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cintiandrade 's review for:
Os Maias
by Eça de Queirós
"(...) a luz surgiu - e com ela o avô em mangas de camisa, lívido, mudo, grande, espectral. Carlos não se moveu, sufocado; e os dois olhos do velho, vermelhos, esgazeados, cheios de horror, caíram sobre ele, ficaram sobre ele, varando-o até às profundidades da alma, lendo lá o seu segredo."
Ler uma história com um segredo central que já conheço me deixa bastante dividida. Por um lado, eu confesso que tenho inveja de quem pode descobrir o segredo pela primeira vez. Por outro, conhecer o segredo me deixa mais atenta às estratégias utilizadas para preparar o leitor para a revelação.
Com aproximadamente 560 páginas, é apenas nas últimas cem que somos apresentados ao conflito central da trama, e é de certa forma essencial que o leitor esteja muito cativado por Carlos e por Maria Eduarda para que o segredo tenha o impacto esperado. Eça faz isto através de um Carlos da Maia altamente gostável, mesmo sendo um típico rico improdutivo para a sociedade e com aversão ao trabalho.
Quando finalmente é revelado o parentesco entre Carlos e Maria Eduarda,o romance dos dois já demorou tanto a se concretizar e já enfrentou tantas dificuldades que é quase inevitável torcer pelos dois protagonistas. É interessantíssimo que o espectro do incesto assombre justamente a família mais nobre, mais civilizada de Lisboa. Que o protagonista, um dos homens mais ricos e respeitáveis da cidade, veja-se reduzido a uma besta governada por seus instintos.
Altamente recomendado.
Ler uma história com um segredo central que já conheço me deixa bastante dividida. Por um lado, eu confesso que tenho inveja de quem pode descobrir o segredo pela primeira vez. Por outro, conhecer o segredo me deixa mais atenta às estratégias utilizadas para preparar o leitor para a revelação.
Com aproximadamente 560 páginas, é apenas nas últimas cem que somos apresentados ao conflito central da trama, e é de certa forma essencial que o leitor esteja muito cativado por Carlos e por Maria Eduarda para que o segredo tenha o impacto esperado. Eça faz isto através de um Carlos da Maia altamente gostável, mesmo sendo um típico rico improdutivo para a sociedade e com aversão ao trabalho.
Quando finalmente é revelado o parentesco entre Carlos e Maria Eduarda,o romance dos dois já demorou tanto a se concretizar e já enfrentou tantas dificuldades que é quase inevitável torcer pelos dois protagonistas. É interessantíssimo que o espectro do incesto assombre justamente a família mais nobre, mais civilizada de Lisboa. Que o protagonista, um dos homens mais ricos e respeitáveis da cidade, veja-se reduzido a uma besta governada por seus instintos.
Altamente recomendado.