A review by andrepithon
The Tyrant Baru Cormorant by Seth Dickinson

4.0

Bingo de Fantasia/Sci-fi 2023
Casa 1.1: Título com um Título

The Masquerade é uma obra complicada, com infinitas tramas políticas, estranhas tangentes filosóficas, dezenas de culturas interligadas, nomes impronunciáveis, traição e chantagem. É uma trama que parece muito mais interessante do que realmente é, que dá voltas e voltas para permanecer estática no mesmo lugar. Ainda assim, é uma obra simples, sobre sacrifício, amor, confiança. As vezes, as duas coisas se entrelaçam em uma perfeição poderosa, capaz de lhe transformar em um caco emocional por dias, como o primeiro livro. Outras, o resultado é tédio e monotonia, como o segundo. E, aqui, temos o meio termo.

Neste terceiro livro, Baru alcança o Cancrioth, pelo qual ela buscou durante toda a duração do segundo livro, uma ordem que adora o cancer, passando células doentes de geração para geração, alcançando assim a imortalidade, acreditando que a personalidade é passada junto. Não há magia, mas há "magia", crenças que em momentos aproximam-se do sobrenatural, vagando pelo incompreensível. É um conceito forte, uma mitologia interessante, que já mostra potencial desde o livro anterior, mas, mesmo sendo impressionante, não realmente faz um impacto tão grande quando eu esperava na trama.

O coração da série ainda continua sendo a relação entre Baru e
Spoilera falecida Tain Hu
, como isso a molda e a faz lidar com sua sexualidade. Nesse aspecto, a conclusão de Tirana trás um evento de poderosa catarse, finalmente sentindo um grande progredir na trama, e preparando o terreno para um livro final espetacular. São magníficas 100 páginas finais, mas que demandam força de vontade para alcançá-las. O começo, em suas reviravoltas iniciais, com o primeiro posicionar das peças, saindo do clímax do segundo, também trás passagens poderosas e emocionais. Começo muito bom, final espetacular, um meio que deveria ser editado para perder umas 100-150 páginas.

Eu gostei de tirana. Eu gostaria se tivesse sido mais curto, mas é difícil reclamar do ritmo. Dickinson escreve um prosa inteligente e direta, mas fluída, que nos carrega rápido de cena em cena, e abusa de mudança de PoV, o que as vezes é irritante, mas nos permite entender as motivações de muitos dos jogadores. É um livro difícil, de muitos nomes e personagens, com conceitos sendo introduzidos constantemente, mas carrega uma carga emocional que faz tudo valer a pena.

É uma série que está longe da perfeição, mas este livro é um retorno à forma após um segundo decepcionante, e traz eventos ecoando desde o primeiro, concluindo um de seus principais arcos de forma satisfatória, nos dando finalmente algum relento.

Ainda assim, não cumpre tudo que prometeu.
Algumas séries eu consigo atestar meu amor antes de ver o final, e por mais que eu ame A traidora Baru Cormorant, não tem como decidir o valor da obra antes de sua conclusão.

Pode ser facilmente uma de minhas favoritas, pode ser uma decepção imensa.
Tudo depende do quarto livro, pois o segundo e o terceiro foram pesados em posicionar as peças, mesmo que o terceiro já tenha nos dado algumas jogadas para aplacar a fome.
Agora é esperar pelo xeque-mate.
E que seja belo.