A review by patriciasjs
Perigosa by Madeline Hunter

2.0

Opinião do blogue Chaise Longue: http://girlinchaiselongue.blogspot.pt/2014/11/opiniao-perigosa.html

Quando iniciei esta série há mais de um ano, foi por pura curiosidade. Madeline Hunter não é uma das minhas autoras de eleição e, se nunca senti grande entusiasmo pelos seus livros, As Flores mais Raras acabou por se revelar uma surpresa agradável que, de livro para livro, me fez pensar que talvez pudesse fazer as pazes com a sua autora. Para isso, contava com Perigosa. Pode-se dizer que ansiei por este livro assim que conheci os seus protagonistas. Tinha expectativas enormes para ele. Esperava foguetes, estrelas, tudo o que tinha direito. Talvez tenha acreditado demais. Madeline tem, sempre teve, uma escrita cuidada e elegante, e muito romântica mas, para mim, sempre lhe faltou ardor, magia, química. O tal ingrediente secreto que torna um romance histórico em mais qualquer coisa. E neste livro isso foi notório.
Dizer que Perigosa foi uma desilusão, pode parecer exagero. Se calhar fui eu que criei demasiadas expectativas mas, esta leitura não foi de todo o que esperava. Não falta o cuidado histórico já habitual da autora, isso é verdade. Centrando-se no tema do abuso dos homens de camadas superiores sobre mulheres de mais baixo nascimento, e também nas discordâncias entre nobreza e os trabalhadores fabris, esta história tinha um fundo interessante que lhe deu alguma profundidade mas, que não deixo de sentir que podia ter sido melhor explorado. Talvez tenha sido demasiada coisa, o que acabou por resultar numa narrativa algo superficial, onde as duas linhas de história que a autora costuma criar nos seus romances, se cruzam mas não resultam com o equilíbrio devido. Ora concentrando-se mais nestes temas, ora no romance, parece-me que Madeline se perdeu algures.
O romance, o principal ingrediente deste tipo de livros, para mim falhou redondamente. Da atracção para a sedução, da seducção para o amor e, daí para o pedido, acontece tudo num ápice e, essa rapidez supersónica, não permite ao leitor ver a relação entre o casal florescer, quanto mais lhe permite acreditar no amor que tem perante os seus olhos. Não soa credível, em qualquer momento, pois o casal ora oscila entre o desprezo e a paixão, ora passa a amar-se incondicionalmente sem qualquer justificação. Ora Daphne se faz de difícil, ora já está nos braços de Castleford. Ora Castleford é um devasso, ora é um cavalheiro. Esta falta de coerência, a juntar ao pouco jeito da autora para criar química entre os seus casais, faz com que aquele que podia ter sido o seu melhor romance, acabe por ser algo que tanto é lamechas como nos é completamente indiferente.
Esta pouca credibilidade deve-se e em muito às personagens, nomeadamente, ao casal principal. Esqueçam a Daphne e o Castleford que conheceram nos livros anteriores. Esqueçam as faíscas, os temperamentos difíceis. Eles não existem neste livro. Daphne começa bem. Difícil, fria e com resposta pronta mas, rapidamente, se derrete nos braços do duque, apesar que, em sua justiça, quando não nos referimos à sua relação com Tristan, o seu passado acaba por se revelar até interessante. Contudo, já Castleford, muda completamente de personalidade assim que conhece a dona de As Flores Mais Raras. Esqueçam as terças-feiras, a devassidão, o carisma petulante porque ele não tem nada, nada disso aqui. Só num momento a meio do livro vislumbrei o Castleford que adorei. Só. E daí, muito possivelmente, a minha maior desilusão com este livro, o facto de a autora achar que, as pessoas quando se apaixonam, têm de ser pessoas completa e totalmente diferentes.
Depois de três livros a ansiar por este, sinto um sabor amargo na boca. Perigosa não foi foguetes e estrelas. Foi, uma espera longa e excruciante por algo que nunca aconteceu. Foi doce, quando devia ter sido picante. Foi lamechas quando devia ter sido ardente. Parece que é aqui, Madeline que nos despedimos…