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cetian 's review for:
Delta of Venus
by Anaïs Nin
O que aconteceu com este conjunto de texto é muito interessante. Um cliente privado pagou a Nin e mais alguns escritores (como Henry Miller e George Barker) para lhe escreverem histórias eróticas. E, à medida que recebia as histórias, ia pedindo para deixarem de lado os pormenores poéticos e se concentrarem no sexo, nas partes explícitas. Ia elogiando os textos, mostrando-se satisfeito e pagando bem, sempre mantendo o anonimato. Mas pedindo mais, mais sexo, queria que fosse mais explícito. Estes textos, a colecção da contribuição de Anaïs Nin, têm essa tensão, feita da pesquisa do Kama Sutra, da inclusão das histórias de amigos, do que se ia sabendo sobre sexo da pesquisa médica e de uma frustração crescente porque um cliente misterioso ia repetindo, está muito bem, mas ponham de lado a poesia, e mais sexo por favor.
Este momento com a geração de Anaïs Nin foi curioso. Eis um grupo de pessoas muito motivado para, precisamente, combater os preconceitos em relação ao sexo. Na altura, os livros de Henry Miller eram sistematicamente cenrurados nos EUA, e muitos só seriam publicados anos mais tarde. Nos anos 40, eles estavam numa espécie de vanguarda, no que respeitava ao sexo. E aqui encontraram o mais ávido dos leitores. E não resultou a relação escritor/leitor. Ou resultou como um teste. Os textos aqui publicados são os que Nin escreveu. E o tema que ela lançou no prefácio é ainda pertinente.
Quando o objectivo é falar sobre sexo, escreve-se o quê? Circunavega-se? Escreve-se, como dizia o cliente, poesia? Ou vai-se direito ao assunto? E o que é ir direito ao assunto? Só existe pornografia e o resto? Anaïs Nin diz que o colecionador, o nome por que era referido o cliente, estava a ser tão insistente naquele ponto, que estava a retirar-lhe o maior afrodisíaco, precisamente a poesia. E refere-se a descrições explícitas como descrições clínicas. Mas será que falar do corpo humano, de tudo o que envolve o corpo humano, dois corpos humanos tem de ter a frieza de uma descrição clínica? Não pode ter poesia?
Este momento com a geração de Anaïs Nin foi curioso. Eis um grupo de pessoas muito motivado para, precisamente, combater os preconceitos em relação ao sexo. Na altura, os livros de Henry Miller eram sistematicamente cenrurados nos EUA, e muitos só seriam publicados anos mais tarde. Nos anos 40, eles estavam numa espécie de vanguarda, no que respeitava ao sexo. E aqui encontraram o mais ávido dos leitores. E não resultou a relação escritor/leitor. Ou resultou como um teste. Os textos aqui publicados são os que Nin escreveu. E o tema que ela lançou no prefácio é ainda pertinente.
Quando o objectivo é falar sobre sexo, escreve-se o quê? Circunavega-se? Escreve-se, como dizia o cliente, poesia? Ou vai-se direito ao assunto? E o que é ir direito ao assunto? Só existe pornografia e o resto? Anaïs Nin diz que o colecionador, o nome por que era referido o cliente, estava a ser tão insistente naquele ponto, que estava a retirar-lhe o maior afrodisíaco, precisamente a poesia. E refere-se a descrições explícitas como descrições clínicas. Mas será que falar do corpo humano, de tudo o que envolve o corpo humano, dois corpos humanos tem de ter a frieza de uma descrição clínica? Não pode ter poesia?