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A review by oatila
The Value of Everything: Making and Taking in the Global Economy by Mariana Mazzucato
4.0
Um livro bem interessante onde a Mariana Mazzucato discute como os conceitos de valor e de produtividade estão ultrapassados. Como preço era um indicativo de valor em um produto que tem um custo associado, como o insumo para produzir um pão ditando o custo final dele, mas isso não se aplica à produção intelectual e os bens de hoje em dia. O que faz com que preço não seja mais um indicativo do valor de mercado ou do valor econômico de um bem. Um dos exemplos que ela dá é o de fármacos multiplicando de preço por uma empresa que controla toda a produção, como nos EUA; por que o preço aumentou 6x em um ano, isso não quer dizer que o valor que esse fármaco traz para o mercado americano ou para a produtividade do país tenha aumentado tanto.
Ainda dentro da comparação que ela faz, uma farmacêutica que dobrou o lucro porque dobrou o preço dos remédios não contribuiu o mesmo que uma que aumentou o lucro em 10-20% porque lançou novos medicamentos inéditos. A curto prazo, a primeira parece mais produtiva, a longo prazo, nada de novo foi criado. Enquanto a segunda parece ter lucrado menos, mas o que produziu de novo tem repercussão por bem mais tempo e em mais setores da economia. O grosso do argumento no fim acaba sendo que o que se mede não é necessariamente o que acontece.
Ela extrapola essa avaliação para o mercado financeiro para argumentar que, apesar de movimentar muito dinheiro, a real contribuição do mercado financeiro para a produtividade de um país não corresponde a isso. Que avaliar um setor como esse pelo valor que movimenta, ignorando os gastos desnecessários ou os riscos que o setor traz, faz com que as prioridades econômicas fiquem bem enviesadas. E faz com que os setores que deveriam receber mais investimento, como produção de propriedade intelectual, recebam menos valor. O GPS, o sistema de posicionamento global por satélite, deu prejuízo no papel. Foi um gasto enorme do governo americano, de bilhões de dólares, por algo que milhões de pessoas no mundo usam e não pagam um centavo. Por outro lado, com certeza é um sistema que contribui para aumentar a produtividade do mundo, que aumenta o PIB da maioria dos países.
Acaba sendo uma ótima discussão sobre a importância de aprendermos a diferenciar entre extração de valor e produção de valor quando avaliamos o dinheiro movimentado. Bem pertinente para o momento atual.
Ainda dentro da comparação que ela faz, uma farmacêutica que dobrou o lucro porque dobrou o preço dos remédios não contribuiu o mesmo que uma que aumentou o lucro em 10-20% porque lançou novos medicamentos inéditos. A curto prazo, a primeira parece mais produtiva, a longo prazo, nada de novo foi criado. Enquanto a segunda parece ter lucrado menos, mas o que produziu de novo tem repercussão por bem mais tempo e em mais setores da economia. O grosso do argumento no fim acaba sendo que o que se mede não é necessariamente o que acontece.
Ela extrapola essa avaliação para o mercado financeiro para argumentar que, apesar de movimentar muito dinheiro, a real contribuição do mercado financeiro para a produtividade de um país não corresponde a isso. Que avaliar um setor como esse pelo valor que movimenta, ignorando os gastos desnecessários ou os riscos que o setor traz, faz com que as prioridades econômicas fiquem bem enviesadas. E faz com que os setores que deveriam receber mais investimento, como produção de propriedade intelectual, recebam menos valor. O GPS, o sistema de posicionamento global por satélite, deu prejuízo no papel. Foi um gasto enorme do governo americano, de bilhões de dólares, por algo que milhões de pessoas no mundo usam e não pagam um centavo. Por outro lado, com certeza é um sistema que contribui para aumentar a produtividade do mundo, que aumenta o PIB da maioria dos países.
Acaba sendo uma ótima discussão sobre a importância de aprendermos a diferenciar entre extração de valor e produção de valor quando avaliamos o dinheiro movimentado. Bem pertinente para o momento atual.