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mathiaseichbaum 's review for:

A Dama de Espadas by Alexander Pushkin
4.0

Gosto sempre das organizações do Boris Schnaiderman. Acho que elaborar uma compilação de obras representantes da obra de um autor no que diz respeito à sua qualidade, mas também à sua diversidade é muito mais interessante do que simplesmente lançar antologias das "melhores obras".

O conto que mais gostei eu já conhecia - O Chefe de Estação -, que ainda acho maravilhoso. Mas todos os contos e novelas - inclusive as duas incompletas - são muito boas e bastante interessante. Foi muito bom conhecer um pouco mais da prosa de Púchkin e ver claramente a sua relação com o romantismo, mas, igualmente, uma interpretação própria dele, mantendo sempre um tom levemente engraçado, galhofeiro.

"A Dama de Espadas" é, compreensivelmente, sua novela mais lembrada e é realmente muito boa. O fantástico aparece para punir o cálculo financeiro frio, que se põe à frente do amor. É interessante, nesse sentido, que se faça essa narrativa de uma forma que pareça que vai ser romântica (no sentido de haver um romance entre dois personagens, não em uma categorização da obra em si), mas acaba não acontecendo nada - Hermann só usa Liseta para conseguir o segredo das cartas. O desfecho, com a piscadela da carta e sua posterior loucura são geniais.

Nessa e em outros narrativas - em especial "O negro de Pedro, o Grande" - pode-se já notar essa tentativa de refletir sobre a relação com o estrangeiro e com a modernização da Rússia. Púchkin me parece ter tido opiniões nacionalistas em relação aos "alemães", mas, ao mesmo tempo, favorável às modernizações sociais - em um período é perseguido como liberal, embora mais tarde tenha sido visto como uma figura conservadora. Acho que isso representa a modernização e europeização da Rússia em toda a sua espetacular contradição.

Por fim, foi muito legal conhecer um pouco da obra poética de Púchkin - não conhecia nada. O poema que mais gostei foi "O Demônio", que achei lindo e brilhante, mas vários são muito bons. É interessante também aqui ver as influências românticas, mas também neoclássicas e, por fim, até a importância da sua atuação política e de resistência, mesmo que em uma fase determinada da vida.