A review by fmoreno
A Melodia do Amor by Lesley Pearse

3.0

3,5 stars


Beth era uma criança que apenas se preocupava com tocar violino e piano e sonhar com tudo aquilo que queria alcançar quando crescesse. Contudo, tudo mudou quando encontrou o seu pai na cave onde este trabalhava, acabado de se suicidar. Após este acontecimento, a vida de Beth e de Sam, o irmão mais velho torna-se dura. São obrigados a trabalhar por salários muito baixos e acabam por ter de vender parte da mobília e inclusive o piano de Beth. Tudo se complica quando estes descobrem que a mãe está grávida. Depois da pequena Molly nascer, a mãe acaba por falecer e Beth tem de se tornar na mãe substituta da pequena criança.
A vida dos irmãos está cada vez mais complicada. As dificuldades financeiras apertam e ambos tem de se governar com muito pouco. A vida que levavam de crianças de classe média já se encontra completamente no passado. Até que a sorte parece bafejar para Beth. Esta consegue arranjar um emprego numa casa de uma família próspera, onde é amada e onde pode viver com um irmão num pequeno quarto.
Contudo, Sam tem um sonho, que é o de ser rico e ter sucesso material. E para isso, tem de emigrar para a América, terra da oportunidades. Este acredita que será lá que encontrará a sorte grande. Depois de tanto tempo a poupar, Sam e Beth decidem, com algum peso no coração, embarcar nesta aventura sem retorno. Molly acaba por ficar em casa dos empregadores de Beth, pois é amada por todos os membros da família. E assim começa a aventura de Beth e de Sam que vão à procura de uma vida melhor no outro lado do Atlântico. Durante a viagem Beth conhece Jack e Theo, homens muito diferentes a começar pela condição social. Jack é um homem trabalhador, que só conheceu miséria na sua vida, enquanto Theo é um rapaz de classe média-elevada a quem a vida só lhe deu bons momentos.
Os quatro vão tornar-se um grupo inabalável e vão andar por América à procura de conseguir alcançar os seus sonhos.
Será que Beth também vai conseguir alcançar os seus, que é amar um homem tanto quanto ama o seu violino?

Este é o terceiro livro de Lesley Pearse que leio. Os outros dois foram o Segue o Teu Coração e o Nunca Me Esqueças. O primeiro até gostei, o segundo nem por isso, até que nem tive paciência para fazer uma opinião para ele aqui no cantinho.
Olhando para este cenário, foi com uma mistura de medo e de ansiedade que peguei neste A Melodia do Amor. A verdade é que não sabia o que esperar, mas a estreia com esta autora deixou-me com impressões positivas e portanto queria perceber para que lado da balança é que este livro pendia.
A escrita da autora é bastante fácil de seguir e não é cansativa, embora por vezes tenha a sensação de que ela "engonha" um pouco as coisas e que podia ser mais directa e expedita.
Contudo, não é a sua escrita que me mexe com os nervos. É a sua tendência para dramatizar exageradamente as coisas. Toda a gente gosta, de vez em quando, de um bom drama que nos mexa a sério com as emoções, mas esta senhora é 8 ou 80. Os coitados dos personagens dela nunca podem sentir-se muito confortáveis que ela arranja logo uma data de tragédias para os mandar abaixo e embora ela nos apresente sempre personagens corajosos, resilientes e fortes, às vezes cansa-me tanto dramatismo e pouco sucesso. A verdade é que para os personagens de Lesley Pearse por cada sorriso que existe na história, existem 15 desgraças. E não desgraças pequenas. É logo coisas monumentais.
E contudo, choramingas como sou, era de esperar que eu até simpatizasse com isto e que sentisse pena dos desgraçados dos personagens. E não consigo. Pronto, algo comigo encontra-se muito de errado, mas nem lágrimas de crocodilo eu consigo produzir para este pobres personagens.

Não é que não goste de ler os livros dela, porque até gosto e por isso é que continuo à espera que ela me mostre algo mais extraordinário. É porque fica sempre algo a faltar. Ou é um final melhor, ou é um relato melhor, não sei. Este A Melodia do Amor já esteve mais perto daquilo que eu procuro num drama, mas também ainda não está no ponto.
Embora não tenha simpatizado com a Beth, gostei bastante do relato dela e da sua aventura por toda a América e também pelo Canadá. Mas confesso que a personagem que me conquistou logo desde o início foi o Jack. Logo à partida gostei da sua personalidade e do pouco que a autora nos mostrou sobre este rapaz modesto, mas que se viria a revelar um belo homem.

Acho que a autora escolheu retratar uma época histórica que vale a pena pesquisar mais sobre, pois confesso que não sabia nada de nada sobre a corrida de ouro de Klondike/Yukon e gostei muito da perspectiva que a autora nos mostrou com este livro.
Este é realmente o ponto que me continua a agradar na autora, é a sua pesquisa histórica e a forma como insere esses cenários na sua narrativa. Ela dá-me sempre a sensação de que estou lá a viver no século XIX, XX, o que for. E isso é uma mais valia nos seus relatos.

Aquilo que me continua a incentivar na leitura destes livros, é a lição de história que tiro deles. Eu adoro História, sempre adorei e por isso, esta é uma oportunidade para ganhar um pouco mais de cultura geral e conhecer realidade de outros tempos, outras sociedades e outras culturas e costumes.
Aprendo sempre alguma coisa nestas leituras e o que aprendo é feito de uma maneira divertida e em forma de lazer. Acho que isso é o mais importante.

Aqui fica uma imagem da corrida de ouro de Klondike, que data de 1898. Talvez vos abra o apetite.

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