A review by ensaiosobreodesassossego
Homo Deus: A Brief History of Tomorrow by Yuval Noah Harari

4.0

Começo por dizer que li e adorei o 'Sapiens' no ano passado, tornou-se num dos meus livros preferidos de não-ficção e é daquelas leituras que eu recomendo a qualquer pessoa. Por isso, estava com algumas expectativas em relação a 'Homo Deus'.
No entanto, na minha opinião, Harari repetiu-se imenso, até à página 200 e tal o livro foi basicamente uma versão resumida do 'Sapiens'. E eu percebo que esteja tudo relacionado, obviamente, só acho que não precisava de tantas páginas para falar da mesma coisa.

Chegada a meio da leitura, aí sim, adorei e foi exactamente aquilo que eu esperava: Harari a explicar as coisas de forma simples e, ao mesmo tempo, a fazer reflectir. O autor é historiador e fala da humanidade de forma geral, sem fazer distinções entre nações, raças ou religiões, porque, de facto, fazemos todos parte da mesma espécie.

Achei este livro bem mais técnico/científico do que o 'Sapiens', já que, acompanhando o presente e futuro da humanidade, Harari se foca nas novas tecnologias, no estudo do cérebro, no futuro da bioengenharia e, acima de tudo, da inteligência artificial e que impacto terá tudo isto no ser humano. É mais importante a inteligência ou a consciência?

'Homo Deus' pode fazer-vos ter uma crise existencial, pensar como raio vai ser o futuro da humanidade, com tantos estímulos, tanta tecnologia, tanta coisa que a maioria de nós não entende patavina. E as pessoas? Onde ficam as pessoas? O ser humano vai continuar a ser humano?

Sou uma pessoa pessimista por natureza (tendo em conta o estado da humanidade, eu considero-me realista) e, por isso, ler este livro não foi nada fácil. Harari retrata vários cenários, muitos deles pouco favoráveis para o futuro da humanidade ou, pior ainda, quase todos afundam ainda mais a luta entre classes, os super ricos e o resto. Seja o que o futuro nos trouxer uma coisa é certa: não são as elites que vão sofrer.

Além disso, cada vez vamos ficar mais dependentes e escravos dos smartphones, já não sabemos tomar decisões por conta própria, mas agora os algoritmos dão-nos sugestões do que comprar, que filme ver, que tipo de alimentação ter, como chegar a certo lugar. Todos os dias damos os nossos dados, aos nossos smartphones, ao Google e ao Facebook. E fazemos tudo isto voluntariamente.

Olho para o futuro sempre com bastante apreensão e angústia. Vivemos em tempos caóticos e a única solução para não enlouqucer com essa informação é esquecê-la. Ora, a ler 'Homo Deus' não dá para esquecer.

Sendo um livro de não-ficção, para mim foi obrigatório acompanhar a leitura sempre com um lápis na mão. Sublinhei imenso, tirei notas e, assim como 'Sapiens', vai ser um livro que eu vou revisitar algumas vezes.