soak into one another. Much like nightmares, the setting is uncertain, somehow fluid. The witnesses bear the barks: the limps, the bags under the eyes, the feeble cries. What could possibly eclipse the spread sheet of Atrocity? Only the howls, agonies and hunger of the disavowed rise to the Savior's ear.

I appreciate the structure of the novel, the feigns and asides which propel the bizarre cast forward, always forward, toting baggage and damage like no one's business. The shifts in perspective sustain the tension. Somehow that isn't the point. It doesn't mater who dies or who pulled the trigue.

Jerusalem was a well appreciated holiday gift, a disturbing excursion for a winter's day

Fast read. Interesting changes in perspective.
mysterious reflective slow-paced
Plot or Character Driven: A mix
Strong character development: Complicated
Loveable characters: No
Flaws of characters a main focus: Yes

4,5*

I'm not sure if I did like this book. I guess I did because I couldn't stop reading it and I wanted more and more as the pages went by. I didn't fully understand it, but I think that was the point: to make you think and make you try to get to the point. The characters are very complex and they have captivated me from the start. I definitely recommend this book.

"تعتبر ميليا، أن البيض، بكل أنواعه، شيء مزعج للغاية. إنه سريع التغيير، أسوأ ما فيه، أن وجوده قائم بالأساس على أنه سيصبح شيئاً آخراً. البيض، كل البيض، به نوع من إنكار الذات المادي الممسوس، لم تجد ميليا له مثيلاً في أي شيء آخر في العالم. خلق البيض لأنه يريد الاختفاء. ليتجسد في شيء آخر. هذا الإيثار المادي في الأساس إيثار أخلاقي وبالعثور على هذا الإيثار المادي، ما من شيء آخر بدا يستحق الاسم".

"ما يمكن أن يخسره شيء غير الوجود؟".

"أفضل طريقة لاستيعاب طريقة تفكير الناس هي إجبارهم على اتباع روتين محدد: حين تستطيع توقع فعل أحد، ستكون بدايتك للسيطرة عليه".

"الشخص الصحيح حقا يقضي أغلب حياته محاولاً كطفل العثور على ما يفتقده لأنه يعيش في حالة من الفقد الدائم، ولكن هذا الإحساس لطالما كان يقترن خطئاً بالإحساس بالسرقة. أي ما يشعر به الإنسان حينما يُسرق منه شيء هام، وكأنه فبد جزءًا من روحه. قد يكون الجزء المسروق هذا روحانيا. لذا فالرجل الصحيح الطامع في أن يصل إلى الكمال يخرج باحثاً عن اللصوص وما ضاع منه على الرغم من عدم علمه بما سُرق منه".

"وقت الحرب، خبز يومك يتراجع للمقعد الخلفي. ألا تموت هو الأهم".

"الخطر يجعل الناس أسرع، أكثر تأهيلاً، يدفعهم نحو الفعل أخيراً: أبطال، بناة. يلهمنا الخطر أن نشيد أبنية قوية بيوت رفعت بأمان لتبدو مزيفة، حمقاء، تجهل الخوف، ذلك المحفز العظيم الذي يعرينا، الذي يكشف حقيقة... الحجر والبشر".

"إن كان هناك أمر أكثر إرعاباً من العلم بأن ذلك المطارد قد يلحق بك في أي وقت، فسيكون ذلك الأمر هو أنه لن يستطيع اللحاق بك، وذلك يعني أنه سيظل في إثرك إلى الأبد".

"تاريخ الرعب مازال في مهده، وفي القرون المقبلة سنصبح ضحايا لمجازر أخرى. سنشهد موت مليارات البشر، وهذا الأمر من دون شك يلوح في الأفق".

"Jerusalém" (2004), de Gonçalo M. Tavares, situa-se num espaço de ação restrito, delimitado por um círculo de personagens que se organizam numa estrutura detetivesca, baseada na formula de mistério (que oferece informação a conta-gotas, para nos agarrar pela ânsia por respostas a quem?, quando?, como? e porquê?), e fá-lo imensamente bem, já que se sente dificuldade em pousar o livro depois de o começar. A particularidade da obra decorre do modo como sobre esta narração tipo é injectado um conjunto de conceitos complexos — o mal, a racionalidade, a loucura e a religião — que nunca chegam propriamente a ser detalhados. O autor opta por trabalhar as ideias de modo simbólico por forma a alargar o seu significado, mas também para poder fugir ao registo de ensaio e manter-se na circunscrição do romance.

Assim, temos um livro com capacidade para chegar a um público alargado, já que a leitura é facilitada pela enorme capacidade de retenção da nossa atenção, embora muito desse público chegue ao final sem saber muito bem o que fazer com todas as respostas que entretanto o autor lhes parece oferecer. Primeiro porque as respostas são-no apenas no que à trama diz respeito, já o simbólico é deixado completamente em aberto, criando um conflito no leitor, entre o recorte perfeito da trama e a indefinição do seu significado. Para quem ouse ler nesse simbolismo, encontrará as suas próprias respostas aos problemas enunciados, e é isso que o autor espera, quem não o ousar ficará à porta do livro.

Como em todo o artefacto simbólico, as leituras que se fazem do significado da obra dependem mais da experiência e mundo do leitor do que daquilo que o autor coloca no artefacto. As pistas espalhadas ao longo das 250 páginas levantam em nós associações de ideias, fazem-nos trabalhar para a compreensão do que estamos a ler. Cada personagem é uma peça do puzzle de Tavares, mas este nunca a coloca no seu lugar, cria-as e fá-las dançar na nossa frente, instiga-nos a colocá-las no tabuleiro por nós imaginado. Todas as peças estão interligadas, o que nos diz que fazem todas parte de um mesmo quadro, mas aquilo que as liga são meras ações de causa-efeito, o que importa é o que cada um representa nesse quadro — o médico visionário e o médico carrasco, a mulher louca e o amante louco, o filho que não é filho e o assassino. Todos são meros humanos, dotados de imperfeição, comportando significado, ainda que simbólico, sobre o modo como o mal acontece, de onde surge e como se sustenta.

“Eis a fórmula: falta algo ao homem normal, ao homem saudável, e ele — como qualquer criança – procura encontrar o que lhe falta, principalmente porque esta sensação confunde-se com a sensação de roubo: alguém ou algo me levou uma parte — parte, continuemos a chamar-lhe assim, espiritual — então o homem normal, o homem saudável, vai à procura do ladrão e do objecto roubado, mas neste caso ele não percebe aquilo que lhe foi roubado, não conhece a forma e o conteúdo da substância que agora faz falta. Descobrir o que fora roubado a nível espiritual, era, para Theodor, um objectivo indispensável. O homem saudável quer encontrar Deus, diz Theodor Busbeck de modo mais directo." in "Jerusalém", Gonçalo M. Tavares

No final, percebemos que é uma obra talhada em busca da perfeição, que tudo está como está, da primeira à última página, com um objetivo concreto. Nada é dito ao acaso, tudo é perfeitamente racionalizado, ainda que tudo pareça nascido da loucura (repare-se no discurso exacerbado pela repetição), e só esta dicotomia granjearia nota máxima. Mas na verdade o artefacto falha em elevar-se acima da aparência de perfeição, pela falta de robustez nos conceitos que defende, já que não são suficientemente aprofundados. Fica tudo demasiado à superfície, com as leituras a surgir completamente divergentes. É um livro de 250 páginas, mas com mais espaços em branco do que de texto, de modo que na verdade não chega a passar das 100 páginas. Os livros não se medem em número de palavras, mas os temas também não são todos iguais, e tratar assuntos desta complexidade em tão breves resenhas de ideias, serve apenas no abrir de portas. Como o livro faz parte uma série — "O Reino", composto de 4 livros incluindo este — é provável que a leitura da série completa dê acesso a algo que só este livro não consegue dar. Vi entretanto que os 4 livros que compõem a série "O Reino" — "Um Homem Klaus Klump", "A máquina de Joseph Walser", "Jerusalém", "Aprender a rezar na Era da Técnica" — foram editados, em 2017, num único livro (800 pp.), o que deverá fazer pleno sentido.


Publicado no VI:
https://virtual-illusion.blogspot.com/2019/03/romance-ou-ensaio.html
challenging dark medium-paced
Plot or Character Driven: Character
Strong character development: Complicated
Loveable characters: Yes
Diverse cast of characters: Yes
Flaws of characters a main focus: Yes
challenging mysterious reflective sad medium-paced
Plot or Character Driven: Character
Strong character development: Complicated
Loveable characters: No
Diverse cast of characters: No
Flaws of characters a main focus: Yes

I enjoyed this. Very dark. I wasn’t expecting it to circle back in the way it did but it totally worked as a narrative structure. Lots of other interesting ways he plays with narrative techniques- revealing and misleading and hiding certain things and revealing others. Will look out for his other works.