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i think the best part of this book is the language; though it can be a bit tedious at first, in the end is what makes the scenarios come to life. it's not for everyone, i admit it's difficult getting past how incredibly pretentious everyone in the book is, including Reneé, but it's a wonderful read for people who enjoy seeing how language changes an otherwise plain, boring plot.
Sentimentos mistos. Chegamos ao endereço: 7 Rue de Grenelle.
Conhecemos Renée, a zeladora viúva e erudita, apaixonada pela cultura oriental, que cultiva seus interesses em segredo, com medo de quebrar a expectativa social rígida sobre o que deve ou não deve fazer alguém de sua classe. Também conhecemos Paloma, uma adolescente superdotada que vive o sofrimento de não encontrar seu lugar no mundo, moradora do mesmo prédio. Gostei da proposta dos Diários do Movimento do Mundo e dos Pensamentos Profundos criados por ela.
Porque o que é bonito é o que captamos enquanto passa. É a configuração efêmera das coisas no momento em que vemos ao mesmo tempo a beleza e a morte.
Ai, ai, ai, pensei, será que isso quer dizer que é assim que temos de viver a vida? Sempre em equilíbrio entre a beleza e a morte, o movimento e seu desaparecimento?
Estar vivo talvez seja isto: espreitar os instantes que morrem.
Confesso que foi difícil me conectar com ambas, talvez por esse ar pretensioso e esnobe que carregam. O sentimento constante de não pertencimento me incomodou um pouco. Mas, aos poucos, o ritmo foi fazendo mais sentido... No último terço da história, comecei a gostar um pouco mais do livro. Talvez porque as personagens começam, finalmente, a gostar de si mesmas. E a gostar da vida. Quase abandonei a leitura, mas algo me fez persistir. Acho que foi a curiosidade pelo destino das personagens. Entender o título do livro...
É um livro com algumas frases bonitas e reflexões filosóficas interessantes sobre a beleza, a arte, a natureza, a eternidade das pequenas coisas, a literatura.
Há tanta humanidade nessa capacidade de amar as árvores, tanta nostalgia dos nossos primeiros deslumbramentos, tanta força em se sentir tão insignificante no seio da natureza... sim, é isso: a evocação das árvores, de sua majestade indiferente e do amor que lhes damos nos ensina como somos irrisórios, feios parasitas fervilhando na superfície da Terra, e ao mesmo tempo nos torna dignos de viver, porque somos capazes de reconhecer uma beleza que não nos deve nada.
Mas, pessoalmente, acho que prefiro o estilo do Kundera — mais ousado e profundo. Aqui, senti uma tentativa confusa de escrita mais conservadora, que se mistura ao estilo de diário-ensaio de um jeito que não fluiu 100% pra mim. Apesar disso, a estrutura permite uma grande proximidade com as personagens — e dá pra sentir os espinhos e confusões de cada uma. Talvez tenha sido esse o objetivo?
Inclusive, estou convencida de que a autora leu A hora da estrela, da Clarice Lispector. Entendedoras entenderão!
Encontrei esse livro enquanto procurava por literatura contemporânea francófona — parece que é um dos mais recomendados (?) — e dei a sorte de achá-lo no Sebo Porão do Livro
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Mas, quando olhamos para uma natureza-morta, quando nos deliciamos, sem tê-la perseguido, com essa beleza que leva consigo a figuração magnificada e imóvel das coisas, gozamos daquilo que não tivemos de cobiçar, contemplamos o que não tivemos de querer, afagamos o que não tivemos de desejar. Então, a natureza-morta, por figurar uma beleza que fala ao nosso desejo mas nasce do desejo de outro, por convir ao nosso prazer sem entrar em nenhum de nossos planos, por se dar a nós sem o esforço com que a desejaríamos, encarna a quintessência da Arte, essa certeza do intemporal. Na cena muda, sem vida nem movimento, encarna-se um tempo isento de projetos, uma perfeição arrancada de uma duração e de sua exausta avidez — um prazer sem desejo, uma existência sem duração, uma beleza sem vontade.
Pois a Arte é a emoção sem o desejo.