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A review by emannuelk
The Devils of Loudun by Aldous Huxley
2.0
Esse foi um livro bem diferente do que eu esperava. Entrei nele sabendo que tratava de um evento histórico real, mas imaginei que Huxley fosse apresentá-lo de uma forma mais próxima do romance, quando, na verdade, é algo mais parecido com uma pesquisa acadêmica de microhistória. Ou melhor, pareceria, se não fosse o fato de servir, ao mesmo tempo, como uma forma de apresentação do sistema teológico do autor. E essa visão é um pouco mais conservadora do que eu esperava. O apêndice, em especial, é fácil de relacionar com outras obras de Huxley, como Admirável Mundo Novo, mas os trechos do livro em si - e são muitos e muito longos - que tratam da transcendência fazem com que o tema geral do livro seja uma leitura vagamente védica da religiosidade cristã. A história de Grandier e do convento de freiras que foi considerado como tomado por demônios poderia ser um pano de fundo rico para a crítica das instituições religiosas, a manipulação da fé, a fabricação de discursos falsos para manobras políticas. E, até certo ponto, é. Mas todas essas questões são marginalizadas frente àquilo que realmente interessa ao autor: classificar os estados de consciência alterados em "bons" e "ruins". De acordo com sua ligação a um contexto metafísico. E existem fontes melhores para pensar nessas questões, me parece. É interessante ver, no entanto, um contexto histórico do que poderia ser uma definição de dicionário de "fake news".