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gabrielleap 's review for:
O Amante
by Marguerite Duras
«Muito cedo foi tarde demais em minha vida»
Solidão, loucura, desejo. Eis o meu primeiro contato com a escrita de Marguerite Duras.
A autora nos apresenta a Indochina francesa através das palavras e pensamentos de uma jovem de 15 anos e de sua própria versão mais velha — um jogo de fluxo de consciência não-linear profundamente poético.
A sua tristeza e os futuros truncados, imaginados pela mãe depressiva, para ela e para os seus irmãos, ocupam o espaço dos sonhos. E, com a indescritível-descrição imagética de cada paisagem, somos lançados a essa grande melancolia daquilo que jamais será revivido senão pela escrita. Sabiam que Duras também era cineasta?
A jovem branca, apaixonada por um chinês, vive uma violenta paixão banhada em lágrimas — e é dessa relação interracial, malvista pela família, que surge o título: O Amante. Nós estamos lá também, na travessia do Mekong, no apartamento, na limusine preta, também queremos escapar.
Para mim, foi um livro que fluiu muito bem. Amo a escrita francesa, e deu pra sentir claramente a influência de Duras na escrita do Édouard Louis. Ambos voltados às suas mães, ambos escrevendo a partir da margem, tentando contornar a loucura e, no processo, mergulhando em outros abismos — numa escrita autobiográfica, confessional e investigativa.
Quando a protagonista escuta Chopin, é ele quem lhe revela a verdade que nós, leitores, questionamos ao longo da narrativa. É impressionante como precisamos das artes para revelar os sentidos ocultos da vida. E nossa, que final.
✨ O posfácio de Leyla Perrone-Moisés é excelente — e a edição da @taglivros, primorosa.
Solidão, loucura, desejo. Eis o meu primeiro contato com a escrita de Marguerite Duras.
A autora nos apresenta a Indochina francesa através das palavras e pensamentos de uma jovem de 15 anos e de sua própria versão mais velha — um jogo de fluxo de consciência não-linear profundamente poético.
A sua tristeza e os futuros truncados, imaginados pela mãe depressiva, para ela e para os seus irmãos, ocupam o espaço dos sonhos. E, com a indescritível-descrição imagética de cada paisagem, somos lançados a essa grande melancolia daquilo que jamais será revivido senão pela escrita. Sabiam que Duras também era cineasta?
A jovem branca, apaixonada por um chinês, vive uma violenta paixão banhada em lágrimas — e é dessa relação interracial, malvista pela família, que surge o título: O Amante. Nós estamos lá também, na travessia do Mekong, no apartamento, na limusine preta, também queremos escapar.
Para mim, foi um livro que fluiu muito bem. Amo a escrita francesa, e deu pra sentir claramente a influência de Duras na escrita do Édouard Louis. Ambos voltados às suas mães, ambos escrevendo a partir da margem, tentando contornar a loucura e, no processo, mergulhando em outros abismos — numa escrita autobiográfica, confessional e investigativa.
Quando a protagonista escuta Chopin, é ele quem lhe revela a verdade que nós, leitores, questionamos ao longo da narrativa. É impressionante como precisamos das artes para revelar os sentidos ocultos da vida. E nossa, que final.
✨ O posfácio de Leyla Perrone-Moisés é excelente — e a edição da @taglivros, primorosa.