A review by oatila
Rule Makers, Rule Breakers: Tight and Loose Cultures and the Secret Signals That Direct Our Lives by Michele Gelfand

3.0

Uma ótima ideia que achei esticada demais e aplicada demais como a única explicação.

Michele Gelfand é uma psicóloga que pesquisa sobre um aspecto cultural bem particular, o eixo tightness-looseness, algo como regrado-desregrado ou tenso-relaxado. É o traço que define culturas ou pessoas mais restritas, que seguem muitas regras e protocolos, como a cultura japonesa, ou culturas e pessoas mais relaxadas, com menos protocolos, como a brasileira. E discute como isso se desdobra em culturas nacionais, empresariais ou mesmo familiares.

Ela passa o livro todo discutindo o que acontece em culturas mais tensas, que se baseiam muito em regras para funcionar, com protocolos de como as pessoas devem se comportar e dependem de respeito e deferência à autoridade. E o que acontece em culturas mais relaxadas, que dão espaço para as pessoas agirem por conta própria, são mais flexíveis em relação à regras e valorizam mais resultado do que protocolo.

A discussão em si é muito legal e pensar nesse eixo de mais regrado ou mais relaxado (meu caso) me ajudou a entender muito a minha diferença e interação com outras pessoas. Especialmente com aquelas que tendem a ser mais regradas. E também ajudou a entender o valor de outras culturas, especialmente as mais distantes da brasileira, onde cresci.

Mas acho que ela força demais a barra no quando diz que essa característica explica sobre culturas e países, sem levar em conta várias outras coisas como valores conservadores, estabilidade econômica e afins. Parece que ela tem o martelo do tightness-looseness na mão e todos os problemas viram pregos. Outro ponto que acabou cansando no livro e teria me feito deixar de lado se estivesse lendo (e não ouvindo) é o quanto ela estica o argumento, puxa exemplos e descreve situações bem além do necessário, para depois aplicar o conceito. Senti que é mais um caso de uma boa ideia esticada demais para caber em um livro. Talvez um bom texto sobre o assunto já seja suficiente para entender o que ela defende.