A review by stephmostav
Oedipus The King by Bernard Knox, Sophocles

5.0

Acho que todos conhecem ao menos a terrível profecia de Édipo Rei: o protagonista cumpre o terrível destino de matar o pai e casar-se com a própria mãe. Nesse sentido, Édipo representa tanto a fragilidade humana diante do poder dos deuses que ele desdenhou quanto o livre arbítrio. Ele mesmo cometeu estes crimes contra os pais por conta da própria ignorância, apesar de achar-se plenamente capaz de governar e resolver o enigma do assassinato do antigo rei Laio. Édipo também é um protagonista cheio de ira: durante grande parte da história, ele confronta e discute com todos que o questionam e, ainda que dele seja o título de tirano porque julgavam que ele recebera o trono por merecimento e não por herança, suas atitudes se assemelham à nossa noção contemporânea de tirania. Édipo Rei também é uma história de decadência, pois o rei foi do poder, prestígio e felicidade máximos à literal cegueira, mendicância e infortúnio. Apesar de tanta tragédia, a leitura é rápida por conta do ritmo ágil da ação, do interesse que nos desperta o enredo e do carisma irresistível de Édipo. Ele é arrogante demais com sua autoconfiança exacerbada e sua raiva que o fez cometer tantos erros, mas talvez por este mesmo motivo que seu personagem seja capaz de nos atrair, nos fazer torcer por ele e lamentar sua queda. A questão central da peça é uma das grandes perguntas que nos fazemos desde os tempos primórdios, "quem sou?" e o autor do maior conflito surge quando Édipo soluciona essa pergunta, assim como também desvenda o autor e o motivo do assassinato de Laio. Sempre adorei histórias em que o responsável pelo sofrimento do protagonista é ele mesmo e parte da jornada desse personagem é lidar com os próprios pecados e compensar as próprias falhas. Assim como Hamlet, Édipo é um dos maiores protagonistas da literatura ocidental.