Reviews

Il giardino dei Finzi Contini by Giorgio Bassani

katya_m's review against another edition

Go to review page

Na vida, para se perceber, mas perceber verdadeiramente, como são as coisas deste mundo, deve-se morrer pelo menos uma vez. E então, uma vez que é essa a lei, o melhor é morrer quando ainda se é novo, quando se tem ainda tempo, diante de si, para se aguentar no balanço e ressuscitar... Perceber, quando já se é velho, é muito desagradável.

Alguns livros agarram-me pelos sentidos: a música, a arte, a comida - sim, a comida - são coisas que me são caras na leitura (não dá para explicar). E depois destas, existe outra coisa que valorizo muito - várias coisas que agrupo como uma só: a doçura dos relatos, a melancolia de um passado que representa demasiadas coisas boas para poder ser suplantado por um presente/futuro agreste.

Eram os anos loucos, mas de certo modo generosos, do primeiro fascismo emiliano. Todas as acções e comportamentos eram julgados - mesmo por quem, como o pai, citava frequentemente Horácio e a sua aurea mediocritas - através da peneira tosca do patriotismo ou derrotismo.

É num relato assim melancólico que o jardim dos Finzi-Contini, pequeno oásis numa Ferrara já cercada pelas sombras do nazifascismo, representa um reduto, um refúgio e igualmente uma figura dotada de animismo que lhe permite abrigar, escudar e conservar uma época na qual a inocência ainda figura incontestada, onde o desconhecido não perturba, onde o futuro, ainda indefinido, não causa temor...

(...)quantos tinham sido em Itália, antes de 1938, os «israelitas» antifascistas? Bem poucos, era de temer, uma exigua minoria, uma vez que, mesmo em Ferrara(...) o número dos judeus inscritos no Fascio tinha sido sempre bastante elevado.

O jardim dos Finzi-Contini é um símbolo da ordem social do velho mundo, de um passado cristalizado onde a esperança é mais forte do que qualquer ameaça...

(...)olhava-os, um a um, à volta, tios e primos, grande parte dos quais, dali a alguns anos, seriam engolidos pelos fornos crematórios alemães e não imaginava, é claro, que eles acabassem assim, nem sequer eu o imaginava, mas apesar de tudo já então, naquela noite, embora os visse tão insignificantes nos seus pobres rostos cobertos com chapéus burgueses ou com burguesas permanentes, mesmo ao sabê-los tão obtusos de cérebro, tão incapazes de avaliar o verdadeiro alcance do hoje e de ler no amanhã, já então me apareciam envoltos na mesma auréola de misteriosa fatalidade petrificada que os envolve hoje na minha memória.

E quem são os Finzi-Contini? Os Finzi-Contini são uma opulenta e antiga família judia de Ferrara que vive em ambiente de fausto e opolência, relativamente marginalizada face a um grupo que se pretende tradicional e homogéneo...

(...)os judeus - sefardis e asquenazes, do Poente e do Levante, tunisinos, berberes, iemenitas, e até etíopes, - em qualquer parte da terra, sob qualquer céu para onde a História os tenha dispersado, são e serão sempre hebreus, ou seja parentes próximos.

...porque não se enquadram nos moldes habituais, são encarados sob certa suspeita, reticência e receio pelos seus pares...

Que absurdo e curioso nó de contradições «insolúveis» representavam «socialmente»! Algumas vezes, pensando nos milhares de hectares de terra cultivável que possuíam, pensando nos inumeráveis trabalhadores que lhes aravam aquelas terras, disciplinados e submissos escravos do Regime Corporativo, quase preferia, a eles, os ferozes latifundiários «normais», aqueles que nos anos vinte, vinte e um e vinte e dois, não tinham hesitado em puxar os cordões à bolsa para criar e fardar os torturadores e os distribuidores de óleo de rícino com camisas negras. Esses, pelo menos, eram fascistas. Quando chegasse a ocasião não haveria dúvidas acerca do modo como os tratar. Mas os Finzi-Contini?

...isolados pelas leis raciais e segregados pela própria comunidade, a solidão dos Finzi-Contini é dupla e Bassani consegue, através do seu retrato, fazer refletir o leitor sobre todos os preconceitos, injustiças e julgamentos que, entre os nossos iguais, somos rápidos a levantar quando males maiores, maiores perigos se avizinham desapercebidos:

(...)para mim, e também para Alberto, no fundo, o fascismo não era mais que a doença imprevista e inexplicável que ataca à traição o organismo saudável(...). E no entanto estávamos em erro, e que erro! O mal não tinha surgido repentinamente. Pelo contrário, vinha de muito longe.

É desse lento tomar de consciência do que o fascismo, a guerra e as alianças nazis representam para a sociedade que se compõe este livro onde, mais do que celebrar os Finzi-Contini ou condenar a barbárie, uma tristeza indefinida se espraia como um aviso que o nosso coração sempre ignora.

Eu tinha ficado aqui, e para mim, que tinha ficado, e tinha escolhido, por orgulho e aridez, uma vez mais, a solidão, nutrindo-a com vagas, nebulosas, impotentes esperanças, não havia na realidade esperança, não havia nenhuma esperança.

Do ponto sem retorno não ficamos a saber, todavia. A narrativa não está preocupada em relatar os horrores daquilo a que, com a força certa, chamamos Holocausto (um entre muitos). O Jardim dos Finzi-Contini é um longo desfiar de recordações ternas e tristes sobre um período histórico muito curto, que terá sido sentido como muito longo ou apenas efémero consoante quem o recorda; um período em que a juventude, apesar de cedo mutilada, ainda teve a oportunidade de sonhar com a justiça, a fraternidade, a liberdade e o amor.

Mas quem pode prever? Que podemos saber de nós e daquilo a que vamos ao encontro?

Como em surdina, Bassani transmite, linha a linha, a intensidade de uma época calamitosa com a qual talvez jamais (e acertadamente) façamos as pazes. Mas sobretudo, aquilo que parece pretender é que encaremos o passado imutável - comum e pessoal - como mais um passo rumo ao nosso destino.

Também as coisas morrem, meu caro. E então, se também elas têm de morrer, paciência, o melhor é deixá-las. E sobretudo tem muito mais estilo, não te parece?

blackjessamine's review against another edition

Go to review page

4.0

Quasto romanzo mi ha completamente spiazzata e folgorata. Chissà perché mi ero fatta un'idea tutta mia riguardo ai temi del romanzo, forse perché è uno di quei grandi classici i cui temi sono conosciuti da tutti, e quindi nella mia mente gli avevo inconsciamente già dato una forma, delle linee guida che mi avevano portato a pensare che si trattasse di una storia d'amore fra ragazzini (sì, nella mia mente Micòl e il narratore/Giorgio non avrebbero superato i sedici anni) travolta dalle leggi razziali e dall'orrore che ne è seguito.
Inutile dunque dire che lo stupore, quando ho scoperto quale delicatissima perla fosse in realtà questo romanzo, è stato grandissimo. E quanto in positivo sono rimasta colpita! Raramente ho letto qualcosa di così delicato, malinconico, quasi sospeso in una dimensione onirica. La scrittura di Bassani è di una sensibilità straordinaria, equilibratissima e al tempo stesso vibrante, carica di emozione.
Nell'intero romanzo riecheggia quel misto di acredine e dolcezza venato di malinconia tipico dei ricordi legati ai primi innamoramenti.
L'intero romanzo mi è sembrato una parentesi, un'oasi alienata dal resto del mondo dove il tempo pare fermarsi, dove la Storia non riesce a penetrare se non con le sue eco più lontane, una dimensione astratta dove tutto sembra convergere verso i sentimenti del protagonista narratore nei confronti di Micòl Finzi-Contini. Micòl piena di vita e di contraddizioni, animata da un lieve snobismo che forse è solo una posa, che la rende incostante e al tempo stesso adorabile, Micòl è un personaggio impossibile da dimenticare. E la sua voglia di vivere, la sua vivacità così velata di malinconia, così distorta, sembra essere proprio un'eco di quello che sarebbe accaduto di lì a poco alla comunità ebraica: in tutto il romanzo nessuno sembra davvero prestare attenzione e importanza alle leggi razziali e alle implicazioni che porteranno, quasi che distogliere lo sguardo, non dare importanza a qualcosa equivalga a rendere irreale questa cosa. Eppure Micòl, con le sue risate e i suoi scherzi, con la sua malinconia malcelata, con le sue fughe a Venezia sembra essere il personaggio più distante da una fine tragica, e al tempo stesso l'unico consapevole dell'orrore in agguato, e le sue risate appaiono improvvisamente venate di una freddezza immane, quasi servissero solo per distogliere l'attenzione dalla verità.
Le mura della dimora Finzi-Contini sembrano proteggere il giardino dal mondo esterno, dal caos della città, e così il giardino può trasformarsi in un luogo incantato, un attimo di calma prima della tempesta, dove è possibile distaccarsi dalla Storia per dare importanza solamente ai sentimenti. E di sentimenti ce ne sono tanti, e intensi, ma Bassani li descrive con una compostezza unica, senza tuttavia privarli della forza che continuano a mantenere. È incredibile come l'attenzione sia tutta posta sul rapporto fra il narratore-protagonista e Micòl, ma nonostante questo anche i personaggi secondari finiscono per essere tratteggiati in maniera egregia, pur attraverso poche frasi. Mi viene in mente Alberto, che sembra sempre restare sullo sfondo eppure la sua complessità emerge chiaramente da poche, sensibili allusioni fatte dal narratore. O ancora, la figura del padre del protagonista, che con un solo dialogo riesce ad acquisire una forza straordinaria.
Un romanzo delicatissimo, che tutti dovrebbero leggere.

silviamichienzi1995's review against another edition

Go to review page

5.0

Penso sia uno dei romanzi italiani più belli di sempre. All'inizio bisogna un po' abituarsi alla prosa meravigliosa di Bassani, perché ci sono frasi lunghe e contorte. È una lingua volutamente d'altri tempi, altra rispetto a quella comune un po' come il gergo ebraico della comunità ferrarese o come il finzicontinico di Alberto e Micol. Ritorna di continuo il tema dello spazio protettivo che isola, si tratti del mantello del padre, del muro di cinta o dell'auto al buio nella rimessa. I giovani protagonisti sono quasi tutti fuoricorso all'università, ingabbiati in un'adolescenza tardiva, anomala come l'estate di San Martino che permette loro di ritrovarsi per giocare a tennis. Che senso avrebbe d'altronde immaginarsi un futuro che non può esistere? È questo il non detto più tragico alla base del racconto. Stupendo

eleonoravasilico's review against another edition

Go to review page

emotional reflective medium-paced
  • Plot- or character-driven? Character
  • Strong character development? No
  • Loveable characters? Yes
  • Diverse cast of characters? It's complicated
  • Flaws of characters a main focus? No

4.5

vvolof's review against another edition

Go to review page

challenging emotional reflective sad medium-paced
  • Plot- or character-driven? Character
  • Strong character development? Yes
  • Loveable characters? Yes
  • Diverse cast of characters? Yes
  • Flaws of characters a main focus? Yes

4.75

fr_eddie's review against another edition

Go to review page

2.0

2,5 Più che un libro sulla seconda guerra mondiale, come mi ero aspettata dal contesto storico, ho trovato solo un'autobiografia, un racconto della vita dell'autore in quegli anni. Un po' deludente, ma mi sarebbe andato bene lo stesso. D'altronde, anche se l'autore era ebreo, la storia non pretendeva mai di essere vista come una storia sui campi di concentramento, sulla persecuzione antisemita.

Il modo di scrivere non era niente male se si toglievano, soprattutto all'inizio, alcuni periodi così pieni di subordinate che si perdeva il senso della principale. Ma, oltre questo, era abbastanza scorrevole.

L'unica cosa che veramente mi ha fatto storcere il naso è stato il protagonista. Il non accettare il no di Micòl, baciandola più volte (senza il suo consenso, con lei che non poteva neanche cacciarlo di casa perché la sua famiglia lo amava) e accusandola di stare con un altro, non riuscendo a darsi per vinto, questo mi ha fatto rivalutare il libro.
Il modo in cui tratta il personaggio di Malnate (dandogli buca per poi guardarlo da lontano, non rispondendogli a telefono o alle lettere) non mi è piaciuto per niente, e quando l'ha accusato di avere una relazione con Micòl, senza uno straccio di prova se non contiamo la sua paranoia e il suo egocentrismo, lì ero contenta di essere arrivata alla fine perché non lo avrei sopportato una pagina ancora.

Lo consiglierei? No. Ma forse sono io che non l'ho capito appieno.

ariannatavaglione's review against another edition

Go to review page

emotional sad fast-paced

5.0

averypaige's review against another edition

Go to review page

dark emotional mysterious reflective sad medium-paced
  • Plot- or character-driven? Character
  • Strong character development? No
  • Loveable characters? Yes
  • Diverse cast of characters? It's complicated
  • Flaws of characters a main focus? It's complicated

4.0

saraaaa's review

Go to review page

dark reflective medium-paced
  • Loveable characters? No
  • Flaws of characters a main focus? Yes

4.25

When I first approached this book, I expected a historical family saga ending in tragedy; however, it developed into a doomed love story, though still deeply immersed and interlinked with the 1930s Italy setting and the social consequences of the Italian racial laws on the Jewish protagonists. There's a lingering sense of doom every time the future is mentioned – be it projects for the coming year, exams a few months later, even the weather changing with the season. The reader can't but think – they won't get there; they will have been dead by then. That's what genocide is – ordinary lives, wiped out systematically. You know it'll happen, because it's no tragedy: it's a program, with set dates and objectives. The lightness with which even the victims take the racial laws and their implications puts today's political climate in an even scarier perspective.
The novel incarnates the will, or rather, the need to put down on paper the memories of a past, of a micro-culture, of a personal universe that has been wiped out of and by History, and that only survives in said memories; and the author does this very well, as never once I got the impression that the narrator was creating fictitious details to enrich the story, as it often happens when a novel is introduced by a narrator that chose to take a walk on memory lane.
The writing style was quite different from what I'm used to enjoy, especially in that it used very long periods which often took up more than half a page. Still, the short chapters really helped with quick reading. Finally, I really appreciated the very frequent references to other authors and works of literature – from Melville to Manzoni, from Gramsci to Stendhal. Had I more time, it would've been very interesting to see how they interacted with the text on an intertextual level!

Expand filter menu Content Warnings

between_the_clouds's review against another edition

Go to review page

dark emotional informative reflective slow-paced
  • Plot- or character-driven? A mix
  • Strong character development? It's complicated
  • Loveable characters? It's complicated
  • Diverse cast of characters? Yes
  • Flaws of characters a main focus? It's complicated

3.0

Le vicende narrate si collocano negli anni in cui venivano emanate le leggi razziali e, nonostante riconosca il valore dell’opera di Bassani , che sicuramente si colloca in quel filone letterario di denuncia delle atrocità fasciste nei confronti degli ebrei, il libro non mi ha coinvolto e l’ho trovato , in alcune parti faticoso da leggere per lo stile complesso e a tratti davvero poco scorrevole. Le parti in cui ho apprezzato di lo stile dettagliato sono quelle in cui l’autore descrive là città di Ferrara, le sue strade, i suoi vicoli e le mura di cinta.
Da leggere per scoprire che c’è sempre un “oltre il muro”. Per quanto si possa scansare la realtà, nasconderla, celarla in un mondo favolistico, ritorna a bussare alla propria porta. Attualissimo per ricordare o riaggiornare il nostro mondo odierno sulla deriva dei totalitarismi.