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adritavares 's review for:
A filha perdida
by Elena Ferrante
A maternidade e suas facetas... é bem difícil escrever algo sobre esse livro. Nada que eu escreva expressará a complexidade da maternidade tão bem exposta por Ferrante. Leda é uma mulher de 40 e poucos anos que vai passar férias em uma praia. Lá se vê fascinada por uma família numerosa, dentre eles Nina, mãe de Elena, e sua cunhada grávida. A todo momento ela observa a família e faz análises de seus comportamentos, até que encontra a boneca favorita da pequena Elena. No primeiro momento pensa em devolvê-la, mas vai adiando e vendo o quanto a menina fica dependente da mãe, irritadiça, mal-educada, gosta de ver como vai desenrolando a vida delas sem a boneca. Em um desses encontros, Leda conta para Nina que abandonou suas filhas quando pequenas por 3 anos para dedicar-se a si, o que a princípio é motivo de horror, vai se tornando fascínio para conseguir o mesmo ato. Nina pede ajuda a Leda e esta promete ajudá-la, mas antes devolve a boneca de Elena. Nina, obviamente, fica irritadíssima por ela não a ter entregado antes e rompe contato com Leda. Esta decide voltar para casa e, quando questionada pelas filhas se estava bem, responde: Estou morta, mas bem."
"Percebi há muito tempo que conservo pouco de mim e tudo delas (as filhas). **** Eu observava minhas filhas quando elas estavam distraídas e sentia por elas uma complicada alternância de simpatia e antipatia. **** Que bobagem pensar que é possível falar de si mesmo aos filhos antes que eles tenham pelo menos 50 anos. Queria ser vista por eles como uma pessoa e não como uma função. **** ''Por que você deixou suas filhas?'' ''Eu as amava demais e achava que o amor por elas impediria que eu me tornasse eu mesma.'' ''Se você estava bem, por que voltou?'' ''Porque percebi que eu não era capaz de criar nada meu que pudesse realmente está à altura delas.'' ''Então você voltou por amor as suas filhas?'' ''Não, voltei pelo mesmo motivo que me fez ir embora: por amor a mim mesma. [...] Me senti mais inútil e desesperada sem elas do que com elas.''
"Percebi há muito tempo que conservo pouco de mim e tudo delas (as filhas). **** Eu observava minhas filhas quando elas estavam distraídas e sentia por elas uma complicada alternância de simpatia e antipatia. **** Que bobagem pensar que é possível falar de si mesmo aos filhos antes que eles tenham pelo menos 50 anos. Queria ser vista por eles como uma pessoa e não como uma função. **** ''Por que você deixou suas filhas?'' ''Eu as amava demais e achava que o amor por elas impediria que eu me tornasse eu mesma.'' ''Se você estava bem, por que voltou?'' ''Porque percebi que eu não era capaz de criar nada meu que pudesse realmente está à altura delas.'' ''Então você voltou por amor as suas filhas?'' ''Não, voltei pelo mesmo motivo que me fez ir embora: por amor a mim mesma. [...] Me senti mais inútil e desesperada sem elas do que com elas.''