A review by felipebarnabe
Confissões by Agostinho de Hipona

3.0

Confissões é um clássico, sem dúvida. Motivo suficiente para justificar a leitura.

Porém, acho o texto cansativo. Não é um livro que me agrada ler.

A primeira vez em que li, em 2018, esperava algo mais filosófico e/ou teológico, mas a maior parte do texto é biográfico. Talvez essa frustração com o conteúdo tenha me feito não gostar tanto do livro na época.

Na segunda leitura, li com mais atenção. Percebi trechos teológicos e filosóficos muito interessantes que passaram batido na primeira leitura. Provavelmente, por falta de conteúdo que me ajudasse a identificar o que estava sendo tratado. Estou longe de ser um entendido de Agostinho, teologia ou filosofia. Mas consegui identificar no texto alguns resquícios de filosofia helenística e antiga, algo comum na patrística, apesar de Agostinho já apresentar indicações de distanciamento desse pensamento. Uma advertência que me fizeram quando iniciei as leituras na patrística e que tenho percebido ser muito útil é para não ler os livros da patrística como livros canônicos. Com Agostinho, parece que essa tendência é maior. Mas, apesar de excelentes autores e com reflexões teológicas e filosóficas muito importantes para a fé, esses textos não possuem a prerrogativa de canonicidade. Com isso em mente, fica mais fácil criticar partes do texto que acabam incorporando o pensamento filosófico da época.

No geral, a obra pode ser dividido em 2 partes. Os livros I a X cobrem grande parte da vida de Agostinho e sua história de conversão. Alguns trechos são muito bonitos e mostram a grande devoção de Agostinho a Deus. Os livros de XI a XIII são mais teológicos e filosóficos. Agostinho faz uma interpretação do início de Gênesis e discute algumas teorias filosóficas correntes em sua época. Gostei mais dessa segunda parte.