A review by sammys2
Goth Girl, Queen of the Universe by Lindsay S. Zrull

4.0

Surpresa é uma palavra que define muito a experiência desse livro para mim. Eu não esperava metade do que encontrei nessa trama e, mesmo que em alguns momentos tenha sido para o lado negativo, a maioria foi para o positivo.

A sinopse da história, depois da capa ter me chamado a atenção, resume bem um pouco do clima do enredo seguindo a protagonista, Jess, em mais um dos lares temporários a que tanto está acostumada desde que sua tutela ficou com o estado após sua mãe não conseguir criá-la em meio à esquizofrenia. Assim, é normal que a narrativa se apresente de forma distante logo de cara enquanto a Jess vai realmente mostrando quem é, do que gosta e seus objetivos para o leitor. Nesse ponto é um começo um tanto parado, mas melhora um monte quando, enfim, a aproximação de Oscar e a proposta para ajudá-lo num grupo de cosplay surgem para agitar a trama, bem como nos fazer conhecer, pouco a pouco, mais personagens.

São todos, desde à mulher que está tomando conta da Jess no momento, a Barbra, até o pessoal do cosplay, Oscar, Emily e Gerrit, muito bem desenvolvidos, ganhando profundidade ao longo da história e à medida em que a protagonista se relaciona com cada um deles e o quanto de abertura ela lhes dá. A relação dela com a Barbra em especial é uma das que mais me ganhou, pela sensibilidade com que esta se apresenta e todas as diferenças gritantes que ela representa para a Jess quanto ao padrão de pais de outros lares temporários que ela passou antes e dos quais não tem memórias muito boas. Dessa vez, ela se vê numa situação diferente, em que mesmo tentando prever o lado de Barbra, ela ainda é pega de surpresa por essa, e aliado à tudo que vai se desenrolar graças ao cosplay e sua exploração desse universo, o enredo só cresce.

"Cherish the good times you have, but don’t let old wounds hold you back from making new friends in the future either.”

E isso tudo sem nem citar, ainda, que o livro também fala muito sobre saúde mental. É uma abordagem tanto realista quanto esperançosa, uma vez que esclarece que qualquer que seja a doença, ninguém deixa de ser humano, jovem ou velho, ter uma carreira ou não, etc, por causa disso. Desde os exemplos mais comuns do dia-a-dia, como a ansiedade, até casos mais densos como o da esquizofrenia, a autora desenvolve muito bem a temática e gera um debate bacana, por vezes um pouco pesado, mas ainda com sensibilidade e eventual leveza nos demais momentos, fazendo os personagens, no fim do dia, serem muito mais do que pessoas com doença x ou y, da mesma forma que, com ou sem elas, todos precisam se cuidar de alguma forma.

Enfim, Goth Girl, Queen of the Universe foi uma aposta de leitura que eu não esperava muito, mas se mostrou um mar de emoções, descobertas sobre o mundo do cosplay junto à Jess, amizades, relações familiares além das da protagonista, e aprendizados sobre como encarar ou não a saúde mental e as variações dela.

"The world we live in wants us to believe that minds or bodies that look or work differently are somehow less, but that isn’t true."