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Uma epopeia familiar, vista sob um olhar global e multicultural, e ao mesmo tempo tão conhecedora do âmago do ser português, capaz de enaltecer os seus devaneios mais nostálgicos e melancólicos. Merece todos os laudos, e merece ser a luz do nosso cânone. Um texto apenas possível graças ao acesso ao mundo tido por Eça enquanto diplomata, e ainda ao facto de ser escrito já numa fase de grande experiência de vida alcançada, pouco antes de morrer.
Não sendo um estudioso de literatura, mas tendo em conta os clássicos que tenho lido mais recentemente, "Os Maias" apresenta várias particularidades que o tornam relevante para qualquer estudioso e que fazem com que mereça ser referenciado em muitas mais listas de livros obrigatórios (podendo desde já encontrar-se no cânone de Bloom, ou no English PEN)
Desde os aspectos de cruzamento cultural que vão sendo apresentados capazes de ligar dados sociais e históricos de Portugal, Inglaterra, França, Brasil, Espanha, Ásia, EUA, etc; ao puzzle geográfico nacional que nos leva a calcorrear boa parte do nosso território; passando pela ligação estabelecida entre diferentes géneros, nomeadamente opostos como a comédia e a tragédia; ou ainda toda a discussão sobre as teorias dos movimentos literários, do surgimento do realismo e decadência do romantismo, citando Émile Zola, Victor Hugo, William Shakespeare, Lord Byron, entre outros; assim como à crítica forte pelo retrato da burguesia, política e imprensa nacionais. É uma obra plena de saber que enriquece quem se predisponha a dedicar-lhe um pouco do seu tempo. Como se não bastasse é um texto que envelheceu muito bem, que apesar dos seus 118 anos continua imensamente atual e capaz de dar imenso gozo a quem o lê.
Quanto à leitura obrigatória nas escolas, é um livro difícil pela sua extensão que se arrasta em descrições e preparação para a "bolada" final, acredito que a grande maioria dos alunos não passe do meio da obra, quando o seu enredo só começa verdadeiramente a agitar-se a partir da terceira parte. Falando em meu nome pessoal, não me lembro de o ter terminado nessa altura, por isso a impressão que tinha, não apenas pela idade que se tem quando se lê, mas por não ter assistido ao desenlace da epopeia, era bem diferente. Mais, ler por obrigação, este ou outros, é sempre um problema. Fica a impressão geral, fica a memória no colectivo português da sua relevância, mas é pena que as pessoas não tenham verdadeiramente a oportunidade de por aqui passar sem a isso serem obrigadas, e dessa forma não sorvam tudo aquilo de bom que Eça tem para nos oferecer.
Publicado em: http://virtual-illusion.blogspot.pt/2016/04/os-maias-e-escola.html
Não sendo um estudioso de literatura, mas tendo em conta os clássicos que tenho lido mais recentemente, "Os Maias" apresenta várias particularidades que o tornam relevante para qualquer estudioso e que fazem com que mereça ser referenciado em muitas mais listas de livros obrigatórios (podendo desde já encontrar-se no cânone de Bloom, ou no English PEN)
Desde os aspectos de cruzamento cultural que vão sendo apresentados capazes de ligar dados sociais e históricos de Portugal, Inglaterra, França, Brasil, Espanha, Ásia, EUA, etc; ao puzzle geográfico nacional que nos leva a calcorrear boa parte do nosso território; passando pela ligação estabelecida entre diferentes géneros, nomeadamente opostos como a comédia e a tragédia; ou ainda toda a discussão sobre as teorias dos movimentos literários, do surgimento do realismo e decadência do romantismo, citando Émile Zola, Victor Hugo, William Shakespeare, Lord Byron, entre outros; assim como à crítica forte pelo retrato da burguesia, política e imprensa nacionais. É uma obra plena de saber que enriquece quem se predisponha a dedicar-lhe um pouco do seu tempo. Como se não bastasse é um texto que envelheceu muito bem, que apesar dos seus 118 anos continua imensamente atual e capaz de dar imenso gozo a quem o lê.
Quanto à leitura obrigatória nas escolas, é um livro difícil pela sua extensão que se arrasta em descrições e preparação para a "bolada" final, acredito que a grande maioria dos alunos não passe do meio da obra, quando o seu enredo só começa verdadeiramente a agitar-se a partir da terceira parte. Falando em meu nome pessoal, não me lembro de o ter terminado nessa altura, por isso a impressão que tinha, não apenas pela idade que se tem quando se lê, mas por não ter assistido ao desenlace da epopeia, era bem diferente. Mais, ler por obrigação, este ou outros, é sempre um problema. Fica a impressão geral, fica a memória no colectivo português da sua relevância, mas é pena que as pessoas não tenham verdadeiramente a oportunidade de por aqui passar sem a isso serem obrigadas, e dessa forma não sorvam tudo aquilo de bom que Eça tem para nos oferecer.
Publicado em: http://virtual-illusion.blogspot.pt/2016/04/os-maias-e-escola.html