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A review by scar_mask
Iracema by José de Alencar
2.0
Iracema é um livro conhecido pela sua difícil leitura, que realmente assusta no começo do livro, justificada por José de Alencar pois a história começou como um poema. Se fosse apenas a escrita o problema de Iracema, não teria me incomodado tanto. Porém, o livro apresenta diversos problemas, desde a sua narrativa e personagens até sua mensagem.
Iracema, apesar de levar o nome do livro, é uma personagem secundária na sua própria história. Praticamente sem fala, indiferente e servindo de papel de fundo para o personagem principal do livro, o português Martim, Iracema é sem graça e superficial. Quem fala que Iracema é uma personagem forte claramente não leu o livro e não conhece as diversas outras personagens mulheres muito melhores espalhadas pelos livros mundo afora.
No final do livro, José de Alencar pondera sobre os termos indígenas que ele tentou inserir no livro e seu questionamento se isso não deixaria o livro truncado. Infelizmente, ele não conseguiu deixar o livro menos truncado, já que os termos e palavras são usadas excessivamente, atrapalhando muito a leitura, pois todo parágrafo o leitor tem que parar e ler as notas de rodapé. José de Alencar exagera demais nos termos, chegando às vezes ao ridículo, como comparar Iracema com uma batata doce apenas para colocar o termo e o regionalismo no texto.
Em vez de mesclar esses termos e tornar a leitura mais agradável e memorável, José de Alencar decidiu usar o texto como uma enciclopédia e soltar palavras avulsas ao longo dos parágrafos. Vale ressaltar que as suas descrições são muito boas e é fácil imaginar-se no cenário florestal que Alencar pinta, mas o uso do tupi poderia ser muito melhor aproveitado.
É importante saber onde José de Alencar queria chegar com essa história. Buscando criar uma lenda para a criação do Ceará e não considerando os colonizadores como pessoas ruins, Alencar conta uma história extremamente sem graça. Como dito anteriormente, o personagem principal é o bonzinho colonizador português Martim que se encontra no fogo cruzado entre tribos indígenas. A metade inicial é, até certo ponto, interessante, mas a metade final é completamente sem rumo, nada relevante acontece por páginas e parece que Alencar não sabia para onde levar a história.
Porém, saber onde Alencar queria chegar com a história não quer dizer que deva-se concordar com a forma que ele apresenta os personagens. O livro tem a sua relevância na literatura brasileira e não deve ser esquecido, mas a história não envelheceu bem e é difícil recomendar a leitura para alguém que queria algo prazeroso ou profundo.
[SPOILER][FINAL ALTERNATIVO]
Iracema (anagrama de América) pode representar o Brasil, pois abandona os seus costumes e família para seguir o português, que tem uma paixão temporária e rápida por ela, esquecendo-a rapidamente e deixando-a para que morra de desgosto. Claramente, não era essa ideia que José de Alencar queria passar com Iracema.
Logo, fugindo completamente do que Alencar acreditava, vou deixar minha continuação para sua história, tomando um caminho extremamente mais real:
Depois de Martim e Poti chegarem em Portugal, rapidamente o potiguara é esquecido pelo amigo e rejeitado pela comunidade europeia, morrendo das doenças do velho mundo. Moacir, filho de Iracema, cresce sem identidade, não sendo aceito como um português nem pela sociedade nem por seu pai. Quando Martim decide voltar para o Brasil, Moacir vem também buscando se encontrar nos índios.
Chegando aqui, os portugueses matam a maioria dos guerreiros dos potiguaras e tabajaras, ignoram completamente as suas culturas e rivalidades e evangelizam os que sobraram. Moacir não é aceito por nenhuma das tribos, pois ele não tem nenhum dos seus costumes e jeitos. Moacir é a representação do Brasil, o filho bastardo da índia com o europeu, não é nem um nem o outro, não tem sua própria identidade e não é aceito por nenhum deles.
Nesse conflito de personalidade, Moacir decidi ir para o meio da floresta para se matar e tem uma visão do Anhangá (como sua mãe também teve) dizendo que sua cultura, seu povo e agora ele, representante das suas crenças, estavam todos fadados a morrer com a chegada do europeu. Esquecido por todos, Moacir morre sem que ninguém sinta a sua falta.
Iracema, apesar de levar o nome do livro, é uma personagem secundária na sua própria história. Praticamente sem fala, indiferente e servindo de papel de fundo para o personagem principal do livro, o português Martim, Iracema é sem graça e superficial. Quem fala que Iracema é uma personagem forte claramente não leu o livro e não conhece as diversas outras personagens mulheres muito melhores espalhadas pelos livros mundo afora.
No final do livro, José de Alencar pondera sobre os termos indígenas que ele tentou inserir no livro e seu questionamento se isso não deixaria o livro truncado. Infelizmente, ele não conseguiu deixar o livro menos truncado, já que os termos e palavras são usadas excessivamente, atrapalhando muito a leitura, pois todo parágrafo o leitor tem que parar e ler as notas de rodapé. José de Alencar exagera demais nos termos, chegando às vezes ao ridículo, como comparar Iracema com uma batata doce apenas para colocar o termo e o regionalismo no texto.
Em vez de mesclar esses termos e tornar a leitura mais agradável e memorável, José de Alencar decidiu usar o texto como uma enciclopédia e soltar palavras avulsas ao longo dos parágrafos. Vale ressaltar que as suas descrições são muito boas e é fácil imaginar-se no cenário florestal que Alencar pinta, mas o uso do tupi poderia ser muito melhor aproveitado.
É importante saber onde José de Alencar queria chegar com essa história. Buscando criar uma lenda para a criação do Ceará e não considerando os colonizadores como pessoas ruins, Alencar conta uma história extremamente sem graça. Como dito anteriormente, o personagem principal é o bonzinho colonizador português Martim que se encontra no fogo cruzado entre tribos indígenas. A metade inicial é, até certo ponto, interessante, mas a metade final é completamente sem rumo, nada relevante acontece por páginas e parece que Alencar não sabia para onde levar a história.
Porém, saber onde Alencar queria chegar com a história não quer dizer que deva-se concordar com a forma que ele apresenta os personagens. O livro tem a sua relevância na literatura brasileira e não deve ser esquecido, mas a história não envelheceu bem e é difícil recomendar a leitura para alguém que queria algo prazeroso ou profundo.
[SPOILER][FINAL ALTERNATIVO]
Iracema (anagrama de América) pode representar o Brasil, pois abandona os seus costumes e família para seguir o português, que tem uma paixão temporária e rápida por ela, esquecendo-a rapidamente e deixando-a para que morra de desgosto. Claramente, não era essa ideia que José de Alencar queria passar com Iracema.
Logo, fugindo completamente do que Alencar acreditava, vou deixar minha continuação para sua história, tomando um caminho extremamente mais real:
Depois de Martim e Poti chegarem em Portugal, rapidamente o potiguara é esquecido pelo amigo e rejeitado pela comunidade europeia, morrendo das doenças do velho mundo. Moacir, filho de Iracema, cresce sem identidade, não sendo aceito como um português nem pela sociedade nem por seu pai. Quando Martim decide voltar para o Brasil, Moacir vem também buscando se encontrar nos índios.
Chegando aqui, os portugueses matam a maioria dos guerreiros dos potiguaras e tabajaras, ignoram completamente as suas culturas e rivalidades e evangelizam os que sobraram. Moacir não é aceito por nenhuma das tribos, pois ele não tem nenhum dos seus costumes e jeitos. Moacir é a representação do Brasil, o filho bastardo da índia com o europeu, não é nem um nem o outro, não tem sua própria identidade e não é aceito por nenhum deles.
Nesse conflito de personalidade, Moacir decidi ir para o meio da floresta para se matar e tem uma visão do Anhangá (como sua mãe também teve) dizendo que sua cultura, seu povo e agora ele, representante das suas crenças, estavam todos fadados a morrer com a chegada do europeu. Esquecido por todos, Moacir morre sem que ninguém sinta a sua falta.