pickashelf's review against another edition

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informative slow-paced

3.75

oonapatrick's review against another edition

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4.0

http://www.postroadmag.com/25/recommends/patrick.phtml

sofiareilima's review against another edition

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reflective slow-paced

4.0

acmarinho3's review against another edition

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3.0

Tinha outra expectativa relativamente a este livro. Sei que quem mo deu também tinha uma ideia diferente. Contava com cartas feministas, não tanto com cartas românticas ou com conteúdo sexual. Foram poucas as cartas com conteúdo que me chamasse à atenção. Há muita ânsia de querer mais e melhor, mesmo assim, não foi suficiente para que esta compilação de cartas me conquistasse.

xana99's review against another edition

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challenging dark informative reflective slow-paced

4.0

ineschaica's review against another edition

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5.0

Demorei dois anos a ler este livro porque a leitura não é fácil - há passagens que tive muita dificuldade em entender e que se não fossem as notas explicativas não ia mesmo perceber. Mas é uma leitura maravilhosa e ainda bem que a completei. Este livro tem 50 anos e desde então muito mudou, mas mantém a sua actualidade. Passaram 50 anos e continuamos sós. Mas este livro é um abraço.

rafhr's review against another edition

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5.0

As 5 estrelas são mais emocionais do que objectivas.

Não há dúvida nenhuma de que esta obra literária é notável, a nível internacional, mas no panorama português em particular. Um projecto arriscado de três mulheres que desafiou todas as regras num Portugal pré-25 de Abril. Só por esse facto mereceu as 5 estrelas.

Mas também pela história em si que é contada. A paixão de Mariana Alcoforado por um general francês é revista pelas três autoras que exploram como ninguém a visão da mulher do amor, do erotismo e da sua condição político-social.

De forma objectiva, teria dado 4 estrelas, pois algumas partes do livro são confusas e difíceis de ler. Destaco, principalmente, os poemas que raramente conseguia perceber, bem como alguma da prosa mais elaborada e lírica (?). Não é uma leitura leve nem fácil.

Os textos mais directos e crus foram os que me conquistaram e deram o mote para querer descobrir a obra de cada uma das Marias.

Por fim, queria destacar que li a edição mais recente das NCP, que tem umas excelentes notas de final de capítulo, sem as quais não teria conseguido aproveitar a grandeza desta obra no seu todo.

diadorim's review against another edition

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4.0

Une œuvre qui mérite sa réputation de pierre angulaire du féminisme des années 70. Au delà de la légende de sa publication, du procès de ses trois auteurs et du soutien international qu'il suscita, c'est un travail fascinant qui mélange habilement les styles - épistolaire, fiction, essais, poésie - pour dénoncer la condition féminine et les nombreux obstacles à l'émancipation des femmes. Souvent difficile d'accès de part sa structure et son ton il en reste néanmoins très percutant et exemplarise le rôle de la littérature, surtout quand elle pousse l'expérimentation dans sa forme, comme forme de résistance.

katya_m's review against another edition

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[Série As três Marias #2]

De Mariana tirámos o mote, de nós mesmas o motivo, o mosto, a métrica dos dias. Assim inventamos já de Mariana o gesto, a carta, o aborto; a mãe que as três tivemos ou nunca e lha damos. A acusamos, recusando-nos a ilibá-la por fraqueza, cobardia, fazendo dela uma pedra a fim de a atirarmos aos outros e a nós próprias. Nos acusamos, sabendo no entanto do peso de rocha, de planta, da nossa força. Do poder com que «saltamos juntas» - o dizes - e do alimento que sempre de alguém tiramos para com ele nos vestirmos e envergadas de mundo lhe sabermos melhor o gosto e as fraudes com que sempre impediram à mulher o acesso a tudo.

Apesar de ter batido certinho com o mês de abril, a leitura de Novas Cartas Portuguesas não foi pensada como leitura temática - até porque não aprecio e não faço leituras temáticas. Aconteceu, (algo) espontaneamente depois de terminar, e deixar marinar, a leitura de Cartas Portuguesas, de Mariana Alcoforado. Que as NCP assumem o nome de Mariana como autora e arquétipo feminino português, por isso não vamos debater a autoria do livro e apenas apreciar como das Cartas nascem as Novas Cartas, nas quais Mariana(s), Maria(s), Isabel(éis), Fátima(s) figuram como coletivo de vozes que, mais do que servir de personagens, alimentam e sintetizam diferentes/idênticos tipos, representações e realidades da condição da mulher em Portugal (não há cá no Portugal de '70 porque não há mulher neste país que não continue, de uma ou de outra forma, condicionada pela estrutura patriarcal).
É assim que, em NCP, Mariana se inventa e reinventa, despida, de várias maneiras, das condicionantes culturais e sociais que acompanham a história da Mulher, acabando por se posicionar relativamente à obra arquétipo (Cartas Portuguesas) de forma absolutamente revolucionária e aversa aos modelos convencionais:

De súbito se despe Mariana para mãos que a firam, a provoquem, a desvariem na sua própria descoberta. Não sei se sonsa como afirma nas cartas, se esperta na lástima ostentada, assim se desculpando, se ilibando, apossando-se, todavia, do cavaleiro, servindo-se dele como alimento da sua paixão, sustento da sua liberdade.
Que com paixão se desclausura a freira.
Não sendo o cavaleiro mais do que pretexto, motivação. Homem que pensou montar e foi montado.
Encontrará o amor outra maneira senão esta: aquele que utiliza ou é utilizado. Aquele que devora ou é devorado; se finge devorado e por sua vez devora?


Subvertendo texto e normas, a(s) Mariana(s) de NCP faz(em)-se sujeito e objeto de sua(s) própria(as) paixão/ões...

Grande comércio foi pois o nosso, Senhor, que o que tudo e todos de nós era aguardado em nós se trocou — Vós vos deixastes ser tido e visitado e eu, com artes de frieza de ânimo e quentes sentidos mais não f iz que possuir-vos e ter-vos à mercê, como é uso os homens fazerem com as mulheres.

... oblitera(m) a existência amorosa e sofredora destinada às mulheres...

Que desgraça o se nascer mulher! Frágeis, inaptas por obrigação, por casta, obedientes por lei a seus donos, senhores sôfregos até de nossos males...

...e se oferece(m) sem pejo, em plena expressão de libertação, como símbolo maior de um discurso liberto da censura do homem:

Quando o burguês se revolta contra o rei, ou quando o colono se revolta contra o império, é apenas um chefe ou um governo que eles atacam, tudo o resto fica intacto, os seus negócios, as suas propriedades, as suas famílias, os seus lugares entre amigos e conhecidos, os seus prazeres. Se a mulher se revolta contra o homem nada fica intacto; para a mulher, o chefe, a política, o negócio, a propriedade, o lugar, o prazer (bem viciado), só existem através do homem. O guerreiro tem o seu repouso; por enquanto nada há onde a mulher possa firmar-se e compensar-se das suas lutas. Chegará o dia? Até lá fica sem sentido a vida de mulheres como eu.

Porém, NCP é também um mapa no qual confluem os caminhos de outras repressões, um mundo de referências (às quais o aparato crítico procura dar resposta - apesar de os seus responsáveis começarem a dar sinais de cansaço no último terço das anotações). E essas referências vão da hipócrita "oferta" de liberdade...

Dos críticos de televisão, quanto à mostra de fêmeas humanas, nem um protesto. É mesmo um progresso, diz um: a beleza deixou de ser pecado, e a fealdade virtude, presta-se homenagem pública à beleza feminina. A mulher compra máquinas de lavar e pode ir ao concurso de beleza mostrar o rabo e as pernas. Em que mudou a situação da mulher? De objecto produtor, de filhos e de trabalho dito doméstico, isto é, não remunerado, passou também a objecto consumidor e de consumo; era dantes como uma propriedade rural, para ser fecunda, e agora está comercializada, para ser distribuída.

...à coragem da oposição política; da denúncia da estrutura familiar como construção opressiva, à guerra colonial como pano de fundo para violências que ultrapassam a dimensão do físico:

[...] desde já peço desculpa pelo incómodo
que estou a dar e pelo meu atrevimento,
mas sinto-me tão só que gostava de encontrar uma pessoa que me escrevesse duas linhas para me ajudar a esquecer esta maldita vida que é triste e negra até meter medo digo-o sem vergonha. Menina Maria o destino desta carta é pois pedir um favor à menina se a menina queria ser minha madrinha de guerra. [...]
A verdade menina Maria é este medo que
a gente apanha quando para cá vem e não nos larga mais sempre a gastar o peito da gente.
A coragem é pouca e fácil para quem está longe e não ouve os tiros à roda do corpo à porf ia de matar a vida de um homem.

... da fragilidade do emigrante, à violência medieva exercida sobre as mulheres social, histórica, sexual e emocionalmente:

E morreu, por fazer um aborto com um pé de salsa, morreu de septicemia, a mulher-a-dias que limpava o escritório onde trabalho, e soube depois, pela sua colega, que era o seu vigésimo terceiro aborto. E contou-me, há anos, uma amiga minha, médica, que no banco do hospital eram tratadas com desprezo as mulheres que entravam com os seus úteros furados, rotos, escangalhados por tentativas de abortos caseiros, com agulhas de tricot, paus, talos de couves tudo o que de penetrante e contundente estivesse à mão, e que lhes eram feitas raspagens do útero a frio, sem anestesia, e com gosto sádico, para elas «aprenderem». Aprenderem o quê, com um raio?! Aprenderem que sobre elas cai, mascarada de fatalidade do destino, a contradição que a sociedade criou entre a fecundidade-exigida-do ventre da mulher e o lugar-negado-para as crianças? Depois que foram bifurcados, irremediavelmente, o destino do homem e da mulher - mas quando, mas quando? - sobre a mulher veio cair, além de todas as angústias vivenciais e de todas as repressões sociais que são comuns ao homem e à mulher, sobre a mulher veio cair a angústia do seu destino biológico, feito drama seu e não mais experiência dramática da espécie, e veio cair a repressão de que esse seu destino biológico feito drama individual é instrumento.

NCP é um caleidoscópio de excelso valor literário no qual confluem três pares de mãos, três pares de olhos, três corações que oferecem o seu trabalho em irmandade a um coletivo que se espera que o digira, absorva e exsude num mesmo princípio de vulgocracia...

Hão-de de susto dizer-nos até lésbicas, porque sobre este corpo (seis seios da novela também rindo) não se podem pousar mãos a oferecer ou pedir prendas. Frágil e fraco é o sexo do homem se divide sua mãe de si mesma. Amai-nos umas às outras como nós nos amamos órfãs do mesmo bem - quem nos consinta paz e a aventura, a água lisa e o amor industrioso, pão e laranja limpos e a feijoca de fráguas, porque «na terra que Deus criou, nós somos todas iguais, e isto nos dá a coragem de fazer assim uma aventura!»

...num mesmo espírito de sororidade...

Estamos alegres, mas de forma alguma. Também ainda não sabemos o que inventar; como abandonar essa definição pelos limites, como inventar amor que reconheça todos os abismos. De cada uma sim, estamos certas. Cada uma sabe a medida do seu uso e da sua defesa, e aí nos entendemos.
[...]
Não sei quem excluímos, quem matámos. Mas o salto começou, com o cheiro a mosto, o falar de pedra e o raspar de vidro. Fizemos a ara, a taça, o vinho, olhamo-nos de soslaio e perguntamos «quem imolamos, quem vencemos, quem usamos?». Mas já matámos, já excluímos; sugámos-lhe o sangue, o jogo e as armas.
[...]
Há os que morrem por boas intenções, e os que morrem por necessidade. Foi dita a gravidade desta empresa, luta de vida, o que em nosso tempo e nosso sítio não é tido por legítimo, nem por defesa.


...e de rebelião:

a revolta da mulher é a que leva à convulsão em todos os extractos sociais; nada fica de pé, nem relações de classe, nem de grupo, nem individuais, toda a repressão terá de ser desenraizada, e a primeira repressão, aquela em que veio assentar toda a história do género humano, criando o modelo e os mitos das outras repressões, é a do homem contra a mulher. Nenhum equilíbrio anterior nos será possível, portanto, a partir daí, nem sequer o de manipularmos nossos filhos. Tudo terá de ser novo, e todos temos medo. E o problema da mulher, no meio disto, não é o de perder ou ganhar, é o da sua identidade.

Um exagero (estético, físico, metafórico, criativo...) em si mesmo, como toda a reação verdadeiramente revolucionária, NCP é um livro que gira sob o seu centro ab-repticiamente, incitando, contestando, apelando à ação concertada e germana, lembrando que nenhuma mulher está sozinha no seu passado ou no seu futuro, e que a resposta menos vaga e mais concreta para a opressão continua a ser a união.

E em boa verdade vos digo: que continuamos sós mas menos desamparadas.

inis's review against another edition

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emotional reflective fast-paced

4.75