A review by acrisalves
Fairyland by Paul J. McAuley

4.0

https://osrascunhos.com/2008/12/08/fairyland-paul-mcauley/

De Paul McAuley tinha lido anteriormente A Invenção de Leonardo, um livro de História Alternativa que, embora tenha apreciado, não se tornou um dos meus favoritos.

Paul McAuley escreve também Ficção Científica impregnada de Biologia Molecular, como viria a descobrir com Fairyland (que faz parte da colecção de 8 volumes Future Classics da Gollancz) – talvez por causa do seu passado como investigador em Oxford.

Vencedor dos prémios Arthur C. Clarke e John W Campbell, Fairyland retrata um Mundo de Fadas que representa o Mundo das infinitas possibilidades. Este Mundo não é, como seria de esperar, um sonho – antes um pesadelo, uma ilusão momentânea para os humanos, uma realidade efémera para outros seres inteligentes – As Fadas. Estas, por sua vez, não possuem a mítica origem que se encontra nos normais contos. São antes o resultado da transformação de bonecas, seres humanos assexuados, modificados geneticamente para desempenharem as mais variadas funções, sem vontade própria e comandados por um chip incorporado.

Alex é um cientista obscuro que trabalha numa linha de negócio que se tornará ilegal – à semelhança das drogas tradicionais, constrói vírus que permitem estimular o cérebro, modificar emoções ou memórias. Dado o potencial público alvo para os seus produtos e o seu passado duvidoso, Alex vê-se forçado por um gangster a enveredar numa linha diferente de investigação, a produção de hormonas quer permitam às bonecas adquirir caracteres sexuais secundários e até, capacidade reproductiva.

Neste projecto forçado, conhece Milena, uma jovem de 10 anos sobre-humana que utiliza a nanotecnologia para os mesmos fins que os vírus de Alex, e que pretende libertar as bonecas através da alteração dos chips. Assim nascem as fadas.

Abandonado por Milena, Alex irá percorrer Mundo para a encontrar, induzido por uma infecção que provoca uma cega paixão pouco romântica.

A história pode ser dividida em três grandes partes. A primeira, centra-se em Alex e no seu estranho relacionamento com Milena, terminando com a libertação da primeira boneca. A segunda parte deixa de ser centrada totalmente em Alex e acompanhamos outras personagens que assistem a estranhos acontecimentos – rapto de crianças e mortes inesperadas. Algumas dedicam-se a lutar contra o avanço das fadas, outras afastam-se para não serem engolidas pelo pesadelo que as rodeia. Na última parte, Alex torna-se apenas mais uma peça do enorme puzzle que foi sendo montado.

Fairyland explora vários aspectos dos avanços bio e nanotecnológicos, mas não de uma forma agradável – é um pesadelo que invade alguns humanos, os transforma de múltiplas maneiras, como uma doença inteligente mas egoísta. Ainda que algumas pessoas se insurjam, a sua voz é engolida pelos múltiplos interesses económicos.

Ainda que seja uma história diferente e interessante, Fairyland consegue tornar-se extremamente longa e aborrecida, principalmente na segunda parte que se torna um perpetuar de acontecimentos inconsequentes que nada acrescentam à nossa visão da história. Por outro lado, nessa altura, as personagens pouco ajudam para que a história seja capaz de nos envolver.

Fairyland é uma boa obra de ficção científica, que se desenrola em torno dos desenvolvimentos biotecnológicos (o que é raro), mas dado o seu prolongar excessivo, não se tornou uma das minhas leituras favoritas.