Scan barcode
A review by flavioreads
Sobre a Leitura by Miguel Serras Pereira, Marcel Proust
5.0
"Talvez não haja dias da nossa infância que tenhamos vivido tão plenamente como aqueles que cremos ter deixado sem os viver, aqueles que passamos com um livro preferido. Tudo o que os preenchia para os outros, era por nós afastado como um vulgar obstáculo perante um prazer divino: o jogo para o qual um amigo vinha buscar-nos na passagem mais interessante, a abelha ou o raio de sol perturbadores que nos forçavam a levantar os olhos da página ou a mudar de lugar, as provisões da merenda que nos tinham obrigado a trazer e que deixávamos ao nosso lado no banco, sem lhes tocar, enquanto, por cima da nossa cabeça, o sol ia perdendo força no céu azul, o jantar que nos obrigara a voltar para casa e durante o qual só pensávamos em subir de novo as escadas para acabarmos, logo a seguir, o capítulo interrompido;"
É assim que Proust inicia este seu pequeno texto. Inicialmente um prefácio, acabou por se tornar numa obra por si só. Numa linguagem por vezes labiríntica e recorrendo ao poderoso sentimento de nostalgia o autor exalta o prazer da leitura. Mas não só o prazer, como também a ferramenta que pode vir a constituir. Proust afirma que a leitura é essencial para despertar a procura da verdade no íntimo de cada um de nós. Assim sendo, a leitura e a literatura são patamares que permitem uma espécie de transcendência: na solidão da leitura, esta permite a formação de um pensamento original no leitor
A leitura, para o autor, constitui também a perfeita forma de amizade. Longe está o medo de desiludir. Quando passamos um serão com um livro, é porque verdadeiramente o queremos fazer. Possui a nossa inteira atenção. Nada mais queremos do que estar ali, naquele momento, a ler o livro, a dialogar com o autor numa inteira, mas pura solidão.
A leitura deste livro foi, na verdade, uma releitura. Foi uma preparação para os próximos meses de leitura de "Em Busca do Tempo Perdido" e gostei muito!
É assim que Proust inicia este seu pequeno texto. Inicialmente um prefácio, acabou por se tornar numa obra por si só. Numa linguagem por vezes labiríntica e recorrendo ao poderoso sentimento de nostalgia o autor exalta o prazer da leitura. Mas não só o prazer, como também a ferramenta que pode vir a constituir. Proust afirma que a leitura é essencial para despertar a procura da verdade no íntimo de cada um de nós. Assim sendo, a leitura e a literatura são patamares que permitem uma espécie de transcendência: na solidão da leitura, esta permite a formação de um pensamento original no leitor
A leitura, para o autor, constitui também a perfeita forma de amizade. Longe está o medo de desiludir. Quando passamos um serão com um livro, é porque verdadeiramente o queremos fazer. Possui a nossa inteira atenção. Nada mais queremos do que estar ali, naquele momento, a ler o livro, a dialogar com o autor numa inteira, mas pura solidão.
A leitura deste livro foi, na verdade, uma releitura. Foi uma preparação para os próximos meses de leitura de "Em Busca do Tempo Perdido" e gostei muito!