A review by anaplopes
A Cor Púrpura by Alice Walker

emotional reflective fast-paced
  • Plot- or character-driven? Character
  • Strong character development? Yes
  • Loveable characters? It's complicated
  • Diverse cast of characters? Yes
  • Flaws of characters a main focus? No

5.0

 A COR PÚRPURA


(Alice Walker - 1982)


Ganhei esse livro como presente de uma amiga no início de 2021. “Amiga, é pesado, mas eu gostei muito, e acho que você também vai gostar”, foi o que ela disse mais ou menos. Pois bem, ela não poderia estar mais certa. 


A Cor Púrpura se passa em um estado do sul dos Estados Unidos no período entreguerras, e é narrado por meio de cartas de Celie para Deus. Celie é uma garota negra de uma pequena cidade, obrigada a enfrentar as situações mais desesperadoras e tristes simplesmente porque aquela é sua realidade. 


Como mencionei, a narração é toda por meio de cartas, escritas por uma garota humilde e sem muita instrução formal. Então uma das particularidades desse livro é o modo como é escrito: não é escrito na língua formal, com ortografia e conjugação corretas, é realmente o modo como Celie estaria escrevendo. A primeira vista pode ser uma dificuldade na leitura, mas torna tudo mais imersivo e real, no final.


Logo nas primeiras dez páginas há menção de estupro, pedofilia, abuso sexual, abuso psicológico e violência doméstica. Como pode perceber não é um livro para qualquer um, não é um livro tranquilo de ler, não é um livro gostoso de ler, não é um livro que passa a mão na cabeça do leitor, que mascara a realidade para amenizar o impacto sobre qualquer um. É a narração crua, é a narração do que está acontecendo, sem mais nem menos. 


Aborda também tópicos como sexualidade, escravidão, colonialismo, a “salvação” de povos africanos por meio do cristianismo, apropriação de territórios africanos… E tudo isso sem parecer forçado em qualquer momento. 


Assim sendo, não preciso nem avisar, nesse ponto, que há diversos gatilhos ao longo da leitura. 


Existe um musical da Broadway bem famoso que adapta a história, porém nunca nem ouvi a trilha sonora.


Em suma, foi uma experiência única de leitura, sobre tópicos muitas vezes negligenciados ou que são abordados de forma superficial e/ou inadequada, sob uma ótica mais singular ainda.


 

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