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Towards the African Revolution by Frantz Fanon

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breadandmushrooms's review against another edition

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challenging informative medium-paced

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hockeymonday's review

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All of it, timeless.

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Contexto: na década de 30 (século XIX), a França adentra-se em território argelino; dá-se uma intervenção militar que dura quase 30 anos. Em 1871, consolidou-se o domínio francês, tendo a Argélia sido anexada à França, iniciando-se uma colonização de facto. As terras argelinas foram apropriadas por países europeus, e os agricultores rurais expulsos das suas terras. O árabe deixa de ser a língua primária no ensino, para dar lugar a uma educação francófona.

Este livro compila alguns dos textos políticos publicados no período mais ativo da vida do autor (1952-1961). Podemos afirmar que estes textos acompanham uma linha de raciocínio par a par com uma linha de combate. Os dois primeiros capítulos captam a experiência médica em psiquiatria, em concomitância com o estudo da pessoa colonizada, já que Fanon escolheu fazer clínica na Argélia, o palco do colonialismo. Assiste, num primeiro momento, às consequências psíquicas dos pacientes, arrancados da sua humanidade - como restituir alguém à vida, se a identidade de um povo é destruída por um capricho ocidental? O Norte-Africano é, nesta altura, um homem doente, sem relações humanas; de um modo patológico, vive quebrado, sequestrado da comunhão com a coletividade.

A França forçou os portões e proclamou-se legítima, ocupando uma terra que disse ser sua. Mas a ocupação foi, aliás, extensa, tanto em território como em ocupantes. Nesta medida, Fanon alberga, em seu discurso, a luta de todos os colonizados, não só os antilhanos ou argelinos. Todavia, não deixa de haver um foco na Argélia, até pela sua militância na Frente de Libertação Nacional, o que origina numa vontade de estender a Revolução Argelina à de todo um continente: a Revolução Africana. Mas é importante não esquecer que as colónias justapostas (Porto Rico, Jamaica, Trindade, Barbados, Haiti e Antilhas), apesar de terem sido colonizadas por europeus, não sofrem de homogeneidade, visto que são culturalmente distintas, vítimas de processos heterogéneos de ocupação militar e económica.

Encontramos, nos capítulos seguintes, ensinamentos notáveis acerca de diversos povos colonizados, assim como as consequências do racismo, fruto da colonização. Destaco as seguintes: a destruição dos valores culturais, da linguagem, do vestuário, mormente o esvaziamento dos valores; seguem-se a necessidade de escravização do povo autóctone, a expropriação, o despojamento e o assassínio objetivo. Como o autor sublinha, a implantação do regime colonial significa uma “agonia continuada”, cujo objetivo último será a mumificação do pensamento individual. A pessoa colonizada torna-se num objeto, sem razão de ser, segundo o qual o exotismo é uma das formas desta simplificação. “A culpabilidade e a inferioridade são as consequências habituais desta dialética”. Fanon está certo: um país colonial é um país racista.

É no seguimento da leitura que caímos a pique na realidade argelina. O autor não viveu para presenciar a vitória da independência deste povo, mas entregou parte da sua breve vida à causa. Para este, a libertação do território nacional argelino seria uma derrota para o racismo e para a exploração continuada, em que a tortura é uma modalidade das relações ocupante-ocupado. A verdade é que libertação não viria, jamais, do povo colonialista (basta analisar o conluio com a ONU e outros tantos). Quem se posiciona em vantagem não quererá abdicar desse estatuto; logo, quando as nações europeias se precipitaram a condenar a ocupação francesa, foi na tentativa de ver uma França amputada das suas colónias, confinada ao plano da livre concorrência (não em defesa do povo colonizado).

E se o colonialismo é fundamentalmente indesculpável, o que se exigiu foi uma restituição das terras (e tudo o que isso acarreta), não uma qualquer ocupação do lado contrário. Ademais, Fanon, enquanto marxista, critica os partidos de esquerda europeus, uma vez que a maioria pediu cautela à FLN. Ora, é inegável que os 10 anos de guerra de libertação nacional argelina foram sangrentos, mas e o que dizer dos campos de concentração construídos pelos franceses, em que se confinou cerca de 30% da população argelina? É lamentável que o argumento da ação democrática supere a liberdade de um povo ocupado, este que serviu inúmeras vezes de arma de arremesso nas lutas armadas francesas com outras potências bélicas.
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