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andrepithon 's review for:
Canção de Ninar
by Leïla Slimani
Acho que minha primeira reação ao começar este livro era de que eu não queria ler ele.
O primeiro capítulo abre in media res com o final da história, onde um par de crianças foi brutalmente assassinado pela babá. E então o livro volta pro começo, contando a história de como tudo chegou aquele ponto, do que levou ao estourar do crime. Só que não realmente.
Vencedor de um dos mais importantes prêmios de literatura francesa, Canção de Ninar é baseado em um caso real, e a autora achou que seria mais divertido se a crítica social política dela terminasse com um pouco de violência. E é uma abertura desconfortável, e pesa por todo o livro, a prosa é construída bem o bastante para várias pequenas passagens ecoarem nessa sensação inquietante de ler, e posso imaginar que no francês original a experiência seja ainda mais aterradora.
Mas ainda assim, parece, gratuito? A violência como estopim para chamar a atenção. O livro trata de temas importantes, da solidão, dos problemas de classe, de relações empregador-empregado, de maternidade, diversos pontos pincelados no decorrer da história que parecem sempre escondidos embaixo da sombra do "Pq ela vai estourar o bebê? Pq? Pq?". É uma pergunta interessante, mas quando todo seu livro busca responder uma pergunta, e você não faz isso no final, e deixa a interrogação, tudo parece enfraquecer. E eu entendo o conceito, eu entendo as pistas, existem dezenas de fios que podem ser seguidos sobre a mente lentamente se degenerando de Louise no decorrer da obra. Existem dezenas de possibilidades, mas não existe uma resposta.
Não sei.
A prosa é boa, algumas passagens são poderosas e bem construídas, mas me pareceu um castelo de cartas feito de algumas lindas cartas, mas tão fácil de desabar em nada. Há coisas nestes obras que carregam ideias poderosas e emoções fortes, mas em mim não conseguiu nunca reação mais visceral que o desconforto latente do primeiro capítulo.
Esse é o problema do in media res, e um dos motivos de eu muito raramente gostar do artifício na literatura. Se você abre com seu grande momento central, o que resta depois?
Aqui, a resposta é não suficiente.
O primeiro capítulo abre in media res com o final da história, onde um par de crianças foi brutalmente assassinado pela babá. E então o livro volta pro começo, contando a história de como tudo chegou aquele ponto, do que levou ao estourar do crime. Só que não realmente.
Vencedor de um dos mais importantes prêmios de literatura francesa, Canção de Ninar é baseado em um caso real, e a autora achou que seria mais divertido se a crítica social política dela terminasse com um pouco de violência. E é uma abertura desconfortável, e pesa por todo o livro, a prosa é construída bem o bastante para várias pequenas passagens ecoarem nessa sensação inquietante de ler, e posso imaginar que no francês original a experiência seja ainda mais aterradora.
Mas ainda assim, parece, gratuito? A violência como estopim para chamar a atenção. O livro trata de temas importantes, da solidão, dos problemas de classe, de relações empregador-empregado, de maternidade, diversos pontos pincelados no decorrer da história que parecem sempre escondidos embaixo da sombra do "Pq ela vai estourar o bebê? Pq? Pq?". É uma pergunta interessante, mas quando todo seu livro busca responder uma pergunta, e você não faz isso no final, e deixa a interrogação, tudo parece enfraquecer. E eu entendo o conceito, eu entendo as pistas, existem dezenas de fios que podem ser seguidos sobre a mente lentamente se degenerando de Louise no decorrer da obra. Existem dezenas de possibilidades, mas não existe uma resposta.
Não sei.
A prosa é boa, algumas passagens são poderosas e bem construídas, mas me pareceu um castelo de cartas feito de algumas lindas cartas, mas tão fácil de desabar em nada. Há coisas nestes obras que carregam ideias poderosas e emoções fortes, mas em mim não conseguiu nunca reação mais visceral que o desconforto latente do primeiro capítulo.
Esse é o problema do in media res, e um dos motivos de eu muito raramente gostar do artifício na literatura. Se você abre com seu grande momento central, o que resta depois?
Aqui, a resposta é não suficiente.