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A review by antmarques
Manhã e Noite by Jon Fosse
4.0
Tal como o rio Douro, esta foi uma leitura calma, mas com uma tensão subjacente, como se logo abaixo da superfície houvesse uma correnteza inesperada prestes a surpreender-nos.
Altura para o alerta. Não leiam a sinopse. A viagem num território inexplorado foi para mim, a parte de leão da experiência positiva que esta leitura acabou por ser. Se precisam de saber algo de antemão deste "Manhã e Noite" do mais recente Nobel, Jon Fosse, é que fala sobre o nascimento, vida e morte de Johannes, pescador como pai, nomeado como o avô. Este é um daqueles livros "fora da caixa". Juntando o estilo único do autor à perspectiva que nos é apresentada, ficamos com uma obra, de facto, ímpar.
Ímpar quer dizer, muitas vezes, polarizadora e penso que é o caso. Acredito que muitos gostarão, outros nem por isso. Nota-se a influência teatral, num registo altamente visual e vocal. A repetição está muito presente o que pode ser uma faca de dois gumes. Se por um lado, pode tornar-se poética, por outro pode ser entediante ou mesmo melodramática nos diálogos. Certo é que numa altura de difícil inovação, Fosse empunha uma bandeira bem alta com as cores da originalidade e de uma escrita muito própria.
Quanto a este "Manhã e Noite", temos essa dualidade no titulo e a analogia com nascimento e falecimento, ou será vida e morte... Também temos reflexões da fase intermédia, se assim o posso dizer, como a importância da amizade e das relações humanas, o papel do destino ou da religião e a forma como encaramos o envelhecimento.
É um livro pequeno mas com muito recheio e que pode ser uma excelente nascente para depois desaguar na vasta obra do autor. Fiquei agradavelmente surpreendido com esta leitura... Não era nada do que estava à espera e ganha outro valor pela criatividade e originalidade. É um rio que corre suave mas que não tem nada de superficial.
Altura para o alerta. Não leiam a sinopse. A viagem num território inexplorado foi para mim, a parte de leão da experiência positiva que esta leitura acabou por ser. Se precisam de saber algo de antemão deste "Manhã e Noite" do mais recente Nobel, Jon Fosse, é que fala sobre o nascimento, vida e morte de Johannes, pescador como pai, nomeado como o avô. Este é um daqueles livros "fora da caixa". Juntando o estilo único do autor à perspectiva que nos é apresentada, ficamos com uma obra, de facto, ímpar.
Ímpar quer dizer, muitas vezes, polarizadora e penso que é o caso. Acredito que muitos gostarão, outros nem por isso. Nota-se a influência teatral, num registo altamente visual e vocal. A repetição está muito presente o que pode ser uma faca de dois gumes. Se por um lado, pode tornar-se poética, por outro pode ser entediante ou mesmo melodramática nos diálogos. Certo é que numa altura de difícil inovação, Fosse empunha uma bandeira bem alta com as cores da originalidade e de uma escrita muito própria.
Quanto a este "Manhã e Noite", temos essa dualidade no titulo e a analogia com nascimento e falecimento, ou será vida e morte... Também temos reflexões da fase intermédia, se assim o posso dizer, como a importância da amizade e das relações humanas, o papel do destino ou da religião e a forma como encaramos o envelhecimento.
É um livro pequeno mas com muito recheio e que pode ser uma excelente nascente para depois desaguar na vasta obra do autor. Fiquei agradavelmente surpreendido com esta leitura... Não era nada do que estava à espera e ganha outro valor pela criatividade e originalidade. É um rio que corre suave mas que não tem nada de superficial.