A review by rui_leite
Em Chamas by Suzanne Collins

4.0

Primeiro tenho mesmo que tirar isto do sistema… se a senhora Suzanne Collins não souber fazer mais nada ela será, pelo menos, a rainha dos “cliff hangers”. Este livro tem um dos finais mais loucamente apoteóticos que já li e, mesmo que eu tivesse detestado tudo o resto, teria ficado com umas ganas enormes de continuar só para saber o que se vai seguir.

Mas o facto é que não detestei tudo o resto… houve algumas coisas que me irritaram um bocado, sim, mas não foram suficientes para me fazer perder o interesse. Dessas o triângulo amoroso foi a que mais vezes me fez revirar os olhos, afinal, face a um mundo em rápida decomposição, em que tudo vai de mal a pior, francamente, eu, como leitor, não poderia querer saber menos de quem beijou quem e porquê. Mesmo que as personagens queiram. O problema é delas. Sim. Sempre que chegavam esses momentos a minha vontade era acelerar e passar ao que realmente me interessava: as actividades dos rebeldes, a reacção do Capitólio, a forma como isso se reflectia na vida da Katniss e do resto da boa gente do distrito 12 and so on and so on. Felizmente os “oh tu amas o Gale”, “não, tu amas o Peeta” e “oh , não, eu gosto de beijar um e usar o outro com suporte emocional mas só quando estou para aí virada” são poucos e espaçados, portanto até se tornaram comestíveis (ainda que com uma ligeira careta).

Mas á medida que a história avança e se começa a perceber o que se vai passar nos 75º Jogos da Fome fiquei com uma boa dose de receio de vir a ter uma sensação de estar a pisar terreno já percorrido… felizmente não… Suzanne Collins lidou bastante bem com a situação, nota-se um desenvolvimento nas personagens e uma mudança no contexto, que dá a tudo uma dinâmica bastante diferente da anterior e impede a história de ser repetitiva. Para além disso, mesmo sabendo-se à partida qual o desfecho de tudo (em traços muito gerais), a forma como este chega é bastante surpreendente, o que me agradou imenso.

De facto achei este livro tão bom como o anterior, se bem que mais consistente, as coisas que me retiravam a atenção em vez de estarem concentradas todas numa só parte pareciam mais uniformemente distribuídas o que as impedia de se tornarem um ruido de maior. Mais uma vez, aquilo que o livro se propõe fazer faz bastante bem e manteve-me agarrado.
Agora venha daí o terceiro…