A review by patriciasjs
The Devil in the Corner by Patricia Elliott

2.0

Opinião do blogue Chaise Longue: http://girlinchaiselongue.blogspot.pt/2014/05/opiniao-devil-in-corner.html

Nasceu em Londres mas cresceu entre a Europa e o Extremo Oriente, em países como Singapura e Malásia. Começou a escrever aos seis e o seu primeiro livro (de cinco orgulhosas páginas) foi como treinar o seu novo cão. Mais tarde, trabalhou no ramo editorial londrino e numa livraria para crianças em Nova Iorque e hoje, para além de escritora, dá Literatura Infantil num curso de educação. Regressou a Londres.
Patricia Elliott publicou o seu primeiro livro em 2002 mas já tinha ingressado na escrita em dois projectos anteriores. Tem oito livros publicados, sendo o mais recente, The Devil in the Corner, publicado este ano.
Uma mansão sombria, uma jovem assombrada pelo passado e um quadro secular são os ingredientes para esta trama que pretendia envolver-nos em mistério e espelhos. Com uma escrita intrigante e envolvente, Patricia Elliott poderia ter tornado The Devil in the Corner numa novela gótica que se destacasse e, até meio da narrativa, quase que o conseguiu. O que começa como um intricado puzzle de segredos obscuros, obsessões e vingança, arrepiante e sedutor, termina morno e sem graça, muito por culpa da extensão da narrativa e da incapacidade da autora de usar as peças que tinha de uma forma inteligente.
Inicialmente, este livro prendia-nos pelas pistas assustadoras que deixava no ar, pelo medo e tensão que marcavam a narrativa, pelo horror que se sentia nas entrelinhas. Imaginava-se uma história onde não havia santos nem heróis mas apenas vilões, loucos e insanos, marcados pelo passado, cheios de cicatrizes provocadas pelas perdas e dores, corroídos de inveja e sedentos de vingança, dominados por algo que existe apenas dentro deles próprios. Num ambiente obscuro e demente, adivinhava-se uma história de arrepiar que começou a tomar forma, pacientemente, sedutoramente, até que se esfumou sem razão.
A meio da narrativa, a autora perdeu o rumo da história e a partir daí o leitor é deixado à deriva num enredo estagnado e mal construído. As várias pistas deixadas nas entrelinhas nunca são explicadas, sem razão aparente, e somos deixados com uma série de acontecimentos sem motivo que levam a um final desmotivante e sem graça. Faltou organização, mas, mais do que isso, faltou saber usar as peças que tão brilhantemente no início, a autora havia disposto. O romance insonso domina a narrativa, quando poderia até nem ter existido, os crimes são inexplicáveis e as personagens sofrem mudanças tão bruscas que se tornam outras completamente diferentes.
Do conjunto de personagens sem graça, destacava-se a protagonista, Maud, que no início nos cativava pelo seu ar de menina assombrada e levemente alucinada que, lentamente, deveria ter-se tornado uma personagem psicótica e brilhante mas que acabou por ser completamente estragada pela autora que conseguiu mudá-la de tal maneira que de repente a Maud já não era a Maud. Edie poderia tê-la substituído se, mais uma vez, a autora soubesse como a levar do ponto A ao ponto B mas isso nunca aconteceu.
Uma história desperdiçada, The Devil in the Corner é um fantasma cinzento e translúcido do que poderia ter sido um monstro de loucura e beleza. Infelizmente não o é e a sensação de tristeza e aborrecimento que nos invade quando o terminámos.

**I received a digital arc from NetGalley in exchange for an honest review**