rafhr 's review for:

A Profecia Celestina by James Redfield
1.0

Este livro foi-me emprestado por uma pessoa que me disse que lhe “mudou a vida”, que ao começar a ler tudo se tinha alinhado, que relê o livro todos os anos. A minha intuição gritava “não vale a pena”, mas aceitei o empréstimo.

A verdade é que percebi que isto não ia valer nada ao fim de duas/três páginas mas ainda assim decidi seguir em frente. Até porque o livro me foi emprestado e vou ter de o devolver, certo? Decidi seguir em frente com uma… mente aberta, vá.

Por onde começar? O livro é dos anos 90, retrata a história de um gajo (?) que vai para o Peru em busca de um suposto “manuscrito” com regras “espirituais” que as personagens chamam de revelações. No meio disto, está a haver uma conspiração com a Igreja e o governo peruano para que o conteúdo do manuscrito não venha a público, pois isso iria alterar a consciência dos seres humanos.

Enfim… são 300 páginas de chachada pseudo espiritual new age com conceitos que já toda a gente conhece. Uma das lições do manuscrito é perceber que não há coincidências, e a história pretende ilustrar isso mesmo. Ora… claro que podes ilustrar que não há coincidências quando és tu a escrever a história fictícia, certo??

Nada no livro é bom. As personagens são fracas, não há profundidade e têm todas o mesmo estilo de discurso. A história é aborrecida, passei serões a fio a ler sem reter uma palavra das páginas que folheava. A escrita é sofrível, já para não falar do tom meio colonizador do autor ao falar de povos indígenas e dos peruanos. O remate final perfeito foi uma pontinha de anti-comunismo primário mesmo no último capítulo, quando o autor escreve que o comunismo foi “uma desgraça” e depois acaba a relatar que o caminho da evolução humana é uma sociedade sem dinheiro onde toda a gente tem as suas necessidades básicas materiais asseguradas. Sem palavras.

Este livro mudou, sim, a minha vida. Ensinou-me, de facto, a ouvir mais a minha intuição. Eu realmente sabia que não ia valer a pena, o Universo dizia-me isso, a minha consciência superior implorava “vai-te embora, não precisas de ler isso”, mas ignorei e aqui estou. Agora tenho de descalçar a bota de devolver este livro terrível a quem de direito tendo em conta que odiei. Cada. Página.