A review by ggcd1981
The Turn of the Screw by Henry James

challenging dark mysterious sad tense slow-paced
  • Plot- or character-driven? Character
  • Strong character development? Yes
  • Loveable characters? It's complicated
  • Diverse cast of characters? No
  • Flaws of characters a main focus? It's complicated

4.5

 Na minha adolescência li uma adaptação de The Turn of the Screw para jovens leitores em Português. O título da adaptação era “Os inocentes” e basicamente tratava-se da obra de Henry James com um vocabulário mais acessível para jovens. Gostei bastante de “Os inocentes” e desde então sempre tive a vontade de ler a história original e finalmente realizei essa vontade. Minha primeira percepção ao ler The Turn of the screw é que a linguagem é mais complexa do que antecipei. Nada que me impedisse de entender a história, mas necessitei fazer um maior esforço para acompanhar a escrita de James. Não lembrava de muitos eventos do enredo então foi como ler pela primeira vez. Li em audiobook e a narração de Richard Armitage e Emma Thompson foram ótimas, recomendo. Uma coisa que me surpreendeu nessa leitura foi que não lembrava, ou até mesmo não percebi na primeira leitura, quão ambígua é a história.
A maior parte da narrativa é do ponto de vista da Governanta e ninguém mais além dela vê as aparições, Peter Quint e Miss Jessel. Quer dizer, ela afirma veementemente que as crianças das quais toma conta, Miles e Flora, não apenas veem as aparições, mas também que isso acontece com frequência. Porém as crianças em nenhum momento confirmam de forma clara as acusações da governanta. Peter Quint e Miss Jessel eram antigos funcionários da casa em que se passa a história, segundo a personagem Mrs. Grose, única aliada da protagonista por acreditar no que a governanta diz mesmo sem provas, Quint e Jessel eram pessoas de moral questionável e exerciam grande influência negativa nas crianças. Tanto Quint como Miss Jessel tinham morrido a relativamente pouco tempo, porém de formas diferentes. A governanta passa a atribuir todas as características manipuladoras de Miles e Flora a influência das aparições, que apenas ela admite ver. Então o que temos é uma história de terror ambígua em que tudo narrado pela protagonista pode ser verdade ou pode ser apenas uma visão perturbada dos fatos e das crianças. No final, o confronto entre a governanta e Miles deixa as perguntas: Se a governanta não tivesse insistido e pressionado naquela última conversa, completamente ignorando os sintomas febris de Miles, ele teria sobrevivido? Ele teria admitido ver as aparições? Ou a derradeira menção de Peter Quint feita por Miles, enquanto a os olhos da criança buscavam ver a aparição, foi consequência de o menino estar convencido que a governanta via o fantasma de Quint e ele, na verdade pela primeira vez, também queria vê-lo?


Essa dualidade da história é o que a torna uma grande obra, apesar que a mesma dualidade suaviza um pouco o clima de terror sobrenatural desta minha segunda experiência com a narrativa. Gostei bastante de ter lido o texto original e recomendo como um dos grandes clássicos do terror. Porém, a suavização do terror sobrenatural que senti, a dificuldade da linguagem e algumas questões menores (ex. a credulidade sem limites de Mrs. Grose) me impedem de dar 5 estrelas. Contudo a obra é um sólido 4.50 estrelas. 


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