A review by ggcd1981
House of Leaves: The Remastered, Full-Color Edition by Mark Z. Danielewski

adventurous challenging dark emotional mysterious tense slow-paced
  • Plot- or character-driven? Character
  • Strong character development? Yes
  • Loveable characters? No
  • Diverse cast of characters? Yes
  • Flaws of characters a main focus? Yes

3.0

Eu remei esse livro, o que não deveria ter me surpreendido. House of leaves é uma obra a qual eu tinha ouvido vários Booktubers falar sobre, a maioria deles dando boas notas. Contudo todos os booktubers que vi deram o aviso de que o livro “não é para todo mundo” e que você precisa pesquisar para compreendê-lo melhor, e, segundo muitos, esse é um texto presunçoso. A proposta inicial é que a obra consiste de uma história dentro de uma história dentro de outra história. Todas essas informações sobre House of Leaves despertaram minha curiosidade, mas após a leitura do mesmo vejo que eu não sou a leitora para ele. Sendo justa com a obra minha leitura começou em desvantagem pois não tenho a cópia física então tive que ler a cópia digital para kindle e adaptação para esse formato teve problemas. Isso tornou a leitura um pouco distante da intencionada pelo autor e representou uma dificuldade a mais em um livro que já tem obstáculos por natureza. House of leaves faz diversas referências a uma ampla gama de fontes nas mais diversas áreas de interesse, Física, Mitologia Grega, Arquitetura, Psicologia, etc. Eu comecei tentando pesquisar as informações, mas se tornou cansativo bem rápido. No momento em que estou em minha vida não quis dedicar tanto tempo e esforço a um único livro que não estava me prendendo tanto. A obra não é ruim e com certeza é bastante original, mas a sensação geral que tive foi de uma boa história diluída em um monte de informações que muitas vezes não adicionam muito (por exemplo uma interminável lista de nomes de fotógrafos). A narrativa que o autor chama de The Navidson Records está no coração de House of Leaves, um suposto documentário de um evento inexplicável ocorrido na casa da família Navidson. A existência desse documentário é questionada no próprio livro, mas a partir dele se inicia a narrativa de Zampanò, e a partir dessas duas se inicia a narrativa de Johnny Truant. A história do documentário é a mais interessante e a mais próxima de ser coerente. As histórias de Zampanò e de Johnny são mais desconexas e cheias de buracos. Mas em geral ler essa obra é como tentar ouvir uma narrativa contada por alguém absurdamente dispersivo. Quando este narrador começa o conto ele logo envereda por uma tangente e nela se aprofunda, quando você não lembra mais do que ocorria no conto original o narrador retorna a este deixando você completamente perdido e cortando qualquer tipo de emoção que você deveria sentir durante a história. Essas muitas interrupções e tangentes que, diversas vezes, não tinham qualquer real relevância para o texto, acontecem durante todo livro diluindo os pontos de interesse e deixando meus sentimentos sobre a obra “Mornos”.
Um ponto que não gostei da história, por se sensível a crueldade contra animais, foi um momento em que um cachorrinho foi morto de forma cruel. Eu realmente gostaria que autores achassem outra forma de mostrar que um personagem é mau. Outro ponto que achei irritante foi que todas as personagens femininas no livro foram sexualizadas mesmo quando não havia necessidade. Desde de Karen Green, esposa de Will Navidson, a todas as mulheres com quem Johnny Truant interagiu. As mulheres nesse livro pareciam existir em função dos personagens masculinos. Fosse como esposa de Navidson, como mãe de Johnny ou um simples encontro sexual ou fantasia do mesmo, as mulheres em House of Leaves giram ao redor dos personagens masculinos e existem para cumprir uma função na história desses. Um elemento que me surpreendeu na obra foi o realismo dos ataques de pânico de Johnny. Eu não esperava e quase foi um gatilho para mim, mas, mesmo assim, apreciei a representação. Em geral minha opinião é que há histórias interessantes no livro, mas elas se encontram diluídas no excesso de informação desnecessária. Informação esta que foi incluída por questões de estilo e não de pertinência a narrativa. Aliás fica claro que o estilo é prioridade em House of Leaves em detrimento do story telling. Se o autor pelo menos tivesse sido mais coeso e objetivo nas divagações o texto prenderia muito mais e não sentiria tão forte que o livro se auto sabota ao desarmar toda tensão, apreensão, medo, enfim qualquer emoção com tangentes longas, incoerentes e tediosas. Isso também contribuiu para a sensação de que os “finais positivos” para as histórias de Navidson e Truant não foram merecidos ou se quer fizeram sentido. A impressão passada é de que Mark Z. Danielewski queria aqueles finais para os personagens e foi isso.
Enfim, eu aprecio que o autor tentou fazer algo diferente e original. Existe mérito nisso, contudo o resultado me deixou com a sensação de que poderia der sido melhor. Assim, dou 3 estrelas, o livro foi acima da média porem me deixou com as frustrações de que o meu “esforço não foi o suficiente” e do que a história “poderia ter sido”.


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