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This was a heavy, but necessary, read. I appreciate how well Wendy Pearlman set the stage for the direct quotes from those she interviewed. This made me realize that, while I knew the general history of Syria, there was a lot more to the story. It's heartbreaking to get even the slightest glimpse into the pain and suffering people have gone through in the fight for freedom. I hands down recommend reading this.
This book saddened me, angered me and sickened me. It brought the reality of what’s happened (and is happening) in Syria up close. It left me very unsettled as it should. These voices are loud and clear and we must listen.
Heavy book but great read. It really gives you perspective on things we take for granted living in the US and understanding the struggles, hardships and difficulties that the Syrians are facing. Hearing the various stories broke my heart because it can be easy to feel sympathetic from the outside without actually knowing what's going on, but when you put a personal voice to those who lost loved ones, who witnessed horrific scenes and eventually had to flee for their own safety, it makes a world of a difference. I definitely recommend this book to anyone looking to expand their horizon.
a heartbreakingly honest look at those who have survived through civil war, fled their homeland, and working hard for a better life than the one they left behind. a great read.
A collection of harrowing true stories about Syria. Beautifully spoken through the people of Syria, from the very beginning up until now. Some of the words are so stunning yet heartbreaking. 100% would recommend if you'd like to know more about Syria.
I tried John. I did.
I love your vlogs, but we have very different taste in books...
I love your vlogs, but we have very different taste in books...
This is a book everyone needs to read. It is a collection of interviews of people from different parts of Syria. Some are still living there while others have left. The stories start during Hafez Al-Assad's rule which was from the 70s to 2000 and go through the revolution and current war under his son, Bahar Al-Assad's regime.
The stories are heartbreaking and relatable. I didn't see a lot of the regime supporting side of the story, but there were people whose parents were regime supporters. Still, death and fear are on all sides.
There is some profanity, the author did not censor the book (in fact, she even explained somethings in footnotes that were referenced that we may not naturally know). There is not a lot of sexual content, other than references to rapes that were happening. There is a lot of violence, considering the subject matter is about the war that makes sense, but there isn't a lot of detail about it. I would just caution walking through the book and taking breaks when needed.
I, myself, took some breaks because the stories were so heavy. But they really helped me see and understand what is going on in Syria, especially from the perspective of someone like me. Highly recommend this book.
The stories are heartbreaking and relatable. I didn't see a lot of the regime supporting side of the story, but there were people whose parents were regime supporters. Still, death and fear are on all sides.
There is some profanity, the author did not censor the book (in fact, she even explained somethings in footnotes that were referenced that we may not naturally know). There is not a lot of sexual content, other than references to rapes that were happening. There is a lot of violence, considering the subject matter is about the war that makes sense, but there isn't a lot of detail about it. I would just caution walking through the book and taking breaks when needed.
I, myself, took some breaks because the stories were so heavy. But they really helped me see and understand what is going on in Syria, especially from the perspective of someone like me. Highly recommend this book.
Há bastante tempo que desejava ler algo sobre a guerra civil na Síria. Ao longo da última década vimos refugiados chegarem à Europa, alguns deles por meios de grande perigosidade — atravessando o Mediterrâneo em barcas de madeira —, daí a curiosidade natural de saber como se chega a este estado — o de colocar em perigo a vida dos próprios filhos. Passados 10 anos sobre a guerra, a escolha de obras é grande, desde trabalhos académicos de fundo que explicam o conflito desde a génese do próprio país, a romances históricos a puxar à lágrima, existe de tudo um pouco. A obra de Wendy Pearlman, “We Crossed a Bridge and It Trembled: Voices from Syria” (2017), surgiu-me em várias listas na rede, tendo folheado várias, senti que era por aqui que queria aproximar-me do conflito. Contudo, se estranhei a falta de traduções, está apenas editada em inglês e turco, mais ainda me incomodou quando acabei de ler, dado o relevo da experiência sentida em toda a sua leitura. Pearlman criou uma obra intemporal, que não fala apenas da Síria, mas do ser humano, da sua fragilidade e relação com o território, por meio da experiência direta de quem viveu naquele lugar, em cada um dos momentos relatados. Nesse sentido, é uma obra obrigatória para quem quer perceber melhor o que aconteceu na Síria, mas também para quem desejar entrar um pouco mais adentro nas complexidades da relação entre a vivência e violência humanas e a construção civilizacional.
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A versão em audiolivro é ainda mais intensa, dado o bom trabalho de dramatização da vozes
O livro de Pearlman segue um modelo hoje conhecido como o modelo de Svetlana Alexievich, por ter recebido o nobel em 2015, que assenta na construção de obras escritas a partir de relatos e testemunhos diretos de pessoas, as chamadas “vozes”. Pearlman é uma professora americana, com mais de 20 anos de trabalho em política do Médio Oriente, especialmente os seus movimentos sociais, refugiados e migrações. Este livro poderia ser fruto de um projeto de investigação, a recolha de testemunhos para análise posterior qualitativa da situação das pessoas que fugiram do país. Mas Pearlman optou por construir um livro para o grande público, seguindo a ideia das vozes, e assim a partir de centenas de relatos que conseguiu obter a partir de pessoas espalhadas pelo globo, construiu uma teia evolutiva dos factos da guerra. Cada capítulo representa um momento histórico da guerra, tendo nós como referência essencial os estados emocionais e visões da realidade oferecidas pelas pessoas entrevistadas. O modo como Pearlman desenhou a progressão do contar dos eventos ajuda numa primeira parte a compreender alguns porquês, depois progride para a discussão cada vez mais detalhada do campo de batalha no país, iniciando depois num crescendo o contar das fugas. Deste modo, Pearlman consegue produzir em nós um impacto emocional que vai aumentando com os relatos, cada vez mais brutais e desesperados, e nos obrigam a repensar não apenas o que se passou, e ainda passa, na Síria, mas no mundo em que vivemos.
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Fotografias retiradas do The Guardian
Julgo que aquilo a que acedemos por meio destas “vozes” não seria possível aceder de mais forma nenhuma. Mesmo no jogo de 2017, "Bury my Love", em que somos colocados na pele de um refugiado sírio que tenta chegar à Europa, e que gera forte empatia, não se consegue chegar nem perto da emocionalidade destas vozes. Já o tinha sentido com Svetlana, mas aqui voltou a repetir-se a ideia de que o sentir da experiência interior é algo que pode apenas ser relatado na primeira-pessoa, tudo o resto é já mera interpretação, acesso em segunda-mão. Não quero dizer com isto que temos maior acesso à verdade, por aí julgo que temos até um acesso menor, já que inevitavelmente o relatos estão condicionados pela visão pessoal e subjetiva de cada voz. Mas em termos da experiência efetiva, da vivência sentida, estes relatos são insubstituíveis. E se aqui nos dão acesso ao mais desumano que podemos imaginar, incluindo mesmo aquilo que conhecemos hoje sobre os campos de concentração da Segunda Grande Guerra, a forma como tudo se estrutura e constrói produz em nós uma experiência quase-direta, ganhando enorme intensidade, tornando o objeto de relato, pela sua acuidade, belo. Estas pessoas dão-nos a ver o pior daquilo que somos capazes, e por meio delas e do trabalho de Pearlman, conseguimos ir além na compreensão do ser-humano e da nossa presença neste planeta.
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Rapaz sírio num campo de refugiados, na Grécia, mostrando os seus desenhos. À esquerda, escreveu "Europa, a terra da paz e do amor", e à direita, "Síria, a terra dos monstros".
Enquanto lia, acabei pensando muito na geografia da Síria, comparando a mesma com Portugal, pensando nas fronteiras da Síria — Israel, Líbano, Iraque, Turquia e Jordânia — e na pouca paz que conheceu aquele território ao longo dos últimos milénios. Ao contrário, Portugal tem apenas fronteira com Espanha, do lado do oceano, é tudo tão distante e de difícil acesso, que pouca interação por ali surge. Deste modo, não será por mero acaso toda a paz que conhecemos por aqui ao longo dos últimos mil anos.
Publicado no VI:
https://virtual-illusion.blogspot.com/2021/06/vozes-da-siria.html
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A versão em audiolivro é ainda mais intensa, dado o bom trabalho de dramatização da vozes
O livro de Pearlman segue um modelo hoje conhecido como o modelo de Svetlana Alexievich, por ter recebido o nobel em 2015, que assenta na construção de obras escritas a partir de relatos e testemunhos diretos de pessoas, as chamadas “vozes”. Pearlman é uma professora americana, com mais de 20 anos de trabalho em política do Médio Oriente, especialmente os seus movimentos sociais, refugiados e migrações. Este livro poderia ser fruto de um projeto de investigação, a recolha de testemunhos para análise posterior qualitativa da situação das pessoas que fugiram do país. Mas Pearlman optou por construir um livro para o grande público, seguindo a ideia das vozes, e assim a partir de centenas de relatos que conseguiu obter a partir de pessoas espalhadas pelo globo, construiu uma teia evolutiva dos factos da guerra. Cada capítulo representa um momento histórico da guerra, tendo nós como referência essencial os estados emocionais e visões da realidade oferecidas pelas pessoas entrevistadas. O modo como Pearlman desenhou a progressão do contar dos eventos ajuda numa primeira parte a compreender alguns porquês, depois progride para a discussão cada vez mais detalhada do campo de batalha no país, iniciando depois num crescendo o contar das fugas. Deste modo, Pearlman consegue produzir em nós um impacto emocional que vai aumentando com os relatos, cada vez mais brutais e desesperados, e nos obrigam a repensar não apenas o que se passou, e ainda passa, na Síria, mas no mundo em que vivemos.
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Fotografias retiradas do The Guardian
Julgo que aquilo a que acedemos por meio destas “vozes” não seria possível aceder de mais forma nenhuma. Mesmo no jogo de 2017, "Bury my Love", em que somos colocados na pele de um refugiado sírio que tenta chegar à Europa, e que gera forte empatia, não se consegue chegar nem perto da emocionalidade destas vozes. Já o tinha sentido com Svetlana, mas aqui voltou a repetir-se a ideia de que o sentir da experiência interior é algo que pode apenas ser relatado na primeira-pessoa, tudo o resto é já mera interpretação, acesso em segunda-mão. Não quero dizer com isto que temos maior acesso à verdade, por aí julgo que temos até um acesso menor, já que inevitavelmente o relatos estão condicionados pela visão pessoal e subjetiva de cada voz. Mas em termos da experiência efetiva, da vivência sentida, estes relatos são insubstituíveis. E se aqui nos dão acesso ao mais desumano que podemos imaginar, incluindo mesmo aquilo que conhecemos hoje sobre os campos de concentração da Segunda Grande Guerra, a forma como tudo se estrutura e constrói produz em nós uma experiência quase-direta, ganhando enorme intensidade, tornando o objeto de relato, pela sua acuidade, belo. Estas pessoas dão-nos a ver o pior daquilo que somos capazes, e por meio delas e do trabalho de Pearlman, conseguimos ir além na compreensão do ser-humano e da nossa presença neste planeta.
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Rapaz sírio num campo de refugiados, na Grécia, mostrando os seus desenhos. À esquerda, escreveu "Europa, a terra da paz e do amor", e à direita, "Síria, a terra dos monstros".
Enquanto lia, acabei pensando muito na geografia da Síria, comparando a mesma com Portugal, pensando nas fronteiras da Síria — Israel, Líbano, Iraque, Turquia e Jordânia — e na pouca paz que conheceu aquele território ao longo dos últimos milénios. Ao contrário, Portugal tem apenas fronteira com Espanha, do lado do oceano, é tudo tão distante e de difícil acesso, que pouca interação por ali surge. Deste modo, não será por mero acaso toda a paz que conhecemos por aqui ao longo dos últimos mil anos.
Publicado no VI:
https://virtual-illusion.blogspot.com/2021/06/vozes-da-siria.html