A review by celestecorrea
Helena by Machado de Assis

4.0

(editado em 10.7.2021)

«Helena» saiu no Rio de Janeiro no mesmo ano em que foi publicado em Lisboa «O Crime do Padre Amaro», de Eça de Queiroz. E os dois romances têm pelo menos um ponto de evidente afinidade: começam do mesmo modo.

«Foi no domingo de Páscoa que se soube em Leiria, que o pároco da Sé, José Miguéis, tinha morrido de madrugada com uma apoplexia.», O Crime do Padre Amaro.

«O conselheiro Vale morreu às 7 horas da noite de 25 de Abril de 1850. Morreu de apoplexia fulminante, pouco depois de cochilar a sesta (...), Helena.


A edição que li inicia com uma ADVERTÊNCIA (sem data), na qual o autor nos diz que esta nova edição de Helena sai com várias emendas de linguagem, e nos pede que não o culpemos pelo que de romanesco acharmos neste livro, que tão prezado lhe é; remata confidenciando que, em nenhum caso, lhe tiraria a feição passada, pois cada obra pertence ao seu tempo.
Um Machado de Assis romântico, que não permite um final feliz, naturalmente.
«Helena» é uma história de um grande amor contrariado pelas conveniências sociais, remorsos, vergonha, abnegação e receio do escândalo. Helena, vítima da generosidade de um falecido; Estácio condenando-se a sofrer calado os golpes do destino.
A lealdade póstuma à derradeira vontade de um morto e a forte influência da igreja atravessam este livro ambientado no Rio de Janeiro de meados do século XIX.