A review by andrepithon
Malarkoi by Alex Pheby

4.0

Malarkoi é o meu estilo preferido de continuação, onde o livro original explode em uma espiral monstruosa de incompreensível. É raro encontrar isso. Normalmente continuações são perfeitamente lineares, apenas a trama seguindo em frente; ou pior, regressivas, tentando recapturar o milagre original e falhando miseravelmente. A opção mais rara é essa, em que o autor enlouquece e deixa as vozes intrusivas vencerem.

Em Mordew, o primeiro livro, o protagonista e âncora que firma a história morre. "Morre", pois a morte é apenas um incômodo, e as vezes nem isso, na trilogia de Alex Pheby. Mas com Nathan fora da história, o livro permite que outros personagens tomem protagonismo, e que a história torne-se absolutamente incompreensível. Pheby escreve bem mas escreve difícil, com toda a pretensão de um escritor acadêmico literário, com o tom de filosofia, presente e constante na obra. A construção de mundo é profunda, intricada, difícil, incompreensível, cansativa, toneladas de conceitos. Mas não se preocupem, no terceiro livro a Terceira Cruzada Ateísta Feminina vai chegar para consertar tudo. Chegaremos lá.

Malarkoi é uma terra governada por Portia, sua rainha e divindade, que foi assassinada no livro anterior, mas tudo bem, pois a morte é o desejado na cidade das pirâmides. Em seus planos de existência, Portia constrói paraísos variados e infinitos para seus adoradores que morrem no plano material. E se eles vão para um lugar melhor, tudo certo Portia sacrificá-los para fortalecer sua magia, certo? É interessante, é único, 1/5 do livro segue uma jornada através de paraísos corrompidos que é aterrorizadora, surreal, e desesperado na forma em que um pesadelo gótico é. O arrancar dos personagens da insana Mordew (mas normal em comparação com Malarkoi) e arrastá-los através das pirâmides da imortalidade é fascinante.

O worldbuilding é fascinante. O narrador é único, sério ao ponto de ser engraçado, realmente onisciente, as vezes comentando do futuro, propositalmente falando que coisas não serão reveladas nesse livro, dando cutucadas no leitor, as vezes hilário. As vezes extremamente sério e descritivo, o que torna ainda mais hilário, ao ver um cachorro comer o rosto de Deus e evoluir para o carinhosamente chamado Goddog, e esse evento ser tratado como um momento importante e respeitável de uma narrativa que se respeita. É um livro lotado de absurdos, mas que respeita seus absurdos.

E ao mesmo tempo que é fascinante Malarkoi é enfurecedor.
Longos capítulos não acontecem nada, ou pior, se perdem em longas discussões de aspectos técnicos e filosóficos da magia. Quando Portia faz isso é curto e ao ponto e interessante, mas longos capítulos seguem a perspectiva de Sebastian, o Mestre de Mordew, e é cansativo, girando em experimentos arcanos irrelevantes (Pois o Goddog chega eventualmente e destrói a criança/mordomo que ele vinha construindo em tubos arcanos)

No final, é um livro único. Mordew era estranho, Malarkoi eleva todas essas bizarrices ao infinito. Não é uma leitura fácil, mas ele constrói personagens grandiosos ao se desprender de Nathan, e o cansaço é recompensado com uma trama insana, um mundo ridicularmente complexo, e promessas de um terceiro livro conclusivo e igualmente (ou pior) deturpado.