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nzagalo 's review for:
O Enredo Conjugal
by Jeffrey Eugenides
O meu problema com "O Enredo Conjugal" é a leveza da escrita e a abordagem à questão principal que nunca parece querer ser levada a sério. Seguimos um conjunto de alunos universitários, provenientes de famílias das classes média alta e alta, que parecem apenas passar pela vida, não a vivem, porque são poupados aos seus efetivos problemas. Demasiado autocentrismo, excesso de hedonismo, pouco ou nada acaba importando.
Se o objetivo era demonstrar que ainda é possível fazer romances literários baseados no enredo do casal, falha completamente, não pelo modo, até interessante, como termina, mas pelo modo como chega lá. Compare-se Madeleine com Bovary, Earnshaw ou Eyre, até mesmo com Bennet, é todo um vazio. Claro que podemos dizer que é o mundo em que vivemos, o moderno mundo esvaziado de romance, mas isso não condiz com a realidade, nem com o cada vez maior número de romances e erótica feminina produzida globalmente. Ou seja, assentar a ideia no simples facto de termos cada vez mais divórcios, para tornar tudo impessoal, parece-me longe da realidade.
Aliás, talvez seja antes todo o contrário, já que vivemos tudo, aparentemente, a maior velocidade, e por isso temos necessidade de paixões mais intensas, ainda que rápidas, passageiras. Ora aqui não temos paixão nunca, nem sequer passageira, temos três personagens que pensam apenas em si, sendo os outros, para cada um deles, meros atores secundários. Nada aqui apaixona ninguém, nem os estudos, nem o trabalho de investigação, nem o trabalho missionário à India. Parece tudo não passar de decoração do mundo criado por Eugenides.
Se o objetivo era demonstrar que ainda é possível fazer romances literários baseados no enredo do casal, falha completamente, não pelo modo, até interessante, como termina, mas pelo modo como chega lá. Compare-se Madeleine com Bovary, Earnshaw ou Eyre, até mesmo com Bennet, é todo um vazio. Claro que podemos dizer que é o mundo em que vivemos, o moderno mundo esvaziado de romance, mas isso não condiz com a realidade, nem com o cada vez maior número de romances e erótica feminina produzida globalmente. Ou seja, assentar a ideia no simples facto de termos cada vez mais divórcios, para tornar tudo impessoal, parece-me longe da realidade.
Aliás, talvez seja antes todo o contrário, já que vivemos tudo, aparentemente, a maior velocidade, e por isso temos necessidade de paixões mais intensas, ainda que rápidas, passageiras. Ora aqui não temos paixão nunca, nem sequer passageira, temos três personagens que pensam apenas em si, sendo os outros, para cada um deles, meros atores secundários. Nada aqui apaixona ninguém, nem os estudos, nem o trabalho de investigação, nem o trabalho missionário à India. Parece tudo não passar de decoração do mundo criado por Eugenides.