janapbianchi's reviews
223 reviews

O Demonologista by Claudia Guimarães, Andrew Pyper

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4.0

A minha expectativa sobre esse livro oscilou a cada resenha que lia. No fim, porém, minha expectativa inicial - bem alta - foi atendida. Mas confesso que parte dessa minha satisfação com o livro foi influenciada pelas resenhas negativas que li, que apontaram que o livro não tinha altas doses de horror como a capa e o título sugerem. Realmente, o livro tem algumas passagens assustadoras, mas esse não é o forte do livro. Por outro lado, porém, a escrita de Andrew Pyper é muito boa, cheia se subcamas que me agradaram muito. O livro é relativamente curto, mas ainda assim, adorei a capacidade do autor de inserir uma frase de efeito muito bem colocada a cada parágrafo. Parece que tudo está no lugar, gostei mesmo. O enredo também me agradou bastante pela falta de pretensão de mostrar uma jornada pela salvação do mundo. O enredo é localizado no problema e nos dramas do próprio protagonista e de quem o cerca. Só o fim que é um tanto esquisito, corrido, um pouco inverossímel se a boa verosimilhança do restante do livro for considerada. Recomendo muito o livro, sempre com a ressalva de que o livro é mais um drama sobrenatural do que um livro de horror cheio de possessões demoníacas (mas as cenas de possessão dão um medinho, sim... Hehehehe...)
Limbo by Thiago d'Evecque

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4.0

Limbo é uma fantasia sombria escrita por Thiago D’Evecque. Foi publicada pelo autor de maneira independente em 2015, apenas na versão digital, pela plataforma KDP da Amazon (até o momento dessa resenha).

Conheci Limbo através de um contato do próprio autor com o Clube de Autores de Fantasia. E, no momento que que vi a capa, li a sinopse e conversei melhor com o Thiago, já criei altas expectativas: além do plot ser muito promissor, o cuidado com a obra — que é independente, mas tem cara de livro de editora do início ao fim — já inspira a disposição do autor de investir no projeto. E isso, pra mim, é um ótimo sinal e um diferencial.
E, felizmente, posso dizer que minhas expectativas não foram frustradas.

Pra começar, o livro é extremamente bem escrito. Dá pra ver que o Thiago é um escritor experimentado, mesmo que essa seja sua primeira publicação (o que me leva a perguntar por que não temos mais coisas publicadas por aí, ou notícias sobre próximas publicações). As descrições são na medida, o vocabulário é rico (mas não rebuscado a ponto de ser chato) e o ritmo é muito agradável.

Aliás, o ritmo do livro é uma das coisas que o torna muito peculiar: acompanhamos uma história completamente linear, composta por etapas que — embora interligadas — não interferem uma nas outras. De certo modo, Não tinha feito essa associação a princípio, mas ouvi outras opiniões sobre o livro e concordo plenamente com quem afirma que o livro tem jeitão de jogo e video game: vamos, através do ponto de vista do protagonista, avançando fase a fase da história.

Falando na história, ela é bastante peculiar também. Acompanhamos o protagonista — uma alma anônima despertada de seu descanso supostamente eterno no Limbo — durante a saga para cumprimento de uma missão: arrebanhar 12 almas específicas que retornarão à terra para salvar a humanidade, que está se destruindo.

Assim, enquanto vai recobrando a consciência e as lembranças dos acontecimentos prévios ao seu adormecimento, vemos o personagem principal buscando no Limbo a alma de humanos notáveis, cada qual por sua principal virtude em vida — virtudes que, disseminadas e aplicadas entre os humanos, deverão ajudar na salvação da humanidade.

As almas escolhidas viveram na terra (ou em suas contrapartidas celestiais, no caso de algumas divindades) em diferentes épocas e regiões do mundo. Capítulo a capítulo, acompanhamos a abordagem do protaginsta a Azazel (um anjo ferreiro), Tomoe Gozen (uma guerreira japonesa), Roland (paladino lendário), Sherazade (rainha persa conhecida por seu podem de contar histórias), Finn Mac Cumhail (guerreiro mitológico irlandês), Os Oito Imortais Chineses (figuras mitológicas chinesas), Baldur (deus nórdico), Eleos (divindade grega), Tabadiku (rei mitológico indonésio), Oshun (oxirá do amor) e Artur (o famoso rei celta). O que achei bem legal nesse tipo de formato do enredo é que cada capítulo ganhou atmosfera própria à medida que os cenários descritos pelo autor correspondem à pré-existência da alma — logo no início do livro, o autor explica que o Limbo assume, para cada alma, a aparência que determinada alma esperava para sua além-vida. E isso, além de ser super divertido, acentua ainda mais aquela ideia de fase de jogo de video game.

Ah, vale dizer que todos os personagens são muito bem construídos. Embora baseados quase todos em personagens já existentes no imaginário popular (inclusive o protagonista, que acaba descobrindo/revelando sua identidade em uma reviravolta nada previsível), Thiago inseriu vários aspectos e características novas para cada um deles, o que me deixou com aquele gostinho (que eu acho bom) de “até onde isso já existe ou é novo?”. O personagem mais divertido, apesar de ser o mais odiável, é Cacá, um espírito de um antigo deus (referências mil) que está preso à espada que Azazel forja para o protagonista logo no começo da história.

Outra coisa que me divertiu demais no livro foi o alívio cômico. O livro, em si, tem um tom bem reflexivo, um tanto filosófico, à medida que as virtudes procuradas em cada um dos 12 guerreiros são destrinchadas em textos de se fazer pensar. Porém, o humor está sempre presente no livro, o que faz com que o teor principal da história esteja bem longe de ser enfadonho. Assim, enquanto em uma página você lê trechos lindos como “Porque nomes têm poder, e eu tirei o dele. Dar nome é dar vida” e “Alguém que sobreviveu por mil e uma noites usando a voz que contou histórias até derreter um bloco de rancor para chover amor” e se depara com construções cuidadosas como “Chuva não passa de uma figura passageira, uma vírgula no livro sempre sendo escrito sobre o sol” e “O tempo, por não saber fazer outa coisa, passou”, você também encontra trechos como “O Ancião, em uma fúria de osteoporose, veio deslizando pelo chão e me aplicou uma rasteira” e “Era magro e bem alto, com mais de dois metros de altura. E tinha cara de bunda. Não sei como descrevê-lo melhor”. Confesso que ri alto em alguns momentos... Hehehe...

Ah, uma outra coisa super legal do Limbo é uma coisa que o próprio Thiago comenta nas notas finais: o livro é cheio de referências do que o autor gosta. Eu nunca joguei muito video game, então eu acredito que deixei muita referência passar. Porém, fiquei com aquele sorriso besta no rosto ao me deparar com coisas como “E você veio atrás de um bastardo? Bastardos não sabem de nada” e “’Rei Bambu? Aquele vil selvagem foi um rei?’ ‘Sim’. ‘E o bambu?’”.

Em resumo, Limbo é uma leitura muito divertida e muito bem escrita.

O principal defeito do livro, pra mim, é na realidade um ponto positivo: fiquei com vontade de saber mais sobre o enredo, antes e depois do ponto no qual se inicia a história. Fiquei com vontade de conhecer mais o passado do protagonista depois que sua identidade é revelada e, principalmente, fiquei com MUITA vontade de ter vislumbres de como atuaram as almas enviadas para a terra. Daria tudo pra ler a história das doze almas reencarnando em crianças ao redor do mundo e depois crescendo para agirem, cada qual de seu modo, na mudança do mundo. Thiago, fica a dica. :D
Por fim, recomendo a todo mundo a leitura das notas ao final do livro, onde Thiago — de uma maneira muito bem humorada — comenta sobre seu processo criativo e apresenta pequenos apêndices sobre cada personagem que compõe a história.

Tenho certeza que ainda vamos escutar falar do Thiago por aí. E, ouso arriscar, em papos, reportagens e entrevistas cheios de elogios e gargalhadas.
Ouro, Fogo & Megabytes by Felipe Castilho

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4.0

Ouro, Fogo e Megabytes me agradou bastante!

O estilo da narrativa é bem marcado e bastante original. As piadas, em geral, foram bem inseridas e naturais, ri bastante com algumas referências à cultura pop. Achei a "brasilidade" bem inserida também: além de várias referências diretas à nossa cultura, o dia a dia na Organização é descrito de forma bem verossímil, com inserções naturais de coisas brasileiras. Também vale dizer que o cenário da cidade de São Paulo é usado lindamente! Igualmente interessante é a ambientação na cidadezinha do interior onde vive Anderson.

Embora classifique o livro como 4, tenho algumas ressalvas particulares sobre a experiência geral: primeiro, achei o enredo principal meio mirabolante (cheio de idas e vindas e de acontecimentos meio megalomaníacos rsrs)... Também achei que algumas lições sobre meio ambiente e moral foram inseridas de forma um pouco explícita demais, às vezes quebrando o ritmo da narrativa com alguns diálogos meio irreais, colocados ali unicamente para contar o passado de alguns personagens ou para reforçar algumas mensagens do livro. Foi algo que relevei tranquilamente por entender a importância de falar sobre alguns assuntos com o público jovem, mas particularmente acho que alguns trechinhos poderiam ter sido mais sutis. Acho que muitos dos pontos que não me agradaram muito passam desapercebidos - ou mesmo agradaram - para o público alvo do livro, o jovem, então acho que a nota 4 é bem justa. :)

Por último, achei que a magia no livro é bastante deliberada - mas não classificaria esse ponto como negativo, já que é uma opinião estritamente pessoal. É o tipo de magia que se encontra em Harry Potter, por exemplo, e embora não seja a minha abordagem preferida da fantasia, é consistente e bem construída, como a do mundo do bruxinho. Vale dizer que o uso do folclore brasileiro de forma bem pouco convencional - capelobos vestidos de guarda-costas, mães d'ouro usadas como artifício na corrida do ouro e mãos-peladas abandonados em terrenos baldios - valeu muitos pontos e valorizou bastante a experiência geral da leitura.

Os volumes 2 e 3 já estão na minha lista de próximas leituras e, daqui em diante, Ouro, Fogo & Megabytes está na minha lista de livros para presentear jovens leitores!
A Ilha dos Dissidentes by Bárbara Morais

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3.0

Ain, me decepcionei um pouco com o livro, tinha expectativas maiores! :(

Até a metade do livro fiquei esperando aparecer "aquilo" a mais. Porém, no fim, o livro - que é super bem escrito, em dúvida - acabou caindo no meu rol de "mais do mesmo", uma mistura de Wild Cards com Jogos Vorazes sem nenhum diferencial realmente empolgante.

De pontos realmente negativos, na minha opinião, está só o fato dos personagens serem todos meio planos, meio genéricos. A protagonista e sua turminha é um pouco mais desenvolvida, mas todos os outros personagens secundários são todos bem similares e, curiosamente, todos inspiraram em mim certa falta de confiança: todos os personagens secundários têm jeito de que poderiam trair a protagonista a qualquer instante. Todos tem um jeitinho meio fake, meio fajuto... Não sei se é proposital e terá alguma influência na trama da série (e eles são mesmo traidores e tal) ou se é algo decorrente do pouco aprofundamento neles mesmo, mas de todo modo a sensação foi ruim.

De resto, tudo é uma questão de opinião. Achei despropositada a ambientação meio vaga através da troca do nome dos países e territórios do nosso mundo real, algo que me incomodou muito na Panem de Jogos Vorazes - teria preferido que a autora usasse os nomes dos territórios "reais". Também achei muito jogada a explicação de porque justamente a protagonista, dentre tantos personagens, foi escolhida para a missão (o poder dela é bem bobinho e ela mal tinha entrado na escola, não acho que o treinamento militar prévio dela seria tão notório). Também achei muito confuso o plot, com várias instituições e países uns contra os outros... No fim do livro não tinha identificado o inimigo real ainda (e os amigos, inclusive), e isso me incomodou. Por fim, achei muito clichê - e muito Jogos Vorazes - o fato da protagonista comprar a segurança dos amigos em troca de ser usada "propaganda" (mesmo porque, ao contrário de Jogos Vorazes, no livro a Sybil não é ninguém especial, não consigo nem entender porque a imagem dela seria tão valiosa).

Como pontos positivos do livro eu citaria a inclusão de algumas mensagens meio subliminares baseada no paralelo com a história mundial - por exemplo, a separação dos anômalos em "guetos" e a repulsão que a população comum tem em relação a eles depois de uma lavagem cerebral do governo, em um paralelo com a campanha anti-semita dos nazistas - e também o ritmo, que é bem acelerado. O ritmo, inclusive, é o que deve conquistar os jovens leitores, especialmente durante o desenrolar da missão. Também achei legal a premissa de se estudar os anômalos em busca de sua cura (se é que esse mesmo o objetivo das pesquisas).

Como é o primeiro livro da Barbara, pretendo ler os outros dois livros da trilogia em breve porque acredito que alguns pontos que me incomodaram possam ter sido corrigidos ou mesmo justificados na continuação da saga. Além disso, embora não tenha adorado a leitura, não foi penoso terminar o livro e nada no livro me repeliu imediatamente. Também indicarei o livro para jovens leitores que curtam distopias, por conta dos pontos positivos que citei.
Rani e o Sino da Divisão by Jim Anotsu

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5.0

Sensacional!

O tom da narrativa é bastante particular, original e divertidíssimo, o plot é bem estruturado e os personagens são muito bem construídos! Destaque infinito pra Rani, que é uma protagonista apaixonante! Insegura como toda adolescente, mas ao mesmo tempo super dona de si, super inteligente e bastante real. A Rani é a filha adolescente que eu amaria ter! :)

Ri alto várias vezes enquanto lia o livro, em nenhum momento senti as piadas ou referências à cultura pop forçadas no meio da narrativa. Inclusive, achei legal o bom humor inerente à própria Rani, com algumas expressões e pensamentos de fazer rachar o bico!

Uma coisa que me fez gostar ainda mais do livro foi a abordagem dos pequenos dramas adolescentes em paralelo à grandiosa missão de salvar o mundo e tal. Embora essa seja uma constante em livros juvenis, achei o equilíbrio particularmente legal no Rani. Algumas conversas e diálogos mais profundos me tocaram muito, imagino que deve ser mágico pra um adolescente ler o livro enquanto passa por alguns dos mesmos dramas que a Rani.

Outra coisa que achei legal é o alto "nível intelectual" do livro (se é que isso existe): além de referências mais jogadas à cultura pop, o livro comenta diretamente sobre livros, personalidades e músicas que, certamente, vão puxar o jovem leitor a querer saber mais sobre o assunto.

Não consegui achar NADA no livro que não me agradou. Nada mesmo, parece que cada uma das coisas esteve onde deveria estar.

Amaria ler mais sobre a Rani e os Animais de Festa. Não me cansaria de me aventurar com ela através de sua trilha xamã. Espero que saiam novos livros da Rani no futuro! :)
Navio Dragão by Rebeca Prado

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4.0

As artes são simplesmente MARAVILHOSAS. A aquarela é linda, as expressões dos personagens são geniais... Sei que o princípio da tira são pequenas piadinhas curtas, mas não adianta: meu eu leitor clama por tirinhas mais longas e mais elaboradas com essas personagens mais lindas... :)
O Outro Lado da Cidade by Vinícius Lisboa, Lena Rodrigues, Mary C. Müller, J.M. Beraldo, Taissa Reis, Bárbara Morais, Lucas Zanenga, Joriam Philipe, Lucas Rocha, Roberta Spindler, Ana Cristina Rodrigues, Rodrigo van Kampen

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3.0

Uma ótima coletânea de fantasia urbana. Achei a qualidade dos contos bastante estável - todos os contos, sem exceção, são extremamente bem escritos. Achei que, particularmente, o termo "fantasia urbana" foi abordado de uma maneira um pouco ampla demais, com alguns contos se encaixando mais em fantasia sobrenatural ou weird fantasy do que em fantasia urbana em si. Não que a definição do termo seja importante, mas a minha expectativa era ler mais contos com a pegada Neil Gaiman e China Miéville da vida.

Não a toa, os contos que mais gostei no livro são os dois que melhor se encaixam na minha interpretação particular de fantasia urbana: o conto "João Anticristo"e o conto "Sem Troco". Ambos são MUITO bem escritos e me deixaram querendo mais. O primeiro, apesar de a princípio parecer ter um tema meio batido (anjos na cidade), tem um enredo tão legal que fiquei desejando um romance ou mais contos com a mesma ambientação. Ainda tem o bônus de se passar na minha cidade, Campinas, e de ter ótimos personagens como Keyssa e a Princesa. O segundo é um primor, sensível e direto ao mesmo tempo, daqueles que você fica com vontade de ter escrito. A ideia principal do conto é genial! E confesso que quase chorei no final. :/

Ah, vale dizer que o último conto, o "O Estranho da Meia Noite" - embora tenha sido um dos que achei não atender inteiramente meu conceito pessoal de fantasia urbana - me deixou morrendo de medo! Eu sou meio medrosa, mas achei bem amedrontador, com a tensão bem construída.
Imaginarium: Contos Fantásticos by William Wagner Westphal, Cassy Deschamps, Luciano Nunes, J.P. Tarcio Jr., Isabelle Dutra Bissoli, Alexandre Winck, Davi Paiva, Vinícius Arré, Lucas Vhinevér, L.A. Nuñes, Fabian Way, Mário Resmin Jr., Beatriz Bargo, Lívia Gurgel, Alex Mir, Balthazaar Pacco, Osmar Carvalho, Daniele A. Costa, Paola Siviero, Luá Liz, Andrea Bertoldo, Renan Santos, Giovana Shammass

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3.0

A qualidade dos contos oscila muito: há contos regulares, contos muito bons e contos que deixam a desejar, tanto no plot quanto na execução. Como os contos são bem curtos, o livro traz uma grande quantidade de contos (minicontos, talvez) de gêneros e estilos bem diferentes, o que torna a leitura mais interessante. Mas acredito que uma coletânea de menos contos, mais extensos, talvez se saísse melhor na tentativa de reunir bons contos de fantasia de novos autores brasileiros.
Réquiem para a Liberdade by Thiago Lee

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4.0

Uma ótima estreia para um autor iniciante!

O livro é muito bem escrito, com uma trama que flui super bem apesar da alternância entre a narrativa do presente e os flashbacks do passado do protagonista (uma estrutura que me agradou bastante, aliás). O plot é simples e claro - o livro é curto, sem excessos e enrolações - e traz uma mensagem muito interessante por trás, sobre os diversos tipos de liberdade e sobre como a servidão e a submissão podem se tornar corriqueiras.

Uma coisa super interessante do universo é que a ambientação é medieval, mas foge dos cenários típicos ingleses. Ao invés disso, faz mais referências - pelos nomes e caracterização dos personagens e cenários - à cultura latina e ibérica. Isso fez um contraponto interessante com a escravidão dos nagôs, que fazem alusão aos africanos.

Pessoalmente, achei que o livro podia ter um pouco mais de fantasia. Acho que isso é mais um problema relacionado à minha expectativa com o livro do que do livro em si: a sinopse não promete nada, mas a capa e o fato do livro se passar em um universo que não é o nosso automaticamente me fez esperar toques fantásticos no livro. Em dado momento é apresentada uma espécie de técnica de batalha que pode até ser considerada fantástica, mas eu gostaria de ver mais devaneios. :)
A Mão Esquerda da Escuridão by Ursula K. Le Guin

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5.0

Eu tinha altas expectativas com o livro, mas pela premissa - homem procura acordo diplomático em um planeta invernal - achei que ia ser meio maçante. De fato o primeiro terço do livro tem algumas passagens mais lentas, mas curti muito a viagem de Genly Ai e Estraven pelo continente. É altamente sentimental (pra mim foi bem tocante, pelo menos) e a cultura de Inverno é incrível. A abordagem da identidade de gênero também é muito legal, ainda mais considerando que o livro é da década de 60. Confesso que fiquei meio perdida no meio de tantos nomes e termos e geografias, mas acho que isso é mais falha minha do que do livro. E, no fim, a maior lição foi descobrir que minha própria mente, apesar das tentativas de abertura, ainda se apega muito aos gêneros: durante todo o livro, imaginei todos os personagens como homens que, eventualmente, ficavam mais femininos. Obrigada, Ursula, vou retrabalhar isso. ;)