777 reviews for:

The Machine Stops

E.M. Forster

4.01 AVERAGE

dark informative reflective sad medium-paced
Plot or Character Driven: A mix
Strong character development: No
Loveable characters: No
Diverse cast of characters: No
Flaws of characters a main focus: Yes
reflective sad fast-paced
Plot or Character Driven: Character
Strong character development: Yes
Loveable characters: No
Diverse cast of characters: No
Flaws of characters a main focus: Yes

4.5 stars
dark mysterious medium-paced
challenging informative mysterious fast-paced
Plot or Character Driven: Plot
Strong character development: Yes
Loveable characters: Yes
Diverse cast of characters: No
Flaws of characters a main focus: Yes
inspiring fast-paced
Plot or Character Driven: Plot
Strong character development: No
Loveable characters: Complicated
Diverse cast of characters: Complicated
Flaws of characters a main focus: Yes
challenging reflective medium-paced
Plot or Character Driven: A mix
Strong character development: No
Loveable characters: No
Diverse cast of characters: No
Flaws of characters a main focus: Yes
adventurous challenging dark sad fast-paced
Plot or Character Driven: Plot
Strong character development: Complicated
Loveable characters: Complicated
Diverse cast of characters: Complicated
Flaws of characters a main focus: Complicated

Publicado em https://osrascunhos.com/2020/06/19/a-maquina-para-e-outros-contos-e-m-forster/

Este lançamento recente da Antígona é uma colectânea de contos que se pode dizer pertencer ao género da ficção especulativa. Abre com um genial conto distópico (e muito futurista) e vai pulando entre elementos fantásticos e de horror, com transformações, criaturas e sombras demoníacas.

O livro abre com o conto que lhe dá o título: A Máquina Pára. Um conto extremamente lúcido que apresenta uma realidade em que, depois de contaminar a terra, os seres humanos vivem sob solo, fechados em suas casas, sem contacto físico com outros seres humanos. Todas as suas necessidades são respondidas por uma máquina que obedece a comandos de voz. As viagens são escassas, a possibilidade de exploração é ridicularizada, e a máquina é adorada como um Deus.

Confinados voluntariamente aos seus quartos, afastando-se de qualquer contacto físico com outros humanos, e habituados a ter tudo fornecido à porta, estes humanos peculiares exercitam-se mentalmente comentando opiniões sobre tudo, e tecendo comentários à opinião sobre um relato de algo – a experiência indirecta levada ao extremo.

«-A mãe não é capaz de ver, nenhum de vocês, conferencistas, é capaz de ver que somos nós que estamos a morrer, e que aqui em baixo a única coisa verdadeiramente viva é a Máquina? Nós criámos a Máquina para que cumprisse a nossa vontade, mas agora não conseguimos que tal aconteça. Ela tirou-nos a noção de espaço e o sentido do tacto, obscureceu todas as relações humanas e reduzir o amor a um acto carnal, paralisou os nossos corpos e as nossas vontades, mas não segundo as nossas orientações. A Máquina desenvolve-se, mas não segundo as nossas orientações. A Máquina avança, mas não rumo aos nossos objectivos. Nós só existimos enquanto glóbulos sanguíneos que percorrem as suas artérias, e se ela pudesse funcionar sem nós, deixar-nos-ia morrer. Oh, eu não tenho alternativa… »

A Máquina Pára é um conto muito actual que tece excelentes comentários à sociedade actual, à possível evolução da humanidade e à forma como as sociedades e as relações podem evoluir. Não deixa de ser algo irónico o isolamento social descrito (no conto, voluntário) quando o comparamos com o isolamento a que nos vemos forçados. Mas mais extraordinário, é este conto ter sido escrito há mais de 100 anos.

A segunda história, O outro lado da sebe, pretende ser uma metáfora para a vida e para o caminho que se percorre. Mas não tem muito a ver com o meu estilo de leitura. Já a terceira, A História de um Pânico, é uma espécie de conto de horror, onde muito existe por dizer – num passeio pelos montes, o grupo entra em pânico e foge rapidamente. Já mais calmos apercebem-se que um rapaz ficou para trás. Retornam, mas o que encontram não é bem o que deixaram.

Nos contos seguintes encontramos destinos adiados, a cristalização da memória juvenil (confrontada com uma dura transformação), estranhos fenómenos que podem ser interpretados como possessão ou loucura, e transportes para terras divinas (ou para o Inferno, dependendo da interpretação). Existem, ainda, desaparecimentos ou transformações, bem como criaturas sobrenaturais.

De todos, a primeira história (que é também das mais longas) é a mais marcante. Não só por ser uma história de ficção científica (por oposição às restantes), mas por ser estranhamente actual apesar de ter sido escrita há mais de um século.

Para além desta história, o volume apresenta muitos contos com leves detalhes fantásticos, constituindo o seu enredo quase sempre uma narrativa de terror – subtil e dando a possibilidade de outras interpretações. Também o primeiro conto, A Máquina Pára, pode ser considerado de horror, se tomarmos em conta a angústia existencial que o rodeia.


Deeply unsettling for anyone who spends more than 5 minutes on any social media platform daily.

Forster got so much correct that it's astounding to think about it being written in 1909.

I want to go take a nice, cleansing walk in the woods, but it's extremely hot and humid today, so I guess I'll just sit here in my room, reading or listening to music, maybe attending a virtual lecture, until it's time to press the button for my bed. Sigh.