A review by acrisalves
Jessica Jones: Alias, Vol. 2 by Brian Michael Bendis, Michael Gaydos

4.0

(publicado com imagens em https://osrascunhos.com/2016/11/24/jessica-jones-alias-vol-2-bendis-e-gaydos/)

Jessica Jones é notoriamente uma personagem com traumas. Inteligente, com super-poderes, mas com baixa auto-estima, tenta apagar o passado com um consumo excessivo de álcool e embrenhando-se em casos difíceis em terriolas esquecidas que ficaram paradas no tempo.

Neste segundo volume Jessica Jones procura uma adolescente desaparecida que morava numa dessas terriolas onde as ideias bacocas abundam e o próprio padre prega um discurso abertamente racista contra os detentores de super-poderes. Nada que não seja partilhado pelos restantes habitantes – durante a investigação pela jovem descobrem-se vários episódios suspeitos de violência contra os super, colocando-se a hipótese de a desaparecida ser mais uma vítima do preconceito.

Apesar de ter sido uma heroína de fato especial a acompanhar, Jessica Jones descarta qualquer referência à sua anterior ocupação e raramente usa os super-poderes que possui. Como detective prefere observar e espicaçar testemunhas, mostrando o cinismo próprio de alguém que, sendo inteligente, já perdeu fé na humanidade.

Original pela peculiar personalidade de Jessica Jones e pela abordagem que segue ao integrá-la numa profissão menos charmosa, esta série peca, no meu ver, apenas por possuir algumas páginas visualmente desconfortáveis, com espaços em branco.

Detalhes, pois este volume é complementado com algumas imagens bastante interessantes, quer ao mostrar o cadernos de recortes da adolescente perdida (uma abordagem interessante), quer numa pequena história final, independente, onde Jessica Jones é paga para descobrir quem é o Homem Aranha – sem grande sucesso, mas não porque a própria não saiba a sua verdadeira identidade.

Entre as histórias de super-heróis e as histórias de detectives, Jessica Jones é uma heroína peculiar que demonstra a sua inteligência e perspicácia sem episódios de grande show-off intelectual, por vezes de forma subtil mas eficaz.