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A review by leonorbagulho
Manhã e Noite by Jon Fosse
5.0
"enquanto Marta a mãe grita de dor, ele virá ao mundo frio e aí ficará só, separado de Marta, separado de todos, aí ficará só sempre só e mais tarde, quando tudo terminar, quando a hora dele chegar, desvanecer-se-á e tornará a ser nada e regressará ao lugar de onde veio, do nada para o nada, é esse o trajecto da vida, das pessoas, dos animais, das aves, dos peixes, das casas, dos barcos, de tudo quanto existe..."
Esta leitura fez-me lembrar uma lápide onde se escreve a data de nascimento da pessoa, um ligeiro traço e depois a data da morte.
É um livro com apenas dois capítulos.
O primeiro - O nascimento com descrições de dor, ansiedade, de algum caos mas também expectativas e definições de vida para o novo ser como o nome e a sua profissão.
O segundo - A morte que vem subtil, com alucinações mas leve, sem sofrimento. O leitor interpreta por si se o que está a ler é de facto alucinação ou uma lembrança no leito da morte ou ainda se Johannes, o protagonista, alterna entre uma coisa e outra.
Celebramos o nascimento mas lamentamos a morte. Neste ponto de vista, celebramos a dor e lamentamos a leveza da partida.
É também um livro que faz refletir sobre a efemeridade da vida, naquele ligeiro traço na lápide entre datas.
O estilo de escrita de Jon Fosse, prosa poética com dramaturgia, assenta na perfeição nesta temática. A lentidão da narrativa é feita através da inexistência de pontos finais, só existem vírgulas, e da estrutura do texto. As características repetições de Jon Fosse foram, para mim, musicalidade e por vezes um eco.
Estava à espera de um ponto final quando acabei de ler o livro. Mas, nem aí.
Será a Eternidade?
Esta leitura fez-me lembrar uma lápide onde se escreve a data de nascimento da pessoa, um ligeiro traço e depois a data da morte.
É um livro com apenas dois capítulos.
O primeiro - O nascimento com descrições de dor, ansiedade, de algum caos mas também expectativas e definições de vida para o novo ser como o nome e a sua profissão.
O segundo - A morte que vem subtil, com alucinações mas leve, sem sofrimento. O leitor interpreta por si se o que está a ler é de facto alucinação ou uma lembrança no leito da morte ou ainda se Johannes, o protagonista, alterna entre uma coisa e outra.
Celebramos o nascimento mas lamentamos a morte. Neste ponto de vista, celebramos a dor e lamentamos a leveza da partida.
É também um livro que faz refletir sobre a efemeridade da vida, naquele ligeiro traço na lápide entre datas.
O estilo de escrita de Jon Fosse, prosa poética com dramaturgia, assenta na perfeição nesta temática. A lentidão da narrativa é feita através da inexistência de pontos finais, só existem vírgulas, e da estrutura do texto. As características repetições de Jon Fosse foram, para mim, musicalidade e por vezes um eco.
Estava à espera de um ponto final quando acabei de ler o livro. Mas, nem aí.
Será a Eternidade?