Scan barcode
A review by deathlessprogeny
O Prodígio by Emma Donoghue
challenging
dark
emotional
mysterious
reflective
sad
tense
slow-paced
- Plot- or character-driven? Character
- Strong character development? Yes
- Loveable characters? It's complicated
- Diverse cast of characters? Yes
- Flaws of characters a main focus? No
2.5
Ler O Prodígio foi um bocado doloroso. Seguir a enfermeira Lib enquanto ela observa o dia a dia de uma criança que (supostamente) sobrevive sem comer não é a melhor leitura que se possa fazer.
As primeiras 200 páginas foram dolorosas de ultrapassar por esse motivo e, também, porque nada parece acontecer que nos revele alguma informação sobre o caso durante a primeira semana da vigia. Estamos tão cegos quanto a nossa personagem principal, ponderando como será possível que a criança sobreviva sem comer. O objetivo é claro, familiarizar-nos com as personagens, Lib e Anna, e a situação em que se encontram. Eventualmente, à medida que chegamos ao fim da história, começamos a ver as diversas peças do puzzle e conseguimos ver o que se está a passar por detrás da história de um suposto milagre.
Este livro toca em temas bastante interessantes de se pensar. Começamos com uma inglesa na Irlanda rural, e temos direito a um pouco de xenofobia e incompreensão por parte da protagonista. Estar dentro da cabeça de Lib, no início da historia, torna-se exasperante para alguém no século XXI, mas com a leitura vamos entendendo que não passa do resultado da ignorância em relação aos outros que leva à incompreensão e preconceito. A questão de protestantismo vs catolicismo também está presenta, não fosse a protagonista uma herege - acusação que tarda, mas chega e é clara no modo como a família O'Donnell (principalmente a mãe) e os locais a tratam.
Este livro toca muito mais o fundamentalismo religioso. Anna é um suposto milagre; uma menina que sobrevive sem comer, apenas das suas rezas. Mas sabendo que tal é impossível, alguma razão terá de existir para o 4 meses de jejum sem qualquer consequência negativa para a menina. À medida que a história avança vamos entendendo que todos os que rodeiam esta criança se importam pouco com ela e a sua saúde e mais com o que ela poderá representar. Há quem acredite fervorosamente, quem pense que está perante um caso maravilhoso de evolução humana e quem não queira manchar a sua instituição com mais uma falsa santa.
Ver Anna definhar e perceber todos à sua volta inativos em relação a este suicídio lento mexe conosco, tal como com Lib. Não se entende como Deus poderá estar a pedir um tal sacrifício de uma criança. E à medida que vamos desvendando os segredos da história só se vai tornando cada vez mais difícil aceitar o modo como os adultos à volta de Anna se comportam. Principalmente quando os seus próprios pais parecem os mais incompreensivelmente resignados.
Apesar de não ser a leitura mais entusiasmante faz-nos pensar. Tem temas que, mesmo que desconfortáveis de se pensar, fazem parte da nossa realidade e devem ser examinados. Um livro que nos faz pensar.
As primeiras 200 páginas foram dolorosas de ultrapassar por esse motivo e, também, porque nada parece acontecer que nos revele alguma informação sobre o caso durante a primeira semana da vigia. Estamos tão cegos quanto a nossa personagem principal, ponderando como será possível que a criança sobreviva sem comer. O objetivo é claro, familiarizar-nos com as personagens, Lib e Anna, e a situação em que se encontram. Eventualmente, à medida que chegamos ao fim da história, começamos a ver as diversas peças do puzzle e conseguimos ver o que se está a passar por detrás da história de um suposto milagre.
Este livro toca em temas bastante interessantes de se pensar. Começamos com uma inglesa na Irlanda rural, e temos direito a um pouco de xenofobia e incompreensão por parte da protagonista. Estar dentro da cabeça de Lib, no início da historia, torna-se exasperante para alguém no século XXI, mas com a leitura vamos entendendo que não passa do resultado da ignorância em relação aos outros que leva à incompreensão e preconceito. A questão de protestantismo vs catolicismo também está presenta, não fosse a protagonista uma herege - acusação que tarda, mas chega e é clara no modo como a família O'Donnell (principalmente a mãe) e os locais a tratam.
Este livro toca muito mais o fundamentalismo religioso. Anna é um suposto milagre; uma menina que sobrevive sem comer, apenas das suas rezas. Mas sabendo que tal é impossível, alguma razão terá de existir para o 4 meses de jejum sem qualquer consequência negativa para a menina. À medida que a história avança vamos entendendo que todos os que rodeiam esta criança se importam pouco com ela e a sua saúde e mais com o que ela poderá representar. Há quem acredite fervorosamente, quem pense que está perante um caso maravilhoso de evolução humana e quem não queira manchar a sua instituição com mais uma falsa santa.
Ver Anna definhar e perceber todos à sua volta inativos em relação a este suicídio lento mexe conosco, tal como com Lib. Não se entende como Deus poderá estar a pedir um tal sacrifício de uma criança. E à medida que vamos desvendando os segredos da história só se vai tornando cada vez mais difícil aceitar o modo como os adultos à volta de Anna se comportam. Principalmente quando os seus próprios pais parecem os mais incompreensivelmente resignados.
Apesar de não ser a leitura mais entusiasmante faz-nos pensar. Tem temas que, mesmo que desconfortáveis de se pensar, fazem parte da nossa realidade e devem ser examinados. Um livro que nos faz pensar.