A review by brunomonteiro
Departamento de Especulações by Jenny Offill, José Miguel Silva

3.0

"Nalgumas mulheres parece tão fácil —desfazem-se da ambição como de um casaco caro que já não lhes serve."
— p.75

"Mas a minha agente tem uma teoria. Segundo ela, todos os casamentos são mal-ajambrados, feitos de improviso. Mesmo aqueles que por fora parecem razoáveis, interiormente estão colados com cuspo, presos com arames e fita adesiva."
— p.76

"Se alguém nos pede para recordarmos um dos momentos mais felizes da nossa vida, importa considerar não apenas a pergunta, mas também quem a faz. Se a pergunta é feita por alguém que amamos, é legítimo presumir que essa pessoa tenha a esperança de fazer parte da recordação que invocou. Mas podíamos, se retorcido, esquecer fôssemos maus e tivéssemos um coração
esse exemplo mais óbvio e afetuoso, e em vez disso recordar um momento em que estivemos completamente sós, no campo, sem que ninguém nos pedisse o que quer que fosse, nem sequer amor. Podíamos dizer que esse foi o nosso momento mais feliz. E se o fizéssemos, ao falar deste momento sobremaneira feliz, deixaríamos infeliz a pessoa que mais queremos ver feliz."

— p.78

Comecei este livro cheio de vontade e expectativas. Lera umas palavras encorajadoras sobre o experimentalismo e engenho narrativo de Jenny Offill, mas na verdade o livro nunca me agarrou... ou talvez o tenha lido numa altura em que era difícil qualquer livro agarrar a minha atenção inconstante. Arrastei, penosamente, a leitura durante umas longas semanas num vaivém buliçoso... como aquele que se vive nas relações impossíveis. Por vezes, a culpa não está somente no livro mas também no leitor.