celestecorrea 's review for:

Do Lado de Swann by Marcel Proust
4.0

Em minha opinião, nesta obra os spoilers não incomodam pelo que recorri a textos de ajuda para a sua leitura; ninguém ignora, por exemplo, a famosa cena do Narrador, que mergulhando uma madalena no chá, convoca através do sabor as imagens da infância.

Rememorar o passado – sem respeitar a ordem cronológica dos factos -, procurar o tempo perdido para reencontrá-lo no último volume. A escrita de Proust é um bordado não em ponto de cruz mas em ponto pé de flor: uma laçada à frente, meia laçada atrás, uma laçada à frente, meia laçada atrás resultando num total maior e mais espesso que o total das laçadas.

Mas o que Proust tem que os outros não têm? Tem uma narrativa que nunca acaba, ou seja, em determinado sentido , nunca começa. Proust joga com o Tempo nas três partes do livro, e coloca o Narrador longos minutos em suspensão defronte de um espinheiro, para dar apenas um exemplo. O livro tem longas Pausas, ou, não seja Proust conhecido como um romancista pródigo em descrições, o que provoca um certo tédio. Contudo, essas passagens descritivas não são, relativamente à amplidão da obra, nem muito longas, nem muito numerosas (pouco mais de trinta, segundo os especialistas).
A escrita é muito detalhada e confesso que saltei algumas páginas, uma vez, ou outra.

Irá Proust mudar a minha vida? Sigo para o próximo volume.