A review by anacatnascimento
Big Fish by Daniel Wallace

5.0

Toda a gente conhece, já viu ou, pelo menos, ouviu falar no filme «Big Fish», de Tim Burton. Eu sou uma dessas pessoas. Vi o filme há já bastante tempo e, tenho de admitir, nem achei nada de especial.

Recentemente, descobri que o filme era baseado num livro - e, por isso, quis ver se a minha opinião se mantinha depois de ter lido a verdadeira história, com todos os pormenores.

Não se manteve. Gostei mesmo muito deste livro, infinitamente mais do que do filme - e sou uma ENORME fã de Tim Burton. «Big Fish» é a epopeia que foi a vida de Edward Bloom contada através das várias histórias que compuseram a sua vida e que, invariavelmente, se cruzam com a vida do filho William, da esposa Sandy e de outros tantos intervenientes a quem Edward mudou o destino.

A relação de William e Edward é um dos pontos fulcrais do livro, e eu vi-me espelhada tanto num personagem como no outro, por muitas razões, mas especialmente em Edward, e em todas as suas dicotomias: aquele wanderlust, ao mesmo tempo que não deixava de amar quem ficara para trás; o não poder ficar, não poder negar o desejo tão selvagem de partir; criar um amor tão grande a um lugar que teve de o ter, de ser dono dele; uma paixão nascida nesse lugar e que é impossível.

Tudo isto me diz qualquer coisa, e consigo perfeitamente fazer paralelos com a minha própria vida. É disto que são feitos os bons livros: aqueles que lemos e pensamos "ena, também eu!".

É difícil escolher uma coisa que gostei acima das outras em «Big Fish». Adorei o modo como está escrito, adorei o formato das pequenas aventuras do passado misturadas com a realidade do presente, que cruzam as aventuras loucas, saídas de contos de fadas e da imaginação prodigiosa de Edward, com os últimos capítulos da sua vida e os pensamentos de William.

Mas o que adorei mesmo foi quando William se vê a si mesmo, naquele sonho profético do pai, e trauteia a piada ao mesmo tempo que o seu outro eu. «"He made me laugh", he said"».

O que não adorei - e foi mesmo só isto! - foi o final. Depois de tanta fantasia, esperava uma coisa mais...real. Para mim, era o que fazia sentido. Mas também entendo que aquele final fecha o círculo, e leva Edward de volta ao seu elemento.

Em resumo, «Big Fish» tornou-se num daqueles livros, como «O Principezinho», que se deve ler de tempos a tempos, só para nos lembrarmos de que enquanto houver sonho, imaginação e histórias...

«The ending is always a surprise».