A review by ggcd1981
Wylding Hall by Elizabeth Hand

dark mysterious tense medium-paced
  • Plot- or character-driven? Character
  • Strong character development? Yes
  • Loveable characters? No
  • Diverse cast of characters? No
  • Flaws of characters a main focus? It's complicated

3.5

Acredito que minha experiência lendo Wylding Hall foi um pouco influenciada por uma má interpretação, de minha parte, da sinopse do livro. Desta forma iniciei Wylding Hall esperando ler uma história no estilo “Casa Assombrada” e, apesar de haver alguns elementos desse subgênero do terror na obra, não foi exatamente isso que encontrei. A história pende muito mais para o folclore britânico do que para uma história trágica de fantasmas. Em resumo na década de 70 os integrantes de uma banda musical acid-folk chamada “Windhollow Faire” foram passar uma temporada em uma antiga mansão, chamada Wylding Hall, no interior da Inglaterra. Durante a estadia da banda um álbum que se tornou cult nas décadas que se seguiram foi criado e, ainda mais importante, o vocalista da banda Julian Blake e uma garota desconhecida desaparecerem e nunca foram encontrados. O livro é contado em formato de entrevistas realizadas com os membros de Windhollow Faire e outros personagens relevantes que testemunharam a estadia da banda na mansão. Estes são os integrantes Will, Jon, Ashton e Lesley; Tom Haring, o agente da banda; Patricia Kenyon, jornalista musical; Nancy, namorada de Will na época e “Bruxa e vidente” profissional, e o fotografo que acredito se chamar Billy Thomas.
Durante toda a obra Julian é descrito como uma pessoa “diferente” e aparte do mundo ao seu redor. O rapaz era extremamente talentoso, um gênio musical, e foi descrito como um homem muito bonito. Ele também era tímido ao ponto de parecer esnobe as pessoas que não o conheciam e não suportava contato físico. Nas entrevistas Julian é ainda descrito como alguém fascinado por folclore, bruxaria, antigos rituais, magia. O livro passa a ideia de que o cantor era a pessoa certa (ou errada dependendo do ponto de vista) no lugar certo, pois Wylding Hall é descrito por todos que ali estiveram como um lugar quase etéreo, antigo, mágico. Esse local e seus arredores (nos quais existia uma tumba ancestral) despertaram algo em Julian que, tendo achado a biblioteca em uma área antiga e isolada da mansão aprofundou seus conhecimentos em encantos transformados em canções, rituais e magias. Quando aparece a figura de uma garota no livro ninguém sabe quem era, qual seu nome, de onde vinha, mas os entrevistados a descrevem como etérea, a parte das pessoas ao redor, usando apenas um vestido branco e com os pés sujos de penas. A garota surgiu em 3 ocasiões e desapareceu sem explicações. A primeira vez para a jornalista quando esta explorou a mansão, mas desapareceu quando Patricia desviou os olhos por alguns segundos. A segunda vez foi quando apareceu na última apresentação de Windhollow Faire como grupo, em um pub, na pequena cidade próxima a mansão. Foi nessa ocasião que Julian e a garota se encontraram e, sem palavras, pareciam se conhecer. Julian a levou para seu quarto em Wylding Hall, onde os dois desapareceram e nunca foram encontrados. A terceira e última aparição foi nas fotos tiradas da banda no jardim no dia da gravação do álbum. Todos que estiveram naquele dia concordaram que não a viram, no entanto, nas fotos, a garota estava próxima a Julian. Em uma das fotos aparecia com olhos negros e boca aberta com mais dentes do que humanamente possível. Ajustando as minhas expectativas para uma história sobre entidades mágicas ancestrais eu gostei da obra. No entanto descobri que não gosto de ler sobre músicos, bandas, estilo musicais, especialmente quando tudo isso é de um ponto de vista hipster. Contudo, gostei do livro e fico feliz que não era o que eu esperava. O único ponto fraco da obra, de forma objetiva, foi o encerramento no qual a autora recorreu a um clichê bastante cansativo: ao fim da narrativa o ex-baterista Jon narra como viu Julian e a garota na multidão de um festival folclórico, décadas após o desaparecimento, e como eles pareciam não ter envelhecido. Assim como o clichê manda um grupo de pessoas tapou a visão de Jon que ao olhar novamente viu que o cantor e a garota haviam desaparecido.
Esse encerramento foi desnecessário e arruinou um final que poderia ter sido mais intrigante. Hard deveria ter deixado o final em aberto, “o que aconteceu com eles?”, “Julian foi para um lugar melhor ou foi devorado/consumido pela garota a qual mais parecia uma entidade ancestral do que algo que já tenha sido humano”. Terminar com estas questões em aberto teria sido mais memorável. Pelo clichê e pelos hipsterismos musicais não posso dar nota maior, mas a obra é um sólido 3.5 estrelas. 

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