A review by ritaralha
Shuggie Bain by Douglas Stuart

4.0

Um romance comovente e cuja escrita cria imagens poderosas, fortes emoções e descrições que nos transportam para a Escócia da década de 80.
Eu esperava mais Shuggie e muito menos Agnes, o que justifica a minha avaliação de 4 estrelas.

Shuggie Bain decorre em Glasgow, na Escócia, durante um período de agitação económica e social. O governo de Margaret Thatcher implementou políticas de desindustrialização, o que resultou no encerramento de minas de carvão e outras indústrias tradicionais. Isto levou a altos níveis de desemprego e pobreza, especialmente em comunidades operárias como a retratada no livro. A pobreza e o desespero resultantes tiveram impacto na vida destas pessoas.

O romance explora as divisões religiosas e culturais existentes na classe operária de Glasgow, particularmente entre protestantes e católicos. Essas divisões são frequentemente expressas através do sectarismo, que permeia os clubes de futebol da cidade, servindo como ponto focal para a identidade e rivalidade local. Essas divisões podem criar preconceitos e tensões profundas.

As classes trabalhadoras de Glasgow são retratadas como dominadas por homens que trabalham em indústrias pesadas e têm uma cultura de consumo excessivo de álcool e violência. As mulheres são vistas como estando presas em papéis tradicionais de donas de casa, com limitadas oportunidades de educação, ou emprego.

Shuggie é um jovem que vive com sua mãe alcoólica, Agnes, e seus irmãos mais velhos. Conforme a história avança, vemos o impacto que o vício de Agnes tem em Shuggie e na família, enquanto eles lutam para sobreviver num mundo cheio de dificuldades. O romance também explora a jornada de autodescobrimento de Shuggie e a aceitação de sua sexualidade.

Agnes Bain é uma personagem central no livro. Como uma jovem mulher, Agnes está cheia de esperança e sonhos para o futuro, mas seu casamento com Shug e as pressões da pobreza e maternidade levam-na a procurar consolo no álcool. O seu alcoolismo é retratado de forma crua e implacável, mostrando os efeitos devastadores da dependência tanto no indivíduo como nas pessoas ao seu redor. Agnes luta para lidar com as pressões da pobreza, do desemprego e do seu casamento infeliz, o que a leva a recorrer ao álcool como forma de fuga.

Leek Bain, o irmão mais velho de Shuggie, é uma alma sensível e artística que busca encontrar o seu lugar num mundo em transformação.

Shuggie é sujeito aos grandes desafios de crescer numa família pobre e disfuncional. Ele é constantemente intimidado pelo seu comportamento efeminado e pelo amor incondicional a sua mãe. Mas Shuggie é um menino sensível e resiliente, perseverante e que nunca perde a esperança de lutar por um futuro melhor.

O preconceito é o grande tema neste romance, com as personagens enfrentando discriminação devido ao status social, à religião e à orientação sexual