A review by antmarques
Elizabeth Finch by Julian Barnes

2.0

Neste "Elizabeth Finch" de Julian Barnes, acompanhamos Neil (narrador) que resolve frequentar um curso de Cultura e Civilização para adultos, leccionado por Elizabeth Finch. Uma mulher algo excêntrica, mas extremamente inteligente e inspiradora. Alguém que não respeita convenções e incentiva o livre pensamento. Alguém que Neil respeita e admira. Mas é também uma mulher conservadora, reservada e misteriosa, mesmo na morte quando deixa a Neil as suas notas pessoais e livros.

Esta obra é dividida em três partes, sendo a primeira a mais interessante, onde conhecemos as personagens e as bases da trama.

Na segunda parte, Julian Barnes apresenta uma espécie de experiência literária... introduz no meio de uma ficção, um ensaio biográfico sobre Juliano, o último imperador romano pagão. O nosso narrador entende-o como um desejo póstumo de EF, que tinha um fascínio por essa figura. Um trecho que parece despropositado e que lentifica de sobremaneira a leitura.

Na terceira parte, a narrativa retoma mas o mal está feito. Além disso, as personagens são vagas, envoltas numa névoa de conceitos e frases filosóficas. "Sabes como ela era.. uma mistura de candura absoluta e dissimulação súbita. Além de compreensão absoluta e distanciamento ocasional."

Esta é uma jornada de descoberta por parte de Neil. Pessoalmente, retenho a ideia de que nunca conhecemos verdadeiramente os que nos rodeiam e que procuramos completar as peças do puzzle com nossos preconceitos ou desejos. A premissa interessante está lá e a escrita é bela mas o livro não me prendeu. Trata-se de um romance altamente filosófico que convida à reflexão, mas onde por vezes a narrativa fica emaranhada numa rede de interrogações e ideias abstractas. Não é um mau livro, mas a leitura não foi a mais cativante. Julian Barnes terá uma nova oportunidade para se redimir. Quanto a EF, digo-lhe adeus e já de costas voltadas duvido que venha a ter saudades.