Loved The Serpent Queen and they always referenced this book in the credits.

Solid biography with just enough historical context. Weird fat shaming from time to time tho???

A solid biography, the first half was really enjoyable, but I felt the ending dragged. Very comprehensive and covers her life, her husband's life, her sons' life, which makes the pacing a little slow.

<i>Teria concordado com o inglês que observou a respeito de Catarina: «Possui demasiada inteligência para uma mulher e muito pouca honestidade para uma rainha.» Outro contemporâneo afirmou sobre ela: «Mente mesmo quando está a dizer a verdade.»</i>

Catarina de Médici sobrevive no imaginário ocidental como a infame orquestradora da matança de São Bartolomeu. Como todas as mulheres que conquistaram e souberam gerir o poder, ganhou epítetos que vão de Rainha Bruxa, a Rainha Negra, Madame La Serpente etc. Mas serão estes epítetos realmente fiéis ao caráter de Catarina?

Órfã desde tenra idade, Catarina de Médici foi desde logo, enquanto joguete político na mão dos familiares mais próximos, condenada a uma infância de segregação. Enviada para junto das emparedadas de Murane, foi educada no bafio religioso. Mera descendente de banqueiros acabou rainha de França. Esposa preterida pela amante de Henrique II, fez o que pôde por ressuscitar a pompa e circunstância da corte de Francisco I. Relegada para os bastidores durante o reinado do marido, Henrique II, foi já enquanto viúva que demostrou saber congregar o poder do estado na sua figura:

<i>Pela primeira vez, Catarina estava destinada a um papel que lhe pertencia exclusivamente. Tivera de partilhar o marido com Diana de Poitiers. Partilhara, em larga medida, o estatuto de rainha de França com Diana, fora mesmo obrigada a partilhar a educação dos filhos pequenos com a favorita. Contudo, a sua viuvez seria unicamente sua. Até ao fim dos seu dias, protegê-la-ia zelosamente. Dedicaria a sua vida à memória de Henrique e aos filhos, pois eles representavam o legado que ele deixara à França. Seria a guardiã da monarquia e do mito do marido, aprendendo a moldar a História de acordo com as suas necessidades. Depois de uma vida apagada atrás da máscara de uma discrição servil, a rainha-mãe, então com quarenta anos, envolta em trajes de viúva, dava cautelosamente os primeiros passos para se tornar senhora de França.</i>

Enquanto mãe do herdeiro, Catarina soube apresentar-se também como mãe da nação. <i>Num país que mudara de monarca duas vezes em dezassete meses, Catarina, a régia matriarca vestida de luto, tornara-se uma reconfortante figura familiar e conseguira mesmo representar a continuidade. Por fim, com a idade de quarenta e um anos, atingira o pináculo do poder natural e da proeminencia. Os perigos que a França enfrentava não haviam diminuído, mas agora ela podia finalmente tentar atacá-los à sua maneira.</i>

Na intimidade, embora conservando a máscara de guerreira, Catarina lá baixava a guarda. Entre os seus (leia-se Florentinos) procurava algum conforto, fazendo amizade para a vida:

<i>A rainha forjou uma das suas mais íntimas amizades femininas com Marie-Catherine Gondi, a esposa francesa de Antonio Gondi, um mercador florentino, que vivia exilado em França. (...)Madame Gondi era extraordinariamente pragmática e aconselhava Catarina sobre todos os assuntos, desde a gravidez e cuidados maternais a questões financeiras. Mais tarde, a rainha recompensou esta admirável mulher e a família dela, atribuindo-lhe responsabilidade pelas suas finanças pessoais e nomeando-a, entre outros cargos, administradora-geral dos seus projetos e obras de construção. Com efeito, Catarina escolheu Madame Gondi para sua tesoureira, uma posição altamente invulgar para uma mulher no século XVI. Mais importante ainda, a amizade entre ambas foi provavelmente uma das poucas que Catarina alguma vez cultivou. Para sobreviver às intrigas do reinado anterior e para manter uma réstia de dignidade como rainha, perante os inúmeros triunfos de Diana, Catarina tinha de assumir uma postura indiferente, distante e silenciosa. Marie-Catherine Gondi podia talvez contar-se entre as raríssimas pessoas que alguma vez ouviram a rainha revelar a sua verdadeira angústia.<i>

A fidelidade, marca de Catarina enquanto rainha, viúva e mãe (exceção feita à relação que mantinha com a única filha com quem praticamente não partilhava características, a princesa Margot) e a sobriedade que revela politicamente, contrastam com o seu caráter perdulário, o seu apetite por luxo e festa, e o olhar mundividente com que encara tudo aquilo que não seja politica:

<i>Catarina sempre fora uma colecionadora entusiástica, se bem que eclética. Possuía sete crocodilos embalsamados, suspensos do teto, no seu enorme cabinet de travail e minerais de todos os tipos estavam expostos por todo este salão. Os armários que cobriam as paredes estavam cheios de jogos: xadrez, bilhares em miniatura e outros brinquedos ajudavam a passar o tempo em dias de mau tempo. Belas coleções de porcelana, vidro veneziano e esmaltes emparelhavam com antigas e estimadas recordações, objetos de devoção, bonecas com trajes diferentes e bugigangas de valor sentimental . Nas estantes estavam os seus preferidos: obras dedicadas ao falecido marido, fólios contendo plantas de construção, genealogias dos seus antepassados maternos, os condes de Boulogne, e livros com conselhos sobre jogos. Eram todos favoritos que ela gostava de ter à mão. A biblioteca propriamente dita possuía uma espantosa coleção de 4500 obras, incluindo 776 manuscritos. Alguns destes eram antigos (incluindo alguns em papiro) e outros eram obras contemporâneas. Os seus tópicos eram tão diversos como as restantes coleções da rainha-mãe, mas os seus temas preferidos estavam mais abundantemente representados, incluindo história, obras clássicas, ocultismo, matemática, filosofia, direito e astronomia. Em Saint-Maur-des-Fossés, Catarina criou a sua outra biblioteca principal, que continha quase 4000 livros. Estas duas coleções juntas constituíram a base da Biblioteca Nacional dos dias de hoje.</i>

Hábil mulher de estado, Catarina consegue a regência para o filho mais velho,<i> reservando para si mesma a imagem trágica de uma mulher inconsolável, com filhos pequenos órfãos de pai, e figura maternal do reino</i>. Na realidade, mulher culta, mas fria e calculista, <i>Catarina nunca esquecia uma boa ação como nunca perdoava uma ofensa</i>. Tinha planos para a paz que unificasse uma França dividida pela religião - e, nesse sentido, foi sempre uma adepta da neutralidade, preferindo ceder pouco a pouco, ora a católicos, ora a protestantes. Ela própria profundamente pragmática, não consentia encarar a guerra civil como um ato de justiça, jogando cartas com ambas as fações. 

<i>Para ela, Deus Todo poderoso devia ser invocado como protetor e não como vingador. Nas questões religiosas, não era fanática, exceto quando os filhos e os seus direitos de progenitura estavam envolvidos. A missa católica convinha-lhe, um hábito de toda a vida de que retirava conforto, quase como se fosse outro talismã para afugentar o mal. Infelizmente, não conseguiu distintamente compreender que as questões escaldantes não passavam por insignificantes divergências doutrinais entre cristãos, mas por uma profunda rejeição pelos reformadores de duas verdades fundamentais sobre as quais a Igreja Católica assentava, a Eucaristia e a autoridade doutrinal do pontificado.</i>

Porém, as pressões da divisão religiosa estão em crescendo e Catarina lamenta: «Podeis imaginar com que angústia vejo o reino regressar aos conflitos e aflições de que me esforcei por libertá-lo.»
Por essa razão cede. <i>Catarina preparou-se então para tomar medidas drásticas para proteger o trono do filho e a paz do reino.</i>. Todavia, o ataque que devia ser cirúrgico foge-lhe das mãos e <i>[o]s tumultuosos acontecimentos de agosto de 1572 que se seguiram mancharam o seu nome durante mais de 430 anos, criando a lenda da Rainha Negra.</i>Antecipando os acontecimentos da revolução francesa, a noite de São Bartolomeu degenera numa orgia sangrenta levando consigo milhares de pessoas - sobretudo de classes privilegiadas - e marca o princípio do fim da dinastia Valois  por cuja sobrevivência Catarina tão fortemente se bateu (e ainda se baterá até à morte).

<i>«Sinto-me extremamente infeliz por viver o suficiente para ver tantas pessoas morrerem antes de mim, embora compreenda que devemos obedecer à vontade de Deus, que Ele é dono de tudo e que nos empresta, somente pelo tempo que deseja, os filhos que nos dá.»</i>

Já com o segundo filho entronado, Catarina é, para todos os efeitos, e pelos padrões da época, uma mulher de idade avançada. Estamos já no fim do século XVI (Catarina nascera em 1519), mas a rainha viúva conserva ainda traços da juventude:

<i>Era sem dúvida obesa, embora não bebesse álcool. A sua capacidade de consumir alimentos nutritivos em quantidades apreciáveis espantava toda a gente e, uma ou outra vez, quase morreu de indigestão e das perturbações que eles causavam no seu organismo. No entanto, continuava ágil e alerta como sempre. Continuou a montar até depois dos sessenta anos e adorava caçar - embora tivesse dado várias quedas graves ao longo dos anos - e ainda era uma exímia atiradora. Os seus interesses e passatempos mais femininos ainda eram evidentes. Bordava excelentemente(...).
Catarina permanecia aberta e curiosa em relação a novas ideias, invenções e inovações, com uma mente ávida e inquiridora.(...)Tal como introduzira em França o silhão muitos anos antes e popularizara  uso de veneno garfos, a sua influência permitiu o florescimento de muitas inovações. Outro uso que Catarina trouxe consigo de Florença e tornou popular foi o das ceroulas femininas.(...)Catarina introduziu também o leque de fechar, que trazia pendurado numa fita presa à cintura e podia ser elaboradamente decorado. Este fez furor em Inglaterra. Outra peça cuja promoção lhe é atribuída, muito querida dos cortesãos, é o lenço, considerado um acessório de moda essencial no Renascimento. </i>

Longe de "deitar a toalha ao chão", Catarina ainda intenta subir ao trono português. Após a morte sem sucessor do cardeal D. Henrique (1580) - que assumira o trono após o desaparecimento de Dom Sebastião em Alcácer Quibir dois anos antes -, Catarina reclama a sua descendência, em linha materna, de D. Afonso III e de sua mulher D. Matilde de Borgonha e, não fora a derrota dos seus homens frente ao cunhado Filipe II de Espanha, a nossa história seria hoje totalmente diferente (Catarina, aliás, tentara casar Margot com D. Sebastião, mas o rapaz, claro, não estava para aí virado).
Sobre a sua pretenção ao reino de Portugal, <i>Catarina escreveu: «Seria importante se isto acontecesse e eu tivesse a alegria de juntar este reino à França por mim própria e com base na minha pretensão (que não é pequena).</i>

No entrementes, a <i> guerra civil tornara-se um hábito mortal em França</i> e Catarina começava a acusar o cansaço de uma vida longa:

<i>As vidas breves, em que o século XVI foi fértil, possuem laivos de tragédia, mas as vidas longas também acarretam as suas próprias desilusões. Dos dez filhos que teve - as suas dádivas à França -, Catarina assistiu à morte de todos exceto um e à desgraça em que caiu a única filha sobrevivente. A sua coragem foi extraordinária, a sua sagacidade e astúcia lendárias. O seu otimismo e energia desafiaram as negras realidades que a rodeavam.</i>

Sem mão sobre o filho, agora rei Carlos IX, Catarina de Médici começava a aliviar a sua influência. Da outrora grande mulher de estado, restava agora, ironicamente, a faceta de ocultista que a acompanha até aos últimos dias:

<i>Não devemos escarnecer de todas as superstições de Catarina; muitos antes, ela recebera um aviso de um dos seus videntes para que tivesse cuidado com «Saint-Germain», que pressagiava uma ameaça mortal. Embora tendo construído o seu Hôtel de la Reine fora da paróquia de Saint-Germain-l'Auxerrois e não frequentasse muito o Castelo de Saint-Germain-en-Laye recebeu a extrema-unção do confessor do filho e não do seu padre habitual O nome deste homem era Julien de Saint-Germain.</i>

Embora nunca tendo reinado em nome pessoal, Catarina de Médici, Florentina de gema, descendente de uma classe de meros banqueiros foi capaz de suster a monarquia francesa em alguns dos seus momentos mais periclitantes. Regente, viúva, mãe, era uma figura temível para inimigos e admirável para amigos (não tinha muitos). Fruto da sua educação e das circunstâncias que a levaram a França, Catarina é uma rainha sem trono e sem pátria, mal compreendida pelos seus e mal amada por muitos, a quem Léonie Frieda faz devida justiça.

<i>Catarina apresentava uma poderosa combinação de fortes contradições: lutava pelos filhos, mas não era capaz de intimidade com eles, não compreendia as paixões religiosas, mas observava rigidamente os rituais da Igreja Católica Romana e parecia confundi-la que se sentisse a necessidade de os questionar; era uma pragmatista assolada por medos supersticiosos: era majestosa mas acessível, sem nunca descer do alto pedestal que a coroa the proporcionava.
Catarina aliciou homens brilhantes e corajosos ao seu serviço e inspirou a sua lealdade. Espantosa perdulária, achava-se constantemente acometida de preocupações com o tesouro pois a sua generosidade era lendária. Podia ser feminina e estranhamente atraente, montava, caçava e enfrentava perigos mortais com a coragem de um homem. Numa época dominada pelos homens, pedia que não lhe fossem feitas concessões por causa do seu sexo. Para parafrasear a sua contemporânea Tudor, tinha o coração e o estômago de um rei. Não se encolhia perante decisões difíceis nem perante a sua aplicação.</i>

O ano não podia inaugurar de melhor forma que com o término desta leitura!

An accessible examination of one of history’s most maligned monarchs. Daughter-in-law to Francis I, wife to Henry II, and mother to Charles IX and Henry IV, Catherine arrived in France to marry the second son of the French monarch and had no reasonable expectation of sitting near the center of power. Fate had other plans and she spent the rest of her life as a - perhaps even the - central figure in the struggle to maintain the position of her dynasty, the unity of her country, and the security of her children. Thoroughly researched and flawlessly detailed, Frieda handles the material deftly and brings to life a woman perfectly of the Renaissance in a way that feels right at home in the 21st century.

I'm giving the book 2 stars because I did learn a lot, but overall there were too many things that made it a bit of a slog to get through.

From a technical standpoint, the long, awkwardly structured sentences, coupled with a lack of commas/semi-colons/the word "and" when they were sorely needed, made it necessary for me to have to re-read them in order to understand. At other times, it was unclear to which person the author was referring, as pronouns would be used instead of names when there were multiple people mentioned in a preceding sentence, or words like "the king" when the author had just mentioned three kings, for example.

I also felt that, given that the book is a biography rather than a general history, it went into too much detail about battles and other events (e.g. an entire chapter devoted to describing a two-year tour of France), as well as Catherine's sons' time spent as kings. There were also long and tedious descriptions of festivities (weddings, coronations, processions, etc.), as well as objects like clothing, accessories, buildings, props used in the aforementioned festivities, and so on.
informative sad slow-paced

A well written biography and entertaining presentation of the life of Catherine de Medici and her significance in French and European history
dark informative sad medium-paced

An often overlooked but nonetheless important part of France’s history, Catherine has received harsher criticism than most. Frieda attempts to mollify this treatment not my over-fawning, but by looking at the facts of Catherine’s life m.

While Frieda is obviously in Catherine’s corner and the book somewhat drags at times it is still an interesting read for an history fans out there.

Interesting but hard to not get tangled up with the details by mid book. Not sure how you could edit the book to make it easier to digest