Take a photo of a barcode or cover
A Jangada de Pedra acompanha 5 personagens que, individualmente, acreditam que insignificantes ações, como riscar o chão com um pau ou atirar uma pedra a um rio, fizeram a península ibérica rachar pelos Pirinéus e afastar-se da Europa, iniciando uma intrigante deriva pelo oceano atlântico, inicialmente rumo aos Açores.
O despejado, superficial apoio dos restantes habitantes da Europa que se manifestaram, nas diferentes línguas, dizendo que também eles eram Ibéricos. A típica atitude interesseira dos Estados Unidos da América perante o estado atual do mundo e o possível ganho que podem obter das diferentes posições onde acreditam que a península vai parar, bem como a sua impertinência. A falta de apoio dos governadores dos diferentes países da Europa, a característica sensação ibérica de pequeneza perante os países do norte, que nos pensam incapazes. A intromissão da China e Rússia, que acompanhavam o caso de bem perto. O povo que não acredita sem se colocar no local do acontecimento - o mesmo povo que mais sofre com as fatalidades que se aproximam e as suas consequências próximas, como ficar sem alojamento seguro. As barreiras morais e éticas lentamente a serem destruídas pelas circunstâncias atuais, pela possível aproximação da morte e catástrofe, pelo medo, por amor ou paixão carnal.
No geral adorei a escrita desta história e a maneira como Saramago expôs o problema - a maneira como literalmente Portugal e Espanha se afastaram do resto da Europa, estando já naturalmente distantes e isolados.
"A lua não vai alta, mas já tem o aspeto com que mais estimamos olhá-la, um disco luminoso inspirador de versos fáceis e sentimentos facílimos, peneira de seda que vai espoando uma alva farinha sobre a paisagem rendida. Dizemos então, Que lindo luar, e fazemos por esquecer o arrepio de medo que sentimos quando o astro aparece enorme, vermelho, ameaçador, sobre a curva da terra. Após tantos e tantos milénios, a lua nascente continua ainda hoje a surgir como uma ameaça, um sinal de fim, o que nos vale é durar a ansiedade poucos minutos, subiu o astro, tornou-se pequeno e branco, podemos respirar descansados. E os animais também se afligem, ainda há pouco, quando a lua nasceu, o cão ficou a olhar para ela, teso, hirto, teria talvez uivado se não lhe faltassem as cordas vocais, mas todo ele se ouriçava como se uma mão gelada lhe corresse o dorso ao contrário do pêlo. São momentos em que o mundo sai dos eixos, percebemos que nada está seguro, e se pudéssemos dar voz plena ao que sentimos diríamos, com expressiva ausência de retórica, Foi por um triz."
O despejado, superficial apoio dos restantes habitantes da Europa que se manifestaram, nas diferentes línguas, dizendo que também eles eram Ibéricos. A típica atitude interesseira dos Estados Unidos da América perante o estado atual do mundo e o possível ganho que podem obter das diferentes posições onde acreditam que a península vai parar, bem como a sua impertinência. A falta de apoio dos governadores dos diferentes países da Europa, a característica sensação ibérica de pequeneza perante os países do norte, que nos pensam incapazes. A intromissão da China e Rússia, que acompanhavam o caso de bem perto. O povo que não acredita sem se colocar no local do acontecimento - o mesmo povo que mais sofre com as fatalidades que se aproximam e as suas consequências próximas, como ficar sem alojamento seguro. As barreiras morais e éticas lentamente a serem destruídas pelas circunstâncias atuais, pela possível aproximação da morte e catástrofe, pelo medo, por amor ou paixão carnal.
No geral adorei a escrita desta história e a maneira como Saramago expôs o problema - a maneira como literalmente Portugal e Espanha se afastaram do resto da Europa, estando já naturalmente distantes e isolados.
"A lua não vai alta, mas já tem o aspeto com que mais estimamos olhá-la, um disco luminoso inspirador de versos fáceis e sentimentos facílimos, peneira de seda que vai espoando uma alva farinha sobre a paisagem rendida. Dizemos então, Que lindo luar, e fazemos por esquecer o arrepio de medo que sentimos quando o astro aparece enorme, vermelho, ameaçador, sobre a curva da terra. Após tantos e tantos milénios, a lua nascente continua ainda hoje a surgir como uma ameaça, um sinal de fim, o que nos vale é durar a ansiedade poucos minutos, subiu o astro, tornou-se pequeno e branco, podemos respirar descansados. E os animais também se afligem, ainda há pouco, quando a lua nasceu, o cão ficou a olhar para ela, teso, hirto, teria talvez uivado se não lhe faltassem as cordas vocais, mas todo ele se ouriçava como se uma mão gelada lhe corresse o dorso ao contrário do pêlo. São momentos em que o mundo sai dos eixos, percebemos que nada está seguro, e se pudéssemos dar voz plena ao que sentimos diríamos, com expressiva ausência de retórica, Foi por um triz."
reflective
slow-paced
Tuli mieleeni tätä lukiessa, että Saramagon tekstin lukeminen oli kuin kiehtovan, yksityiskohtia täynnä olevan taulun katselemista - tarinan juoni oli aika pelkistetty, mutta polveilevat lauseet olivat loputtoman täynnä kaikenlaista mielenkiintoista. Vaikka juoni oli pelkistetty, oli se toki todella mielikuvituksellinen. Luin kirjan maapalloa kohtaavaa katastrofia - Pyreneiden niemimaan irtoamista - peilaten sitä ajankohtaiseen koronakriisiin ja löysin ihmisten käyttäytymisestä jotain hyvin samankaltaisia piirteitä! Sokeus on ehdottomasti suosikkini lukemistani Saramagon kirjoista, ihan samaan tämä ei yltänyt.
The same year that Portugal and Spain join the European Union, José Saramago imagines the physical and geographical detachment of the Iberian Peninsula from the old continent. It might sound like a pamphlet denouncing Europe's new stranglehold on the sovereignty and integrity of these two nations with a flourishing history. But the story tends more towards the farce, and this is not surprising when we know the taste for the Portuguese novelist's joke.
This fact describes the wanderings of five individuals and a dog on the peninsula adrift between Europe and the Americas. Nothing seems to link these characters except their sexual nature, male and female, and their vague common experience of singular telluric signs. They will try to agree on the few resources at their disposal. But they will also unite in a sort of immediate emergency.
We don't believe in this geological accident story, but that's not what matters. Saramago succeeds in transmitting his love of words to us, and we feel his pleasure in telling us about a collective adventure that makes us grow through his deep respect for human nature.
This fact describes the wanderings of five individuals and a dog on the peninsula adrift between Europe and the Americas. Nothing seems to link these characters except their sexual nature, male and female, and their vague common experience of singular telluric signs. They will try to agree on the few resources at their disposal. But they will also unite in a sort of immediate emergency.
We don't believe in this geological accident story, but that's not what matters. Saramago succeeds in transmitting his love of words to us, and we feel his pleasure in telling us about a collective adventure that makes us grow through his deep respect for human nature.
adventurous
challenging
emotional
hopeful
inspiring
reflective
medium-paced
Plot or Character Driven:
Character
Strong character development:
Yes
Loveable characters:
Yes
Diverse cast of characters:
Yes
Flaws of characters a main focus:
Complicated
Foi o segundo livro que li de Saramago. Embora a narrativa não tenha comparação àquela d'“As Intermitências da Morte” (em bom rigor, poucas terão), a qualidade e a estética do autor são qualquer coisa de soberba, singular, manifestamente presentes aqui em cada frase. As páginas lêem-se sozinhas, numa delicada cronometria que passa despercebida por mim, que ora me sinto leitor de um maravilhoso livro, ora protagonista de uma cativante estória, ora espectador de uma vida que não posso nunca tocar. Recomendo, evidentemente, que invistam uns dias na leitura deste livro. Saramago, o verdadeiro Saramago, aquele que nunca foi Homem, vive em cada página.
Seria tudo mais fácil de entender se confessássemos, simplesmente, o nosso infinito medo, esse que nos leva a povoar o mundo de imagens à semelhança do que somos ou julgamos ser, salvo se tão obsessivo esforço é, pelo contrário, uma invenção da coragem, ou a mera teimosia de quem se recusa a não estar onde o vazio estiver, a não dar sentido ao que sentido não terá.
adventurous
challenging
funny
reflective
slow-paced
Plot or Character Driven:
A mix
reflective
tense
medium-paced
challenging
emotional
mysterious
slow-paced
Plot or Character Driven:
Character
Strong character development:
N/A