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A review by lilcurious
O Morro dos Ventos Uivantes by Emily Brontë
challenging
dark
emotional
- Plot- or character-driven? A mix
- Strong character development? It's complicated
- Loveable characters? No
- Flaws of characters a main focus? Yes
5.0
Procurei muito sobre o livro antes de ler, queria entender o contexto, a importância dele, os temas recorrentes e etc, para ter uma imersão maior. E uma das coisas que encontrei muito foram críticos falando do inferno que era o livro (tem inclusive uma citação que ficou bem famosa do Dante Gabriel Rossetti: "The action is laid in hell, – only it seems places and people have English names there") e eu duvidei um pouco, achei que esse estardalhaço todo era por causa da sensibilidade da época. Mas depois de ler o livro eu posso afirmar que estavam certos sim, todas as pessoas são desprezíveis, é chocante e é um inferno.
Não têm muitas cenas gráficas, então não é aquele choque de gore, que pouco funciona hoje em dia. O que choca é a perversidade que está em tudo. Os estouros delirantes da Catherine por qualquer coisa, a calma cínica do Heathcliff no início e toda a tempestade de ódio e ressentimento que vêm depois, o amor absoluto deles que destrói qualquer coisa ao redor. Choca também o fato de o livro não nos deixar ter compaixão de ninguém, todos são vítimas e isso só transforma eles em cascas de seres humanos, amargos, voláteis, mesquinhos e alheios a tudo que não sejam suas próprias vontades e desgostos. Como sentir pena? Como não sentir pena?
Também li os poemas da Emily Brontë enquanto lia o livro para os mesmos fins de imersão, e tive uma visão maior da qualidade dos diálogos que ela escreve. Mesmo na poesia, o diálogo é a estrela. Isso porque ela tem uma habilidade impressionante em expressar a particularidade da vida e da visão de cada personagem e ainda fazer isso com uma escrita linda. É de uma maturidade notável ela perceber esse ponto forte e decidir escrever o livro inteiro como uma conversa, em determinadas partes chegando a ter três camadas de diálogo, de alguém contando para alguém contando para alguém contando pra gente, e fazer cada uma dessas camadas adicionar nuance e esclarecer, ao mesmo tempo que complica, cada personagem.
Além de também ter nos permitido ter a narração da Nelly (que eu amo!), ela ser uma empregada que foi criada e cresceu junto com Catherine, Heathcliff e Hindley dá uma visão incrível de alguém incluso profundamente na intimidade da família, mas que ainda se mantém um observador externo (o que não quer dizer imparcial).
Mas depois que a Cathy morre e acompanhamos a história de amor do Linton Heathcliff e da Catherine Linton (amo os nomes confusos e repetidos inclusive, uma forma bem simples, mas sagaz, de demonstrar o caráter cíclico da história), o livro começou a me prender menos, principalmente porque o Linton é insuportável. Porém algumas situações fizeram eu entender e apreciar o personagem, muito por perceber que o que a Nelly falava sobre ele não era necessariamente verdade, e o momento que isso fica mais claro deu uma dimensão deliciosamente desorientante para o livro.
No mais, a minha única reclamação é que eu li o livro num período bem ocupado pra mim e acho que teria gostado ainda mais se tivesse demorado menos para ler. Desde já ansioso pela releitura.
Não têm muitas cenas gráficas, então não é aquele choque de gore, que pouco funciona hoje em dia. O que choca é a perversidade que está em tudo. Os estouros delirantes da Catherine por qualquer coisa, a calma cínica do Heathcliff no início e toda a tempestade de ódio e ressentimento que vêm depois, o amor absoluto deles que destrói qualquer coisa ao redor. Choca também o fato de o livro não nos deixar ter compaixão de ninguém, todos são vítimas e isso só transforma eles em cascas de seres humanos, amargos, voláteis, mesquinhos e alheios a tudo que não sejam suas próprias vontades e desgostos. Como sentir pena? Como não sentir pena?
Também li os poemas da Emily Brontë enquanto lia o livro para os mesmos fins de imersão, e tive uma visão maior da qualidade dos diálogos que ela escreve. Mesmo na poesia, o diálogo é a estrela. Isso porque ela tem uma habilidade impressionante em expressar a particularidade da vida e da visão de cada personagem e ainda fazer isso com uma escrita linda. É de uma maturidade notável ela perceber esse ponto forte e decidir escrever o livro inteiro como uma conversa, em determinadas partes chegando a ter três camadas de diálogo, de alguém contando para alguém contando para alguém contando pra gente, e fazer cada uma dessas camadas adicionar nuance e esclarecer, ao mesmo tempo que complica, cada personagem.
Além de também ter nos permitido ter a narração da Nelly (que eu amo!), ela ser uma empregada que foi criada e cresceu junto com Catherine, Heathcliff e Hindley dá uma visão incrível de alguém incluso profundamente na intimidade da família, mas que ainda se mantém um observador externo (o que não quer dizer imparcial).
No mais, a minha única reclamação é que eu li o livro num período bem ocupado pra mim e acho que teria gostado ainda mais se tivesse demorado menos para ler. Desde já ansioso pela releitura.